Dar milho aos autarcas

Portugal continental vai de Melgaço ao cabo de Santa Maria, no Algarve, numa extensão máxima de 561 quilómetros de comprimento.

Portugal continental vai de Melgaço ao cabo de Santa Maria, no Algarve, numa extensão máxima de 561 quilómetros de comprimento.

Este nosso retângulo tem depois pouco mais de 200 quilómetros de largura, se formos do Atlântico pelo bocado mais largo, a norte, a par com o Douro, até Espanha; – descontando os arquipélagos, somos do tamanho do estado brasileiro de Pernambuco. Serve isto para recordar aquela coisa, volta e meia tão desejada, que é a "transferência de competências do Estado para os órgãos mais próximos das pessoas" - chavão que alguns aplaudem como os bêbados aplaudem as garrafas. 

Quase vinte anos depois do referendo sobre a regionalização e meses após ter aprovado com o PCP a possibilidade de os autarcas não terem de prestar contas pelo dinheiro mal gasto, o governo de Costa prepara a Lei Quadro de Transferências de Competências para as Autarquias Locais e para as Entidades Intermunicipais; lei que tresanda a regionalização, que é milho no papo do cacique, aquela espécie que nunca está em vias de extinção desde que haja autárquicas no horizonte, poleiro e euros para gastar.

Por Fernanda Cachão|00:30
Correio da Manhã