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Entretidos e entorpecidos
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Entretidos e entorpecidos
Está na hora de delinearmos uma estratégia para apoiar apenas, e sem reservas, os setores onde somos ou poderemos ser realmente competitivos.
Entretidos com os folhetins Trump, TSU, Novo Banco, CGD e entorpecidos com uma aparente reposição de rendimentos, os portugueses continuam numa complacência de princípios que, a prazo, os fará incorrer em novo período de subjugação, imposta por quem financia(ou) parte do nosso modo de vida – isto se nada for feito.
O sucesso de Marcelo Rebelo de Sousa em “cicatrizar feridas” e promover a paz social prova que o falhanço do governo anterior não foi apenas no conteúdo das políticas de talhante sem nexo, mas também na forma. Contudo, esse repúdio pelo passado levou a que uma perigosa complacência se tenha instalado. Não se questiona o importante, o que é mais correcto, e mesmo que se admitam erros, o confronto de ideias termina quase sempre num “sempre é melhor que o anterior”.
O problema é que Portugal não tem futuro com um simples “não é tão mau”. E se bem que o Governo tenha atingido o menor deficit dos últimos 40 anos, é preciso ter em mente que tal foi alcançado com extras. Sem eles o deficit teria sido similar ao de 2015, sem o impacto do Banif.
Estando Portugal dependente de outros para o seu financiamento, a estratégia não pode passar por fazer os mínimos, mas sim por corrigir os desequilíbrios para um ponto de segurança. Algo que muitos afectos à Geringonça parecem não querer perceber. O mundo real é diferente do mundo dos livros, os imprevistos acontecem.
Ora, o facto de se levar 30 anos para reduzir a dívida para valores sustentáveis, coloca Portugal na rota de pelo menos duas crises económicas potenciais e qualquer uma delas pode aumentar drasticamente o endividamento público, como aconteceu recentemente. É por isso que o objectivo deve ser o deficit nulo ou superavit até esse excesso de dívida ser removido, ou passaremos mais um século de mão estendida àqueles que entenderam a tempo que quanto mais fortes entrarem numa crise, mais fortes sairão dela.
Os defensores do serviço mínimo no deficit advogam que melhorar as contas só à custa de enormes restrições do estado social, como se isso fosse obrigatório. Suécia, Suíça e Alemanha são apenas alguns dos países com um bom estado social que, no entanto, atingem superavit.
Para o conseguir Portugal tem de ser mais competitivo. Não é produzir mais, mas melhor. Só com maior valor acrescentado conseguiremos ter mais rendimento e melhor qualidade de vida. Em 2011, num dos estudos de suporte para o programa de assistência financeira a Portugal, o retrato das nossas exportações foi feito. Exportações com baixo grau tecnológico, associadas a baixo valor acrescentado, com elevado grau de utilização de matérias-primas e mão-de-obra intensiva, focadas em sectores de baixo crescimento. Queremos milagres com isto?
Mudou algo entretanto? Não! Nos produtos exportados, continuam a dominar os sectores onde não temos qualquer competitividade relativa: o sector da maquinaria pesa quase cinco vezes mais em valor exportado relativamente ao calçado, apesar de Portugal ser dez vezes mais competitivo neste último sector.
Este é apenas um dos exemplos dos muitos erros que continuam a ser cometidos, apoiar sectores onde não temos competitividade relativa e como consequência temos de pagar baixos ordenados para tentar competir.
Resumindo, está na hora de nos deixarmos de propagandismo barato e de apoiar a criação de postos de trabalho onde as empresas não poderão pagar acima da média. Está na hora de delinearmos uma estratégia para apoiar apenas, e sem reservas, os sectores onde somos ou poderemos ser realmente competitivos, pagando bem aos trabalhadores, gerando com isso receitas sustentáveis para pagar a dívida e o estado social.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Marco Silva, Financeiro
00:08
Jornal Económico
Entretidos com os folhetins Trump, TSU, Novo Banco, CGD e entorpecidos com uma aparente reposição de rendimentos, os portugueses continuam numa complacência de princípios que, a prazo, os fará incorrer em novo período de subjugação, imposta por quem financia(ou) parte do nosso modo de vida – isto se nada for feito.
O sucesso de Marcelo Rebelo de Sousa em “cicatrizar feridas” e promover a paz social prova que o falhanço do governo anterior não foi apenas no conteúdo das políticas de talhante sem nexo, mas também na forma. Contudo, esse repúdio pelo passado levou a que uma perigosa complacência se tenha instalado. Não se questiona o importante, o que é mais correcto, e mesmo que se admitam erros, o confronto de ideias termina quase sempre num “sempre é melhor que o anterior”.
O problema é que Portugal não tem futuro com um simples “não é tão mau”. E se bem que o Governo tenha atingido o menor deficit dos últimos 40 anos, é preciso ter em mente que tal foi alcançado com extras. Sem eles o deficit teria sido similar ao de 2015, sem o impacto do Banif.
Estando Portugal dependente de outros para o seu financiamento, a estratégia não pode passar por fazer os mínimos, mas sim por corrigir os desequilíbrios para um ponto de segurança. Algo que muitos afectos à Geringonça parecem não querer perceber. O mundo real é diferente do mundo dos livros, os imprevistos acontecem.
Ora, o facto de se levar 30 anos para reduzir a dívida para valores sustentáveis, coloca Portugal na rota de pelo menos duas crises económicas potenciais e qualquer uma delas pode aumentar drasticamente o endividamento público, como aconteceu recentemente. É por isso que o objectivo deve ser o deficit nulo ou superavit até esse excesso de dívida ser removido, ou passaremos mais um século de mão estendida àqueles que entenderam a tempo que quanto mais fortes entrarem numa crise, mais fortes sairão dela.
Os defensores do serviço mínimo no deficit advogam que melhorar as contas só à custa de enormes restrições do estado social, como se isso fosse obrigatório. Suécia, Suíça e Alemanha são apenas alguns dos países com um bom estado social que, no entanto, atingem superavit.
Para o conseguir Portugal tem de ser mais competitivo. Não é produzir mais, mas melhor. Só com maior valor acrescentado conseguiremos ter mais rendimento e melhor qualidade de vida. Em 2011, num dos estudos de suporte para o programa de assistência financeira a Portugal, o retrato das nossas exportações foi feito. Exportações com baixo grau tecnológico, associadas a baixo valor acrescentado, com elevado grau de utilização de matérias-primas e mão-de-obra intensiva, focadas em sectores de baixo crescimento. Queremos milagres com isto?
Mudou algo entretanto? Não! Nos produtos exportados, continuam a dominar os sectores onde não temos qualquer competitividade relativa: o sector da maquinaria pesa quase cinco vezes mais em valor exportado relativamente ao calçado, apesar de Portugal ser dez vezes mais competitivo neste último sector.
Este é apenas um dos exemplos dos muitos erros que continuam a ser cometidos, apoiar sectores onde não temos competitividade relativa e como consequência temos de pagar baixos ordenados para tentar competir.
Resumindo, está na hora de nos deixarmos de propagandismo barato e de apoiar a criação de postos de trabalho onde as empresas não poderão pagar acima da média. Está na hora de delinearmos uma estratégia para apoiar apenas, e sem reservas, os sectores onde somos ou poderemos ser realmente competitivos, pagando bem aos trabalhadores, gerando com isso receitas sustentáveis para pagar a dívida e o estado social.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Marco Silva, Financeiro
00:08
Jornal Económico
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