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Carne e osso
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Carne e osso
Por não ter sido assim há tanto tempo quanto isso, lembro-me como se hoje mesmo fosse. A 5 de dezembro, o Governo pátrio, de uma penada, mandou a Beja dois ministros de carne e osso para relembrar aos indígenas que estes, os indígenas, e as suas terras nunca seriam esquecidos pelo presente executivo governamental. Prova de tão sentido envolvimento e de tão abnegado compromisso estava na leitura, em primeira mão, de um Programa Nacional para a Coesão Territorial que havia sido redigido com base nas auscultações feitas durante os seis meses anteriores por uma Unidade de Missão para a Valorização do Interior. “Coesão territorial” e “valorização do interior”.
Numa região onde a vara da demografia já não pode dobrar mais se não quebra e onde os índices de desenvolvimento estão mais em sintonia com África do que propriamente com a Europa, ministros (no plural) a falarem com despudor em “coesão territorial” e em “valorização do interior” foi obra. Mas quando os trolhas de serviço à talocha dos ministérios começaram a jogar a massa à parede, depressa se percebeu que a obra era macaca. Tão macaca ou tão pouco que nenhuma das iniciativas setoriais desenvolvidas ao abrigo deste plano salvador do interior contemplou, até hoje, o Baixo Alentejo. Nenhuma e o que é zero, é mesmo zero. Ainda nos últimos dias veio a público uma notícia proveniente do Ministério do Planeamento e Infraestruturas, com direito a mapa e tudo, onde o responsável da dita pasta fazia anúncio de 102 milhões de euros (capazes de gerar 180 milhões) para investimentos em acessos e melhorias nos parques de negócios, parques industriais ou parques empresariais, como se lhes queira chamar.
A este respeito disse o ministro o seguinte: “É um investimento muito objetivado e focado, de proximidade e de fomento da coesão territorial”. A este respeito não disse o ministro o seguinte: apenas uma das 12 intervenções previstas no Programa de Valorização das Áreas Empresariais está localizada a Sul do Tejo (melhoria de acessibilidades à zona industrial de Campo Maior). Todos os parques empresarias na área de influência de Alqueva foram, uma vez mais, esquecidos assim como preterido foi o parque de indústrias afeto ao aeroporto de Beja. Bem sei que começa a ser aborrecido estar sempre a bater no ceguinho, mas por não ter sido assim há tanto tempo quanto isso, ainda me lembro como se hoje mesmo fosse que vieram a Beja dois ministros de carne osso (dois) pregar sobre a valorização do interior.
28-02-2017 9:30:52
Paulo Barriga
Diário do Alentejo
Numa região onde a vara da demografia já não pode dobrar mais se não quebra e onde os índices de desenvolvimento estão mais em sintonia com África do que propriamente com a Europa, ministros (no plural) a falarem com despudor em “coesão territorial” e em “valorização do interior” foi obra. Mas quando os trolhas de serviço à talocha dos ministérios começaram a jogar a massa à parede, depressa se percebeu que a obra era macaca. Tão macaca ou tão pouco que nenhuma das iniciativas setoriais desenvolvidas ao abrigo deste plano salvador do interior contemplou, até hoje, o Baixo Alentejo. Nenhuma e o que é zero, é mesmo zero. Ainda nos últimos dias veio a público uma notícia proveniente do Ministério do Planeamento e Infraestruturas, com direito a mapa e tudo, onde o responsável da dita pasta fazia anúncio de 102 milhões de euros (capazes de gerar 180 milhões) para investimentos em acessos e melhorias nos parques de negócios, parques industriais ou parques empresariais, como se lhes queira chamar.
A este respeito disse o ministro o seguinte: “É um investimento muito objetivado e focado, de proximidade e de fomento da coesão territorial”. A este respeito não disse o ministro o seguinte: apenas uma das 12 intervenções previstas no Programa de Valorização das Áreas Empresariais está localizada a Sul do Tejo (melhoria de acessibilidades à zona industrial de Campo Maior). Todos os parques empresarias na área de influência de Alqueva foram, uma vez mais, esquecidos assim como preterido foi o parque de indústrias afeto ao aeroporto de Beja. Bem sei que começa a ser aborrecido estar sempre a bater no ceguinho, mas por não ter sido assim há tanto tempo quanto isso, ainda me lembro como se hoje mesmo fosse que vieram a Beja dois ministros de carne osso (dois) pregar sobre a valorização do interior.
28-02-2017 9:30:52
Paulo Barriga
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