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Orientais, orientais e orientais
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Orientais, orientais e orientais
Desengane-se quem olha para chineses, coreanos e japoneses e acha que é tudo a mesma coisa com uma ou outra diferença por causa da história recente, uns comunistas, outros divididos, outros pacifistas por causa das bombas atómicas. Ora, nem lá perto. A velha cultura imperial chinesa até pode ter influenciado tanto a península vizinha como o arquipélago próximo, mas as línguas não são aparentadas, nada que se pareça com a proximidade entre o português, o espanhol e o italiano, nem sequer entre o português e o inglês, afinal ambas indo-europeias. Talvez por isso, o sentimento nacional seja tão forte na China, nas Coreias e no Japão. Cada um quer ser melhor do que os outros, progredir mais depressa, continuar a ser diferente. Adivinho que é isso que explica o sucesso daqueles povos (Coreia do Norte à parte e mesmo assim a dinastia Kim conseguiu desenvolver armas nucleares).
Já fui à Coreia do Sul, visitei há pouco o Japão, do mundo chinês conheço Macau, Hong Kong e Taiwan. São afáveis, como salta à vista a qualquer visitante. Se não ajudam mais um estrangeiro perdido em Tóquio ou em Seul é só por causa da barreira da língua. E é óbvio que entre eles há solidariedade, que é muito forte dentro da família. Mas um olhar mais atento percebe um gosto pela perfeição, uma tendência para a competitividade, uma insatisfação com o adquirido. Um sinal disso talvez seja o culto da beleza, o esmero no vestuário, o gosto pelas joias e outros adereços de luxo que é suposto reforçarem a elegância. Desengane-se, contudo, quem ache que faço o elogio da futilidade, bem pelo contrário. Aquilo para que quero chamar a atenção é como estes três povos, como são, não deixam de nos surpreender.
Falamos muito agora das proezas chinesas. De como durante quatro décadas conseguiram que a economia crescesse a 10% ao ano e o PIB fosse galgando posições, ultrapassando a França e o Reino Unido, depois a Alemanha, em 2010 o Japão. Demorará mais passar os Estados Unidos, a não ser que se façam contas em paridade de poder de compra. Mas a China ser o número um é a ordem natural das coisas, tendo em conta o efetivo demográfico e um sistema meritocrático herdado dos mandarins. Foi assim sempre essa grandeza até finais do século XVIII, até ao imperador Qianlong. Só a Índia dos grãos-mogoles lhe era capaz de disputar a liderança.
Também nos admiramos com o êxito sul-coreano pós-Jogos Olímpicos de Seul, como associaram prosperidade e democracia, depois de décadas de colonização, guerra e ditadura. Mas a curiosidade intelectual do seu povo tanto é testemunhada por um rei (Sejong, o Grande) que inventou o alfabeto hangul que ainda usam ou pela descoberta da filosofia ocidental pelos emissários a Pequim, recebendo assim o país o cristianismo sem imposição dos europeus.
E que dizer dos japoneses? Mais até do que o milagre do pós-guerra, olhemos para a Revolução Meiji de 1868, que transformou um país fechado ao mundo num colosso económico e militar, capaz até de derrotar os ocidentais, como aconteceu à Rússia czarista. Ora, esse Japão deve muito ao anterior, da era Edo, em que a alfabetização era já maciça, mesmo com a dificuldade de conciliar os ideogramas chineses importados séculos antes com os sistemas inventados nas ilhas.
Chamemos-lhe ética confucionista, na China e na Coreia do Sul, ou ética xintoísta, no Japão, e a verdade é que aquilo que une os três povos do Extremo Oriente é o valor dado à educação e o apego ao trabalho. Vê-se. E os testes PISA e a competitividade das empresas asiáticas comprovam-no a quem precisa de números para acreditar. Admiráveis.
04 DE MARÇO DE 2017
00:00
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Já fui à Coreia do Sul, visitei há pouco o Japão, do mundo chinês conheço Macau, Hong Kong e Taiwan. São afáveis, como salta à vista a qualquer visitante. Se não ajudam mais um estrangeiro perdido em Tóquio ou em Seul é só por causa da barreira da língua. E é óbvio que entre eles há solidariedade, que é muito forte dentro da família. Mas um olhar mais atento percebe um gosto pela perfeição, uma tendência para a competitividade, uma insatisfação com o adquirido. Um sinal disso talvez seja o culto da beleza, o esmero no vestuário, o gosto pelas joias e outros adereços de luxo que é suposto reforçarem a elegância. Desengane-se, contudo, quem ache que faço o elogio da futilidade, bem pelo contrário. Aquilo para que quero chamar a atenção é como estes três povos, como são, não deixam de nos surpreender.
Falamos muito agora das proezas chinesas. De como durante quatro décadas conseguiram que a economia crescesse a 10% ao ano e o PIB fosse galgando posições, ultrapassando a França e o Reino Unido, depois a Alemanha, em 2010 o Japão. Demorará mais passar os Estados Unidos, a não ser que se façam contas em paridade de poder de compra. Mas a China ser o número um é a ordem natural das coisas, tendo em conta o efetivo demográfico e um sistema meritocrático herdado dos mandarins. Foi assim sempre essa grandeza até finais do século XVIII, até ao imperador Qianlong. Só a Índia dos grãos-mogoles lhe era capaz de disputar a liderança.
Também nos admiramos com o êxito sul-coreano pós-Jogos Olímpicos de Seul, como associaram prosperidade e democracia, depois de décadas de colonização, guerra e ditadura. Mas a curiosidade intelectual do seu povo tanto é testemunhada por um rei (Sejong, o Grande) que inventou o alfabeto hangul que ainda usam ou pela descoberta da filosofia ocidental pelos emissários a Pequim, recebendo assim o país o cristianismo sem imposição dos europeus.
E que dizer dos japoneses? Mais até do que o milagre do pós-guerra, olhemos para a Revolução Meiji de 1868, que transformou um país fechado ao mundo num colosso económico e militar, capaz até de derrotar os ocidentais, como aconteceu à Rússia czarista. Ora, esse Japão deve muito ao anterior, da era Edo, em que a alfabetização era já maciça, mesmo com a dificuldade de conciliar os ideogramas chineses importados séculos antes com os sistemas inventados nas ilhas.
Chamemos-lhe ética confucionista, na China e na Coreia do Sul, ou ética xintoísta, no Japão, e a verdade é que aquilo que une os três povos do Extremo Oriente é o valor dado à educação e o apego ao trabalho. Vê-se. E os testes PISA e a competitividade das empresas asiáticas comprovam-no a quem precisa de números para acreditar. Admiráveis.
04 DE MARÇO DE 2017
00:00
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
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