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Independencite
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Independencite
O dia de hoje será certamente marcado pelo referendo independentista na Escócia e o seu resultado.
Tem alguma ironia (ou não!) que numa Europa cada vez mais junta existam cada vez mais movimentos independentistas - à Escócia seguir-se-á a Catalunha a referendar a independência. Enquanto em Bruxelas se cozinham perdas de soberania para os estados-membros, no terreno organizam-se movimentos para pedir a independência.
Não sei francamente o que moverá um escocês a pedir a independência do Reino Unido, e naturalmente que isso só se será compreendido por quem lá está. A união entre os dois territórios dura há mais de 300 anos, o que para Portugal é pouco mas para a Europa não é propriamente mau, mas nada impede que ao fim de 300 anos dois povos sigam caminhos diferentes. Estou é com dificuldade em vislumbrar a substância dessa diferença nos tempos que correm. Mas é certo, e importante, que quer o factor simbólico da independência, quer tudo associado aos símbolos e órgãos de soberania são factores emocionais muito fortes.
Olhando para o nosso rectângulo, pouco comparável pelas razões evidentes da idade da nossa Nação, e mesmo tripeiro nascido e criado não me veriam a defender a independência do Norte face ao resto do país. A questão da soberania, a meu ver, coloca-se noutro patamar.
O que verdadeiramente me preocupa é o exercício da soberania e a concentração dos poderes de decisão junto dos cidadãos - e não sei se é isso que está na cabeça dos escoceses ou dos catalães.
Os estados, conforme crescem em poder e burocracia afastam-se gradualmente das pessoas. Estou em crer que observamos isso no super-estado que é a burocracia europeia. Directivas vindas não se sabe bem de onde ultrapassaram hoje longamente aquilo que é o valioso princípio da subsidiariedade. Este princípio que enuncia que se deve deixar para os estados-membro aquilo que estes fazem melhor do que a União devia aliás aplicar-se igualmente dentro dos países, deixando para autarquias aquilo que estas fazem melhor que o estado central e deixando para as famílias e empresas - "as pessoas" - aquilo que fazem melhor que o estado. O poder de decisão e de fiscalização funciona melhor perto das pessoas e não longe.
Mas não sei se são estas questões que preocupam os movimentos independentistas. Parece-me que não, mas é para o lado que durmo melhor. Não consigo negar o direito fundamental a uma comunidade a não fazer parte deste ou daquele estado. Foi assim que se deu a primeira revolução moderna, a americana, com o seu notável texto de Declaração de Independência. Se os escoceses acharem que ficam melhores fora do Reino Unido, força. Suspeito que votaria contra, mas nunca usei um kilt (e não me importava nada de experimentar"), não estou habilitado.
Num mapa que a Business Insider publicou, sobre os movimentos independentistas, só um país com dimensão geográfica escapa. Somos nós e parece-me bem. Mas se nos derem a perspectiva de ficarmos com a Galiza eu apoio o Reino dos Suevos, do Cantábrico ao Mondego, com capital em Braga - nós no Porto não nos queremos chatear com burocratas da capital.
MICHAEL SEUFERT | 7:00 Quinta feira, 18 de setembro de 2014
Expresso
Tem alguma ironia (ou não!) que numa Europa cada vez mais junta existam cada vez mais movimentos independentistas - à Escócia seguir-se-á a Catalunha a referendar a independência. Enquanto em Bruxelas se cozinham perdas de soberania para os estados-membros, no terreno organizam-se movimentos para pedir a independência.
Não sei francamente o que moverá um escocês a pedir a independência do Reino Unido, e naturalmente que isso só se será compreendido por quem lá está. A união entre os dois territórios dura há mais de 300 anos, o que para Portugal é pouco mas para a Europa não é propriamente mau, mas nada impede que ao fim de 300 anos dois povos sigam caminhos diferentes. Estou é com dificuldade em vislumbrar a substância dessa diferença nos tempos que correm. Mas é certo, e importante, que quer o factor simbólico da independência, quer tudo associado aos símbolos e órgãos de soberania são factores emocionais muito fortes.
Olhando para o nosso rectângulo, pouco comparável pelas razões evidentes da idade da nossa Nação, e mesmo tripeiro nascido e criado não me veriam a defender a independência do Norte face ao resto do país. A questão da soberania, a meu ver, coloca-se noutro patamar.
O que verdadeiramente me preocupa é o exercício da soberania e a concentração dos poderes de decisão junto dos cidadãos - e não sei se é isso que está na cabeça dos escoceses ou dos catalães.
Os estados, conforme crescem em poder e burocracia afastam-se gradualmente das pessoas. Estou em crer que observamos isso no super-estado que é a burocracia europeia. Directivas vindas não se sabe bem de onde ultrapassaram hoje longamente aquilo que é o valioso princípio da subsidiariedade. Este princípio que enuncia que se deve deixar para os estados-membro aquilo que estes fazem melhor do que a União devia aliás aplicar-se igualmente dentro dos países, deixando para autarquias aquilo que estas fazem melhor que o estado central e deixando para as famílias e empresas - "as pessoas" - aquilo que fazem melhor que o estado. O poder de decisão e de fiscalização funciona melhor perto das pessoas e não longe.
Mas não sei se são estas questões que preocupam os movimentos independentistas. Parece-me que não, mas é para o lado que durmo melhor. Não consigo negar o direito fundamental a uma comunidade a não fazer parte deste ou daquele estado. Foi assim que se deu a primeira revolução moderna, a americana, com o seu notável texto de Declaração de Independência. Se os escoceses acharem que ficam melhores fora do Reino Unido, força. Suspeito que votaria contra, mas nunca usei um kilt (e não me importava nada de experimentar"), não estou habilitado.
Num mapa que a Business Insider publicou, sobre os movimentos independentistas, só um país com dimensão geográfica escapa. Somos nós e parece-me bem. Mas se nos derem a perspectiva de ficarmos com a Galiza eu apoio o Reino dos Suevos, do Cantábrico ao Mondego, com capital em Braga - nós no Porto não nos queremos chatear com burocratas da capital.
MICHAEL SEUFERT | 7:00 Quinta feira, 18 de setembro de 2014
Expresso
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