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É mentira? Se não fosse Cavaco Silva a dizê-lo...
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É mentira? Se não fosse Cavaco Silva a dizê-lo...
No primeiro dia do resto da vida política de António Costa, o autarca de Lisboa assumiu um discurso contido e municipal, e foi Cavaco Silva a protagonizar uma intervenção que vai durar mais do que umas horas.
Tentemos, por breves minutos, esquecer o protagonista, e centremo-nos na substância.
Em primeiro lugar, o retrato sobre a desconfiança dos portugueses em relação ao regime político e às suas instituições. É mentira? Mais do que na maior parte dos países da União Europeia, os portugueses mostram a sua distância em relação à vida política, e a abstenção nas eleições é o mais evidente dos sinais, mas não é o único. As primárias do PS, nesse aspecto, foram um raio de sol.
Em segundo lugar, os governos habituaram-se a fazer promessas que não podem cumprir, não é um pecado deste Governo, é uma regra de há muitos anos, que passou a ser mais percebida à medida que as dificuldades aumentavam e as necessidades de uma vida melhor também. É mentira? É fácil dizer que a desconfiança resulta de um programa de austeridade, do que a Europa não fez. Como se não tivéssemos sido contribuintes líquidos do estado a que chegamos.
Em terceiro lugar, os melhores não querem estar na vida política e na vida pública, preferem a atracção da vida privada, não apenas por causa dos salários, mas da forma como o próprio sistema está montado. E na administração pública esta realidade é ainda mais verdadeira. É mentira? Os partidos vivem em situação de cartel interno, dominado por cada líder que se segue e os seus apoiantes, a concorrência é coisa que não existe, nos partidos domina o carreirista e a necessidade de conservarem o poder ou de recuperarem o poder, para distribuir lugares.
Os líderes do arco da governação têm enormes dificuldades em assumir compromissos. É mentira? Os partidos mandam nos líderes, e mesmo os mais fortes estão limitados na sua capacidade de fazerem pactos, que põem em causa os lugares dos seus. Como é evidente, as condições de governabilidade, nestas circunstâncias, são sempre limitadas, mesmo que, formalmente, seja possível cumprir um mandato. Mais ainda quando o quadro europeu não facilita. E mesmo com eventuais leituras inteligentes do Tratado Orçamental, Portugal tem um problema de finanças públicas, e de despesa, que ainda está longe de resolver.
Voltemos ao protagonista, Cavaco Silva. O tempo corre contra ele, termina no início de 2016 o mandato sem fama nem glória. Com um novo líder do PS ao seu lado, um líder de facto e ainda não de lei, Cavaco olhou para frente, mas acabou por dizer-nos o que se passou lá atrás. O homem que ganhou maiorias absolutas é o presidente mais impopular da Democracia. É esse é o único problema deste discurso. É também a confissão pública de impotência e incompetência para mudar o regime político em que vivemos. Tentou em Junho do ano passado, já tarde, e falhou. Pediu, este ano, um novo acordo e vai falhar. Precisará o presidente de mais poderes? Talvez, mas Cavaco sabe que já não será para a sua vida política.
O regime político tem de mudar? Sim, e tem de mudar antes que seja tarde.
António Costa
00.05 h
Económico
Tentemos, por breves minutos, esquecer o protagonista, e centremo-nos na substância.
Em primeiro lugar, o retrato sobre a desconfiança dos portugueses em relação ao regime político e às suas instituições. É mentira? Mais do que na maior parte dos países da União Europeia, os portugueses mostram a sua distância em relação à vida política, e a abstenção nas eleições é o mais evidente dos sinais, mas não é o único. As primárias do PS, nesse aspecto, foram um raio de sol.
Em segundo lugar, os governos habituaram-se a fazer promessas que não podem cumprir, não é um pecado deste Governo, é uma regra de há muitos anos, que passou a ser mais percebida à medida que as dificuldades aumentavam e as necessidades de uma vida melhor também. É mentira? É fácil dizer que a desconfiança resulta de um programa de austeridade, do que a Europa não fez. Como se não tivéssemos sido contribuintes líquidos do estado a que chegamos.
Em terceiro lugar, os melhores não querem estar na vida política e na vida pública, preferem a atracção da vida privada, não apenas por causa dos salários, mas da forma como o próprio sistema está montado. E na administração pública esta realidade é ainda mais verdadeira. É mentira? Os partidos vivem em situação de cartel interno, dominado por cada líder que se segue e os seus apoiantes, a concorrência é coisa que não existe, nos partidos domina o carreirista e a necessidade de conservarem o poder ou de recuperarem o poder, para distribuir lugares.
Os líderes do arco da governação têm enormes dificuldades em assumir compromissos. É mentira? Os partidos mandam nos líderes, e mesmo os mais fortes estão limitados na sua capacidade de fazerem pactos, que põem em causa os lugares dos seus. Como é evidente, as condições de governabilidade, nestas circunstâncias, são sempre limitadas, mesmo que, formalmente, seja possível cumprir um mandato. Mais ainda quando o quadro europeu não facilita. E mesmo com eventuais leituras inteligentes do Tratado Orçamental, Portugal tem um problema de finanças públicas, e de despesa, que ainda está longe de resolver.
Voltemos ao protagonista, Cavaco Silva. O tempo corre contra ele, termina no início de 2016 o mandato sem fama nem glória. Com um novo líder do PS ao seu lado, um líder de facto e ainda não de lei, Cavaco olhou para frente, mas acabou por dizer-nos o que se passou lá atrás. O homem que ganhou maiorias absolutas é o presidente mais impopular da Democracia. É esse é o único problema deste discurso. É também a confissão pública de impotência e incompetência para mudar o regime político em que vivemos. Tentou em Junho do ano passado, já tarde, e falhou. Pediu, este ano, um novo acordo e vai falhar. Precisará o presidente de mais poderes? Talvez, mas Cavaco sabe que já não será para a sua vida política.
O regime político tem de mudar? Sim, e tem de mudar antes que seja tarde.
António Costa
00.05 h
Económico
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