Setúbal com a Força de Todos

Os últimos três anos foram negros para a nossa região. Após ter sido colocada no centro da estratégia de desenvolvimento do País com o papel de Sines como o grande porto internacional de Portugal, a decisão de localizar na margem Sul o novo aeroporto internacional de Lisboa, as perspetivas de ligação ao exterior abertas pela alta velocidade ferroviária ou a gestão integrada do arco ribeirinho Sul, tudo desapareceu da agenda, foi suspenso ou usado demagogicamente pelo Governo de direita como arma de arremesso política.

Mesmo assim quando se fala em crescimento das exportações as boas notícias estão entre nós com o papel nuclear da nova refinaria da GALP em Sines, a super-máquina de papel da Portucel ou o exemplar diálogo social da AutoEuropa.
 
Tal como no País o PS não se conseguiu impor como alternativa mobilizadora à desastrosa governação de Passos e Portas, também em Setúbal os dois últimos anos foram marcados pela ausência do partido que em 2011 foi o mais votado na região nas eleições legislativas.
 
Concentrada numa agenda virada para as questiúnculas internas o PS/Setúbal teve pesadas responsabilidades na perda das câmaras de Alcácer do Sal e de Grândola e esteve quase sempre ausente do debate político regional.
 
Casos como os dos candidatos autárquicos de Setúbal e Alcácer do Sal que não tendo qualquer ligação a esses concelhos desertaram de imediato são episódios negros a tomar como lição para o futuro. 
 
Coube assim quase sempre aos deputados eleitos pelo círculo de Setúbal intervir a nível nacional e regional sem uma estratégia integrada de intervenção do PS apesar da confiança que lhe fora depositada pelos eleitores.
 
A eleição na passada semana de Ana Catarina Mendes para a liderança do PS/Setúbal constitui uma lufada de ar fresco que abre a esperança que a voz da região se volte a ouvir com peso quer no Partido quer sobretudo no debate político nacional. A vontade agregadora da mensagem da candidata da "Força de Todos" confere-lhe uma legitimidade e uma responsabilidade que irá marcar os próximos tempos da vida politica regional.
 
Constitui além disso uma esperançosa antecipação do papel decisivo que Setúbal, terceiro distrito do País em número de simpatizantes registados, poderá ter no próximo dia 28 na construção de uma alternativa mobilizadora para uma governação progressista de Portugal em torno de António Costa.  

Eduardo Cabrita - 16-09-2014 09:57