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    Mensagem por Admin Dom Jun 22, 2014 11:34 am

    Critérios editoriais 2 813147?tp=UH&db=IMAGENS&w=171&h=171&act=cropResize

    Não enviesemos mais este sistema público de opinião na actual sociedade portuguesa, agrilhoado num enredo tão circular de pobres obsessões.


    Este tema é repetido. Eu diria até, repetitivo. Provavelmente num reflexo do estado em que se encontra o debate no espaço público português, em que as principais querelas políticas e sociais se confrontam num pouco estimulante círculo vicioso, (viciado?), quase obsessivo entre os mesmos conhecidos interlocutores. Talvez, por isso, os leitores não levem a mal que volte ao assunto. Aliás, sinto obrigação neste retorno.

    Muitos leitores continuam a enviar, indevidamente, para o provedor textos com pedidos de publicação. Por outro lado, outros interrogam-me sobre os motivos de textos não publicados. Manifestam a sua discordância e rapidamente saltam para a acusação de práticas de censura ou de posições sectárias seguidas pelo PÚBLICO. Esclareço que esses textos não se referem apenas àqueles incorporados na designada secção de Cartas à Directora. Contornam o próprio estatuto de artigos de opinião ou de simples pedidos de divulgação de eventos.

    Nada disto levantaria considerações numa óptica de que o correio electrónico do provedor dos leitores do Público é um canal aberto e comporta mesmo, da parte dos leitores, um espaço “livre de espírito de confidência”. O que, neste caso, reforça a confiança que os leitores depositam na existência de um provedor.

    Esta situação de réplica constante por parte dos leitores exige da parte do provedor reflexão em quanto ela configura um certo dilema ultrapassável: Os leitores têm todo o direito em discutir o “seu” jornal, mas também têm o dever de respeitar os critérios editoriais que enformam esse jornal.

    É absolutamente respeitável a discordância manifestada por tal editorial, pelo artigo deste ou daquele colunista ou até pela escolha deste ou daquele colaborador, pela divergência acerca de determinados conteúdos informativos. Levar ao provedor dos leitores essas mensagens é a razão de ser da existência desse cargo, criado pelo próprio jornal, na condição e exigência de ele ser um “interlocutor permanente” entre aqueles que produzem o PÚBLICO e os seus leitores. Obviamente, como tal, o provedor não pode refutar-se a este papel e terá de transportar sempre à direcção e ao corpo dos profissionais do jornal, o que pensam os leitores sobre o jornal, as críticas e divergências que estes emitem. E, sinceramente, é o que procuro cumprir.

    Porém, há uma barreira que julgo intransponível. Um jornal, e por isso o PÚBLICO, tem um estatuto editorial, tem um corpo de direcção, de jornalistas e outros profissionais, congregados em redor de um projecto com declarada identidade que exercem as suas funções na procura da realização desse projecto. Efectivamente, não obstante, segundo o compromisso do estatuto editorial, a “aposta numa informação diversificada” para um reconhecido “público plural”, como sempre em qualquer trajecto de programa humano, há erros, há falhas, há desvios. Mas também é preciso reconhecer que os “critérios editoriais”, conceito por mim entendido, na tomada de posição ou de opinião escolhidas, na publicação ou não publicação de determinadas artigos ou cartas, na selecção do leque de colunistas permanentes ou de ocasião, na cobertura ou não cobertura de diferentes eventos, cabem à direcção e aos responsáveis editoriais do jornal. De outro modo, não é possível imaginar a realização factível de um projecto jornalístico.

