Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 449 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 449 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Transportes Públicos, uma política fracassada
Página 1 de 1
Transportes Públicos, uma política fracassada
Lisboa nunca fará parte das grandes capitais europeias se os municípios e o Estado não apresentarem planos para um futuro sem dependência de carros.
Há muitos anos tomei uma decisão consciente de não adquirir um carro. Sou e sempre fui apologista da mobilidade pública e ecológica. Senti que podia viver a minha vida a depender de metro, elétrico, autocarro ou comboio. Mas Lisboa, ao contrário de outras cidades europeias com uma rede extensa de transportes públicos, é uma cidade com circulação bastante intensa no centro bem servido de transportes, mas, para os que vivem na periferia, a escolha é insuficiente. Atualmente, com os preços das casas no centro da cidade a disparar devido ao fluxo turístico que ameaça bater todos os recordes este ano, torna-se uma utopia conseguir habitar no centro de Lisboa.
Remetidos à periferia do “império”, os habitantes veem-se a braços com problemas de mobilidade gritantes. Para quem vive nos concelhos de Loures, Odivelas, Amadora ou Oeiras, Sintra e Cascais – sendo estes os mais próximos do concelho de Lisboa –, infelizmente não é possível ter qualidade de vida sem um carro. E isso constitui uma falha grave para uma cidade europeia que pretende captar startups londrinas após o Brexit, mas possui uma mobilidade medieval.
No caso de Oeiras, o exemplo com o qual estou mais familiarizada, o concelho é servido ao longo da costa pelo comboio e por uma rede de autocarros da VIMECA que, na prática, equivale a carreiras lentas que passam pelas vilas do interior do concelho de hora a hora. Isto para não falar da circulação nocturna ou ao fim-de-semana, que é ainda mais deficiente.
A trabalhar no Taguspark desde agosto do ano passado, a aventura para chegar e partir é imensa. Construído em Porto Salvo, o parque de ciência e tecnologia localiza-se num sítio isolado com um mini-clima ventoso. Trabalhar no Taguspark sem carro é, no minímo, um ato de coragem. Táxis, só mesmo chamando por um. Tem varias carreiras a passar de hora a hora até às 19h e exceto uma, nenhuma faz o trajecto em menos de 45 minutos quando, de carro, leva apenas dez minutos. A maioria das paragens no meio de estradas secundárias não contém informações do percurso ou do tempo de espera.
Recordo-me que houve a tentativa do SATUS, uma espécie de elevador que ligava Paços de Arcos ao Oeiras Parque, mas foi abandonado após alguns anos. Tivesse o projeto sido completado até ao Taguspark, como previam, e certamente teria sido mais rentável.
Nestas condições, e à falta de alternativas mais eficazes, sou forçada a assumir derrota e a ponderar a compra de carro. Serei mais uma a contribuir para o problema do trânsito, da poluição e caos, mas, infelizmente, só mesmo quem vive e trabalha no centro tem a ganhar com uma aposta em transportes públicos.
Dizem-me que os próximos anos vão trazer grandes transformações no campo da mobilidade, mas ainda estão restringidas aos centros. Esquecem-se que grande parte da população é empurrada para a periferia. Ora, por mais que tentem maquilhar a cidade, Lisboa nunca fará parte das grandes capitais europeias se os municípios e o Estado não apresentarem planos para um futuro sem dependência de carros.
Safaa Dib, Editora
00:07
Jornal Económico
Há muitos anos tomei uma decisão consciente de não adquirir um carro. Sou e sempre fui apologista da mobilidade pública e ecológica. Senti que podia viver a minha vida a depender de metro, elétrico, autocarro ou comboio. Mas Lisboa, ao contrário de outras cidades europeias com uma rede extensa de transportes públicos, é uma cidade com circulação bastante intensa no centro bem servido de transportes, mas, para os que vivem na periferia, a escolha é insuficiente. Atualmente, com os preços das casas no centro da cidade a disparar devido ao fluxo turístico que ameaça bater todos os recordes este ano, torna-se uma utopia conseguir habitar no centro de Lisboa.
Remetidos à periferia do “império”, os habitantes veem-se a braços com problemas de mobilidade gritantes. Para quem vive nos concelhos de Loures, Odivelas, Amadora ou Oeiras, Sintra e Cascais – sendo estes os mais próximos do concelho de Lisboa –, infelizmente não é possível ter qualidade de vida sem um carro. E isso constitui uma falha grave para uma cidade europeia que pretende captar startups londrinas após o Brexit, mas possui uma mobilidade medieval.
No caso de Oeiras, o exemplo com o qual estou mais familiarizada, o concelho é servido ao longo da costa pelo comboio e por uma rede de autocarros da VIMECA que, na prática, equivale a carreiras lentas que passam pelas vilas do interior do concelho de hora a hora. Isto para não falar da circulação nocturna ou ao fim-de-semana, que é ainda mais deficiente.
A trabalhar no Taguspark desde agosto do ano passado, a aventura para chegar e partir é imensa. Construído em Porto Salvo, o parque de ciência e tecnologia localiza-se num sítio isolado com um mini-clima ventoso. Trabalhar no Taguspark sem carro é, no minímo, um ato de coragem. Táxis, só mesmo chamando por um. Tem varias carreiras a passar de hora a hora até às 19h e exceto uma, nenhuma faz o trajecto em menos de 45 minutos quando, de carro, leva apenas dez minutos. A maioria das paragens no meio de estradas secundárias não contém informações do percurso ou do tempo de espera.
Recordo-me que houve a tentativa do SATUS, uma espécie de elevador que ligava Paços de Arcos ao Oeiras Parque, mas foi abandonado após alguns anos. Tivesse o projeto sido completado até ao Taguspark, como previam, e certamente teria sido mais rentável.
Nestas condições, e à falta de alternativas mais eficazes, sou forçada a assumir derrota e a ponderar a compra de carro. Serei mais uma a contribuir para o problema do trânsito, da poluição e caos, mas, infelizmente, só mesmo quem vive e trabalha no centro tem a ganhar com uma aposta em transportes públicos.
Dizem-me que os próximos anos vão trazer grandes transformações no campo da mobilidade, mas ainda estão restringidas aos centros. Esquecem-se que grande parte da população é empurrada para a periferia. Ora, por mais que tentem maquilhar a cidade, Lisboa nunca fará parte das grandes capitais europeias se os municípios e o Estado não apresentarem planos para um futuro sem dependência de carros.
Safaa Dib, Editora
00:07
Jornal Económico
Tópicos semelhantes
» Os transportes públicos e a invenção do futuro
» Transportes públicos e privatizações governamentais
» Semana Europeia da Mobilidade: 70% dos portugueses preferem automóveis a transportes públicos
» Transportes públicos e privatizações governamentais
» Semana Europeia da Mobilidade: 70% dos portugueses preferem automóveis a transportes públicos
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin