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Os mercados não acreditam nos governos
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Os mercados não acreditam nos governos
A economia do euro está estagnada, depois de um crescimento marginal no primeiro trimestre do ano, o desemprego está em níveis historicamente elevados, a inflação está em níveis historicamente baixos, e está tudo à espera de Mário Draghi, o presidente do BCE.
Isto só pode querer dizer uma coisa: os investidores não esperam nada de bom dos governos europeus para mudar o curso da história.
O dia de ontem foi, neste aspecto, revelador. Draghi já tinha usado artilharia pesada para promover a procura na zona euro e pressionar os preços, iniciativas que foram bem recebidas mas insuficientes para mudar a tendência dos últimos meses. Mais recentemente, em Jackson Hole, o presidente do BCE alertou para as limitações da política monetária na recuperação da economia e pediu uma política orçamental mais expansiva dos países que têm condições para isso. Não, Portugal não está nesta lista. A polémica instalou-se, mas na verdade, Draghi disse ao que vinha.
Ontem, o mercado esperava pelo recurso a uma bazuca monetária, Draghi revelou o montante de aquisição de activos e isso foi recebido com desilusão pelos mercados, pelos investidores.
Queriam mais estímulos monetários, mas essa necessidade tem, e deve ter, outra leitura. Os investidores não acreditam na capacidade dos governos para recuperarem a economia, estão totalmente dependentes da força de Draghi. Mas basta ler o que se vai dizendo e escrevendo na Alemanha para perceber a camisa-de-forças que limita a acção do BCE. Se alguma coisa se pode dizer é que Draghi já pisou os limites do mandato que os líderes europeus concederam ao BCE no início de tudo, quando os estatutos da autoridade monetária europeia foram desenhados.
O BCE já avançou para a mutualização de dívida pública e privada - dos bancos - sem lhe dar esse nome. Draghi está a testar a paciência, e tolerância, do Tribunal Constitucional alemão e já há quem lhe exija uma intervenção que impeça a participação da Alemanha em algumas das decisões do BCE, o que, no limite, seria o mesmo que travar essas decisões.
As bolsas europeias caíram ontem de forma pronunciada, em resposta aos anúncios de Draghi. Mas quem deveria ler estes sinais com atenção são os governos, que não estão a fazer aquilo para o qual foram eleitos.
PS: Hoje é o dia E, de Espírito Santo Saúde. A oferta pública dos chineses da Fosun/Fidelidade sobre a área da saúde do GES só será conhecida na próxima sexta-feira, mas termina hoje o prazo para o registo de uma oferta concorrente. Os americanos que controlam a Amil estão a tentar usar uma porta lateral - legítima, até porque, se o fizerem com sucesso, serão obrigados a lançar uma oferta geral - mas a entrada é no mínimo estreita, até por causa dos pedidos de falência das várias empresas do grupo Espírito Santo, como a Rioforte. Se os americanos não conseguirem comprar directamente a participação do Novo Banco na sociedade que controla a ES Saúde, os chineses têm o caminho livre. E vão ganhar. É a confirmação de que Portugal passará definitivamente a ser o parceiro europeu da China. Tem riscos, como se vê pelo que se passa em Hong Kong, mas tem também muitas oportunidades.
António Costa
00.06 h
Económico
Isto só pode querer dizer uma coisa: os investidores não esperam nada de bom dos governos europeus para mudar o curso da história.
O dia de ontem foi, neste aspecto, revelador. Draghi já tinha usado artilharia pesada para promover a procura na zona euro e pressionar os preços, iniciativas que foram bem recebidas mas insuficientes para mudar a tendência dos últimos meses. Mais recentemente, em Jackson Hole, o presidente do BCE alertou para as limitações da política monetária na recuperação da economia e pediu uma política orçamental mais expansiva dos países que têm condições para isso. Não, Portugal não está nesta lista. A polémica instalou-se, mas na verdade, Draghi disse ao que vinha.
Ontem, o mercado esperava pelo recurso a uma bazuca monetária, Draghi revelou o montante de aquisição de activos e isso foi recebido com desilusão pelos mercados, pelos investidores.
Queriam mais estímulos monetários, mas essa necessidade tem, e deve ter, outra leitura. Os investidores não acreditam na capacidade dos governos para recuperarem a economia, estão totalmente dependentes da força de Draghi. Mas basta ler o que se vai dizendo e escrevendo na Alemanha para perceber a camisa-de-forças que limita a acção do BCE. Se alguma coisa se pode dizer é que Draghi já pisou os limites do mandato que os líderes europeus concederam ao BCE no início de tudo, quando os estatutos da autoridade monetária europeia foram desenhados.
O BCE já avançou para a mutualização de dívida pública e privada - dos bancos - sem lhe dar esse nome. Draghi está a testar a paciência, e tolerância, do Tribunal Constitucional alemão e já há quem lhe exija uma intervenção que impeça a participação da Alemanha em algumas das decisões do BCE, o que, no limite, seria o mesmo que travar essas decisões.
As bolsas europeias caíram ontem de forma pronunciada, em resposta aos anúncios de Draghi. Mas quem deveria ler estes sinais com atenção são os governos, que não estão a fazer aquilo para o qual foram eleitos.
PS: Hoje é o dia E, de Espírito Santo Saúde. A oferta pública dos chineses da Fosun/Fidelidade sobre a área da saúde do GES só será conhecida na próxima sexta-feira, mas termina hoje o prazo para o registo de uma oferta concorrente. Os americanos que controlam a Amil estão a tentar usar uma porta lateral - legítima, até porque, se o fizerem com sucesso, serão obrigados a lançar uma oferta geral - mas a entrada é no mínimo estreita, até por causa dos pedidos de falência das várias empresas do grupo Espírito Santo, como a Rioforte. Se os americanos não conseguirem comprar directamente a participação do Novo Banco na sociedade que controla a ES Saúde, os chineses têm o caminho livre. E vão ganhar. É a confirmação de que Portugal passará definitivamente a ser o parceiro europeu da China. Tem riscos, como se vê pelo que se passa em Hong Kong, mas tem também muitas oportunidades.
António Costa
00.06 h
Económico
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