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Agenda ibérica
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Agenda ibérica
O novo ciclo de reinado em Espanha representa uma oportunidade clara para uma nova agenda ibérica. Portugal e Espanha precisam mais do que nunca de unir esforços neste tempo de crise.
Os dois países compõem uma Ibéria que no quadro da União Europeia protagonizam um compromisso entre uma periferia geográfica que o pragmatismo da globalização tem acentuado e uma oportunidade de “articulação estratégica” com países como o Brasil e o México onde o potencial de crescimento aumenta de dia para dia. Num mundo em profunda crise, onde os índices de crescimento são liderados pelas potências emergentes e a União Europeia se pauta por uma “estagnação doentia”, agravada pela crise, impõe-se um sentido de mudança urgente no aproveitamento dos “fatores de competência distintiva” que os dois países têm à sua disposição.
Torna-se imperioso para Portugal saber ler os “sinais vitoriosos” que emanam do país ao lado. Não se trata de “convergência cultural” nem muito menos de “cumplicidade nacionalista”. As especificidades da marca portuguesa, nas suas múltiplas dimensões, são mais do que evidentes e têm a força duma história cultural sustentada no tempo e no tecido social. O que importa é “agarrar” a atitude proactiva da afirmação positiva na concorrência global das nossas competências. Fazer da inovação, qualidade e criatividade a bandeira de afirmação de produtos, serviços, talentos, capazes de protagonizar o nem sempre fácil desafio da competitividade com todos aqueles que não olham a meios para dominar os lugares cimeiros da classificação global.
O “diálogo” entre Portugal e Espanha constrói-se dia-a-dia das relações económicas e sociais entre os diferentes atores do território. Iluda-se quem pense que o jogo do relacionamento estratégico entre os dois países se joga nas “cumplicidades por decreto” decididas em Lisboa e Madrid. A verdadeira identidade da “relação ibérica” joga-se entre o norte de Portugal e a Galiza, entre o Alentejo e a Andaluzia, com a verdadeira participação ativa e positiva de todos os que sabem que na “sociedade aberta” de Karl Popper não há espaço para aqueles que fazem dum “isolacionismo social” o seu comportamento abstrato num mundo onde não têm enquadramento.
Espanha protagoniza de forma sustentada a “ambição” da modernidade num quadro de renascimento global das suas competências um pouco pelo mundo fora. Trata-se claramente dum ato de “cumplicidade coletiva” da sociedade espanhola, cabendo ao Estado a função de monitorização estratégica e de garantia das condições de enquadramento das operações dos agentes no terreno. Este “ato de mudança para o futuro” que marca a Espanha de hoje sente-se na vivência diária da sociedade espanhola, animada dum “sentido de oportunidade necessário” e é visível nos inúmeros “ratings” feitos internacionalmente pelas mais diversas organizações em relação ao nosso país vizinho. Uma “ambição” de modernidade claramente partilhada entre Madrid e as diferentes Regiões Autónomas, numa lógica de equilíbrio estratégico que sustenta a visibilidade global do país.
Portugal não pode fugir à necessidade e oportunidade duma “ambição” própria. É essencial na moderna sociedade do conhecimento que Portugal perceba de forma clara a mensagem de diferença que vem do lado e sustente um compromisso claro ao nível da sociedade civil quanto aos objetivos para o futuro. Assumidas as diferenças na matriz social, evidentes do ponto de vista sociológico, não fica mal a Portugal entender como oportuna e imperiosa a mensagem de resposta positiva que vem de Espanha. Afirmar as competências específicas com uma marca própria é o desafio essencial da nova modernidade que atravessa as civilizações neste novo quadro global.
FRANCISCO JAIME QUESADO, PRESIDENTE DA ESPAP – ENTIDADE DE SERVIÇOS PARTILHADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2014/07/17 00H15
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