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Macau, foco de oportunidades de triangulação China-Portugal-Países de língua portuguesa
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Macau, foco de oportunidades de triangulação China-Portugal-Países de língua portuguesa
Macau reúne condições para vir a tornar-se um ponto focal para a cooperação triangular entre a China e Portugal e países de língua portuguesa, na qual as autoridades portuguesas e chinesas manifestam estar apostadas.
Na conferência “Macau – Uma Ponte na Relação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, terça-feira em Lisboa, Nie Quan, conselheiro político da Embaixada da China em Lisboa, afirmou que a cooperação económica, um dos “cinco pilares” da “ponte” da Região Administrativa Especial, “já não se limita aos aspectos bilaterais”, estando-se a iniciar “projectos trilaterais.”
“Este mundo é cheio de incertezas, mas temos a certeza de que Macau tem estado a desempenhar um papel fundamental na aceleração das relações económicas entre a China e os países de língua portuguesa”, afirmou o diplomata chinês, ele próprio antigo residente em Macau.
Além do crescimento das relações económicas e comerciais, adiantou, a “ponte” de Macau sustenta-se nas suas características particulares: território bilingue, posição geográfica privilegiada, infra-estruturas e ambiente para o comércio, além dos laços históricos e culturais multisseculares com os países de língua portuguesa.
Outros pilares, adiantou Quan, são o reconhecimento do seu papel pelos países de língua portuguesa e o “apoio firme” do governo central da China ao papel de Macau relacionado com os países de língua portuguesa, apoiado com medidas específicas aprovadas nas conferências ministeriais do Fórum de Macau.
O último pilar é a própria “necessidade” de Macau diversificar a sua economia que, combinada com a “missão” conferida pelo governo central, cria as condições para que se tire o máximo partido da oportunidade criada.
Fernanda Ilhéu, investigadora do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e coordenadora da China Logus (núcleo de consultoria do Centro de Estudos de Gestão do ISEG), salientou que Macau vai passar a albergar as instituições gestoras dos fundos da China para os países de língua portuguesa, o que pode ser benéfico para todas as partes, acentuando as oportunidades de cooperação triangular, numa altura em que começam a chegar ao terreno os investimentos da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota.”
“Acho que todos nós queremos estar em conjunto com a China nesta faixa e nesta rota e para isso precisávamos que Macau tivesse um papel ainda mais activo, no relacionamento e conhecimento”, afirmou a investigadora.
Severino Cabral, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico (IBECAP), disse que a actual conjuntura traz também a oportunidade para que “Portugal ressurja”, tirando partido do “protagonismo pela relação especial com o universo chinês, através de Macau.”
“Macau, ao ser criado dentro desse conceito extraordinário de um país, dois sistemas, manteve o português como língua oficial (…) simboliza a criação do universo de língua e cultura chinesa e língua e cultura de língua portuguesa”, presente em vários continente, disse o académico brasileiro.
A conferência de um dia, de que a MacauHub foi parceiro de comunicação social, contou com a presença de responsáveis do sector financeiro, nomeadamente Pedro Cardoso do Banco Nacional Ultramarino, além de responsáveis do Banco Santander Totta, BCP Capital, Fosun, Energias de Portugal, Redes Energéticas Nacionais e Porto de Sines.
O encerramento esteve a cargo do Presidente da República português, que antecipou que 2017 pode vir a ser “um ano particularmente significativo no aprofundamento de relações” entre Portugal e a China, e que a aproximação chinesa é benéfica para a União Europeia.
“Tudo indica que é de esperar nos próximos anos um aprofundamento nas relações entre esse mundo e a China. E Portugal – presente nas três comunidades [União Europeia, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e comunidade ibero-americana] – será um protagonista activo e importante nesse relacionamento”, disse.
“Só que o mundo é feito de adições, não de subtracções. Trata-se de adicionar novos vectores estratégicos. Portugal não está a descobrir a China pela primeira vez. Macau assim o demonstra”, adiantou o chefe de Estado português.
2017/02/23
Macau Hub
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