    É incontornável que os leitores são o maior capital riqueza de um projecto jornalístico, como adquirentes da expressão desse projecto, seja na forma papel, seja na forma digital, pela ambiência do universo publicitário que potenciam, seja, sobretudo pela sua qualidade da audiência/comunidade/assembleia que corporizam no espectro da opinião pública e publicada. Mas daí a proclamar o direito de discordância desses “critérios editoriais” com a confusão de práticas de censura ou de sectarismos politico -ideológicos não é admissível. Eu próprio tenho algumas discordâncias. Como alguns leitores, preferiria ver com maior extensão e com uma componente mais polémica a secção de Cartas à Directora. Gostaria, por exemplo, que não obstante a opção clara e legítima de o PÚBLICO pela não opção do novo Acordo Ortográfico, este tema fosse objecto nas colunas do jornal de mais aberta discussão. Entenderia que na secção ou área do jornal sob o título Debate, a controvérsia sobre determinados assuntos, problemas, ou até de simples teses académicas, fosse mais efectiva. Foi nesse sentido que sugeri que os artigos dos arqueólogos Alexandre Monteiro e Luís Vieira de Castro em contraposição ao artigo do correspondente David Keys sobre a nau de Cristóvão Colombo tivessem recebido abrigo nas colunas do jornal. Porém, qualquer destas posições assumidas não me dá direito a falsas admissões da prática deliberada de censura ou inadmissíveis sectarismos num jornal que “tem como limiar de existência a sua credibilidade pública”.

    Tal como escrevia no início não enviesemos mais este sistema público de opinião na actual sociedade portuguesa, agrilhoado num enredo tão circular de pobres obsessões e redutora plêiade de protagonistas, que maquilham de forma oxidante o modo de pensar um outro Portugal.
     

    DO CORREIO LEITOR/PROVEDOR

    MENOS SUSPEIÇÕES

    Escreve-me um leitor:

    “Vem hoje (18/6), na pág. 12 do PÚBLICO uma notícia com o título "Bebé de sete meses morre em berçário em Queluz". Tragédia (como também titula o jornal), é-nos transmitida pelos PÚBLICO/Lusa. Até aqui tudo bem, só que no seu desenvolvimento há três referências que me parecem inadequadas: que foi vacinado nessa manhã, que uma fonte da PSP teria informado que a criança apresentava sangue na boca (que o comissário da polícia não refere), que não há qualquer suspeita de crime e que a directora da creche diz que esta tem todas as licenças em ordem. Que disse o médico do INEM? Pois que podia tratar-se dum caso de morte súbita (o bebé estaria deitado de bruços).

    A minha pergunta é: num caso, trágico realmente, em que a morte, numa primeira análise parece dever-se a "síndrome da morte súbita" (só a autópsia esclarecerá, porventura, outras causas) porque se faz uma séria de "insinuações pela negativa"... numa primeira notícia? Terá que ser assim? Não me parece de todo. Marcar o "caminho das pedras" desde já, cria angústia, quando a situação é bem trágica mas, aparentemente, bem mais simples de explicar.”


    Comentário do provedor: Concordo com o leitor. Alias, no caso, a sua especial sensibilidade e conhecimento de “médico pediatra” confere aos seus comentários ainda uma maior atenção. Efectivamente, não obstante se perceber a agudeza do tom jornalístico, era recomendável não levantar tantas suspeições antes dos resultados da autópsia. Obviamente, comento a notícia enquanto subscrita pelo PÚBLICO.

     

    ABSTENÇÃO - O “BICHO-CARPINTEIRO”

    A propósito da minha crónica, publicada em 1.06.2014, escreve um leitor:

    “Disse o provedor que a abstenção era o “bicho-carpinteiro” da Democracia. E tem toda a razão”. Mas o leitor depois de manifestar esta concordância acrescenta algo que merece outra reflexão:

    “Pois eu, ao fim de quarenta anos de Democracia, orgulho-me de pertencer aos 2/3 dos portugueses” que (…) se fartaram destes políticos. (…) “É mau, mas é assim e um dia vai dar chatice, porque cada vez (os abstencionistas) vamos sendo mais. Não venham com esta treta do civismo. O que dá visibilidade ao descontentamento é a abstenção. Vai ser muito difícil voltar a votar seja no que for. Alguém tem de pôr mão nisto”.


    Comentário do provedor: Trata-se de uma posição (a da abstenção) absolutamente legítima por parte do leitor. Prometi aclarar a minha posição que não me parecia merecer total concordância. Considero a abstenção uma atitude política legítima. Tenho dúvidas se o voto em branco não é mais afirmativo e correspondente às razões que leva o leitor (os eleitores) a não votar. Sei que este é um tema de estudo entre os politólogos e de opinião divergente entre os
    cidadãos.


    JOSÉ MANUEL PAQUETE DE OLIVEIRA 22/06/2014 - 00:39
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