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Portugal. Não se “vai andando”, mas mantemos os “inhos”
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Portugal. Não se “vai andando”, mas mantemos os “inhos”
O país cresceu e desenvolveu-se. Hoje não se ouvem entre os mais novos expressões tristes e desanimadoras de outros tempos. Mas se já chegou o fim da era “vai-se andando”, os de fora continuam a estranhar os nossos “inhos”. O que dirá isso sobre nós?
os últimos tempos tenho-me interrogado sobre se seremos mesmo um país que exagera nos “inhos”. E mais: se o formos, será que isso diz assim tanto sobre nós? As gerações mais novas já não usam o “vai-se andando” e Portugal e os portugueses estão cada vez mais positivos, mais confiantes. Hoje olhamos mais para o futuro e somos cada vez menos um produto do fado – sobretudo daquele que não nos levava a lado nenhum senão ao fatalismo. Mas, se por um lado soubemos reinventar a nossa forma de estar, há traços que nos diferenciam de outros falantes do português que mantivemos. Os diminutivos são talvez um dos mais expressivos – muitos deles, temos de admitir, fogem até à lógica.
Acredito que, hoje, a maioria dos “inhos” seja usada mais por hábito, por transmissão ou por amabilidade do que propriamente como expressão de uma forma de estar, de viver, de nos posicionarmos perante o outro. Mas a verdade é que, se nos olharmos de fora, facilmente percebemos que esses diminutivos podem passar para os outros uma imagem de pequenez.
Muitas das conversas que tenho tido com os meus colegas de MBA – quase todos brasileiros e angolanos que vivem atualmente no Porto – sobre as diferenças culturais e da língua acabam neste tema. Alguns não entendem por completo o uso excessivo de “inhos” e até apresentam argumentos interessantes.
Um desses argumentos é existirem palavras em que os diminutivos são quase obrigatórios em Portugal. E não, não é um exagero: Quantas pessoas se despedem com “beijo”? Raras. A maioria usa o “beijinho” e, como se não bastasse, algumas vezes acrescenta a ordem de grandeza do beijinho: “Um beijinho grande.” Fazemo-lo pela necessidade de deixar claro que aquele “inho” não é de pequeno? Talvez, mas, vendo assim, é plausível que faça confusão a quem não está habituado.
O beijinho é apenas um exemplo, mas poderíamos focar-nos no cafezinho que o senhor do típico restaurante do Porto pergunta sempre se queremos no fim do almoço, no bocadinho que usamos de norte a sul para dar a ideia de uma parte ou mesmo no muito trabalhinho que às vezes levamos para casa.
Hoje viajamos muito, cruzamo-nos com outras realidades e com outras pessoas – muitas das vezes porque queremos sair, e não só por sermos obrigados a procurar melhores condições. Para isso têm contribuído muitos programas universitários, como o Erasmus, e as viagens low-cost.
Mas é mais do que isso: a geração que nasceu nos anos 80 já só se lembra do país integrado nesta Europa, do país que se diz sempre em maus lençóis porque se compara com os melhores. Estas gerações são as gerações sem medo, que têm muito mais armas para defender os seus direitos do que os seus pais.
Mesmo que, de forma genérica, já tenhamos deixado para trás aquilo a que alguns chegaram a chamar medo de existir – parece-me hoje claramente exagerado –, os portugueses (mesmo os mais novos) continuam a ser pouco assertivos – sobre os níveis de assertividade dos vários países há vários sites que permitem fazer comparações. E pode ser essa falta de assertividade a favorecer os “inhos”.
É claro que escrever sobre estas matérias é sempre difícil, uma vez que qualquer exercício de generalização é injusto e perigoso, mas há traços que devem ser analisados.
Sei que muitos dos que estão a ler este texto torcem o nariz. E porventura nem se lembrarão de tudo isto quando, amanhã, entrarem no elevador, baixarem a cabeça e travarem a conversa que estavam a ter com um amigo. Dizem-me que é outra das nossas maniazinhas.
24/03/2017
Carlos Diogo Santos
carlos.santos@newsplex.pt
Jornal i
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