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Resignados......
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Resignados......
Terminada a época estival, retornamos ao ponto de onde partimos: à dura realidade que Portugal continua a enfrentar. Existe hoje na sociedade portuguesa um sentimento enraizado de resignação, e uma sensação generalizada de estagnação.
O sonho e a ambição dos portugueses encontram-se coarctados, dramaticamente circunscritos. Sobre o nosso País, abateu-se uma nuvem de desesperança que tapa o Sol e mata a alma. Já não bastam raios de luz para redescobrir a esperança - precisamos de céu aberto, precisamos de céu limpo. Mas vivemos num mundo cínico, num mundo faz de conta, onde o perigo espreita em cada canto. A nuvem que tão bem conhecemos pode transformar-se na tempestade perfeita. Os conflitos que hoje grassam no globo vão da economia à política, da moral à religião. Não somos só nós que estamos num sarilho, a Europa para lá também caminha - outra vez, sempre a Europa, sempre cínica. A fronteira entre o certo e o errado é cada vez mais difusa. O medo espalha-se, propaga-se. Tiranos agigantam-se. Homens tornam-se ratos. Falta audácia.
Mas a vida não pára, e a maioria das pessoas não tem tempo a perder. Há contas para pagar. Filhos para criar. Pais para cuidar. É assim o dia-a-dia das pessoas. No entanto, os anos passam, e pouco parece mudar. Vai para seis anos desde que a economia portuguesa atingiu o seu auge. Foi no final de 2008. O mundo mudou - disse ele. Mas a crise já vinha de trás. A desindustrialização do País. A macrocefalia da capital. A ilusão do crédito fácil. Portugal no euro - o Mississípi que não interessava. E o Tratado de Lisboa - sempre Lisboa. Diz que o mundo mudou há seis anos, mas é o cidadão comum que não vê novo mundo à vista. Batemos no chão, mas ainda não emergimos. Permanecemos prostrados. É evidente que há castas na sociedade portuguesa. Conheceram a crise mais tarde. Mas as castas também não conheceram melhoria. Mantiveram-se à tona - já não foi coisa pouca. A sociedade está assim: à defesa, não arrisca. Luta entre dois males. Sem surpresa, escolhe o mal menor. Racionalmente, não arrisca. O risco passou a ser todo mau, deixou de haver bom risco. Os anos continuarão a passar e o País permanecerá não muito diferente do que é hoje. Sob vigilância reforçada até 2038 - um quarto de século. Como? As pessoas apenas mais velhas, pais em vez de filhos, avós em vez de pais. Mas discutindo o mesmo: a nuvem, quiçá a tempestade.
Portugal está amarrado numa camisa de força. Encosta à direita, regressa à esquerda. Vai a oito, e volta a oitenta.
Ajusta, depois arrebenta. É uma tortura, como é a Europa. A Europa não anda nem deixa andar. Como o euro. Sufoca, é outra tortura mais grave ainda. Mas segura-nos. Paradoxal? Não. Nem tanto à terra nem tanto ao mar - diz o povo na sua imensa sabedoria. Essa é a nossa História. País continental ou país atlântico? Euro ou escudo? Os dois, os dois.
Fazê-lo requer audácia, porventura, alguma aventura também. Mas a reforma, e não apenas a contra-reforma, também pode vir da ruptura, e é de ruptura reformista (mas não contra-reformista) que precisamos. Há que recuperar o espírito dos Descobrimentos, a liderança, e entre os ventos da tempestade bolinar que nem uma caravela. Há que navegar em mares desconhecidos. Heróis do mar. Nação valente e imortal. O que nos falta então? Ânimo, acima de tudo, ânimo.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
O sonho e a ambição dos portugueses encontram-se coarctados, dramaticamente circunscritos. Sobre o nosso País, abateu-se uma nuvem de desesperança que tapa o Sol e mata a alma. Já não bastam raios de luz para redescobrir a esperança - precisamos de céu aberto, precisamos de céu limpo. Mas vivemos num mundo cínico, num mundo faz de conta, onde o perigo espreita em cada canto. A nuvem que tão bem conhecemos pode transformar-se na tempestade perfeita. Os conflitos que hoje grassam no globo vão da economia à política, da moral à religião. Não somos só nós que estamos num sarilho, a Europa para lá também caminha - outra vez, sempre a Europa, sempre cínica. A fronteira entre o certo e o errado é cada vez mais difusa. O medo espalha-se, propaga-se. Tiranos agigantam-se. Homens tornam-se ratos. Falta audácia.
Mas a vida não pára, e a maioria das pessoas não tem tempo a perder. Há contas para pagar. Filhos para criar. Pais para cuidar. É assim o dia-a-dia das pessoas. No entanto, os anos passam, e pouco parece mudar. Vai para seis anos desde que a economia portuguesa atingiu o seu auge. Foi no final de 2008. O mundo mudou - disse ele. Mas a crise já vinha de trás. A desindustrialização do País. A macrocefalia da capital. A ilusão do crédito fácil. Portugal no euro - o Mississípi que não interessava. E o Tratado de Lisboa - sempre Lisboa. Diz que o mundo mudou há seis anos, mas é o cidadão comum que não vê novo mundo à vista. Batemos no chão, mas ainda não emergimos. Permanecemos prostrados. É evidente que há castas na sociedade portuguesa. Conheceram a crise mais tarde. Mas as castas também não conheceram melhoria. Mantiveram-se à tona - já não foi coisa pouca. A sociedade está assim: à defesa, não arrisca. Luta entre dois males. Sem surpresa, escolhe o mal menor. Racionalmente, não arrisca. O risco passou a ser todo mau, deixou de haver bom risco. Os anos continuarão a passar e o País permanecerá não muito diferente do que é hoje. Sob vigilância reforçada até 2038 - um quarto de século. Como? As pessoas apenas mais velhas, pais em vez de filhos, avós em vez de pais. Mas discutindo o mesmo: a nuvem, quiçá a tempestade.
Portugal está amarrado numa camisa de força. Encosta à direita, regressa à esquerda. Vai a oito, e volta a oitenta.
Ajusta, depois arrebenta. É uma tortura, como é a Europa. A Europa não anda nem deixa andar. Como o euro. Sufoca, é outra tortura mais grave ainda. Mas segura-nos. Paradoxal? Não. Nem tanto à terra nem tanto ao mar - diz o povo na sua imensa sabedoria. Essa é a nossa História. País continental ou país atlântico? Euro ou escudo? Os dois, os dois.
Fazê-lo requer audácia, porventura, alguma aventura também. Mas a reforma, e não apenas a contra-reforma, também pode vir da ruptura, e é de ruptura reformista (mas não contra-reformista) que precisamos. Há que recuperar o espírito dos Descobrimentos, a liderança, e entre os ventos da tempestade bolinar que nem uma caravela. Há que navegar em mares desconhecidos. Heróis do mar. Nação valente e imortal. O que nos falta então? Ânimo, acima de tudo, ânimo.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
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