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‘Lollypop’
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‘Lollypop’
Em Portugal a cultura é vista como um ‘lollypop’, um doce de fim de festa que se dá a lamber aos que tiveram direito a entrar na mesma.
Alguém pode levar, assim só para mostrar um exemplo, o nosso Executivo a visitar os museus dos homens e mulheres de Bloomsbury, ali ao país vizinho? Assim como fizeram os espíritos de Dickens ao velho Scrooge, para verem a elevada receita de verbas que Inglaterra gera por ano, provenientes das edições, entradas nos museus, aquisição de ‘souvenirs', incremento turístico e afins, à custa da Cultura? Seria só para perceberem que em tempos de paz, a mais lucrativa actividade económica é, numa atitude de vistas largas, a actividade cultural e o pensamento a partir daí gerado, numa aposta clara não só nos organismos e pessoas ligadas às artes e à cultura, assim como nas instituições de ensino, públicas e privadas, enfim, nisso que podemos designar como "a instituição humana". Claro que o grupo de Bloomsbury teve Keynes, um homem sábio da Economia (e nós não temos), a orientar governantes e a financiar o grupo (ou caso contrário, talvez quase nada se publicasse dos Woolf e amigos próximos, nem exposições haveria, ou teatros, etc., e Inglaterra não teria o sucesso turístico que tem hoje), um homem apaixonado pela cultura e pelo seu país, que defendeu até à última instância de que é pela arte e pela cultura que se compreende o comportamento humano, para bom funcionamento e incremento das instituições e, deste modo, solidificar fontes de lucro no futuro que é sempre próximo.
O ‘marketing', afilhado de um capitalismo cego (e a cegueira sempre acaba por levar ao esbarramento contra muros inultrapassáveis e ao barramento da esperança e da possibilidade) é uma ferramenta para a imediatez, o morteiro das romarias, o simpático e retorcido diabinho da mão furada de que nos fala o Judeu e que acaba por conduzir à miséria quem nele acredita; porém, parece ter sido uma espécie de bíblia para os governantes da actualidade, que mais uma vez abdicam de sentir e amar o país, a favor de cálculos feitos por pessoas alheias à nossa cultura, aos nossos artistas, às nossas universidades (sim, sim, há pensamento, nomeadamente económico, que está a ser gerado nas nossas universidades!) e que ainda têm a ousadia de sequer concordarem com o mísero aumento do nosso mísero salário mínimo nacional. Esses senhores não sabem quem foi Amadeo de Souza Cardoso, nem Leonardo Coimbra, nem António Sérgio, nem Josefa d'Óbidos e nem nos amam!
Por isso, novamente o estreitar da sempre magra fatia (e já com umas poucas de bocas famintas escancaradas, já buracos no nosso rosto) destinada à Cultura no OE para o próximo ano. Dos 219 milhões de euros, 170 irão para o Património (pouco, muito pouco!), outra fatia para as três OPART em Lisboa, e por fim, um "chupa-chupa" para o Fundo de Fomento Cultural: e isto obriga-me a dizer que em Portugal a cultura é vista como um lollypop, um doce de fim de festa que se dá a lamber aos que tiveram direito a entrar na mesma (com um mar de artistas e investigadores a reclamar fora do portão, o que parece, também, não importar muito aos convivas). Um lollypop não deixa história. Sem paixão não há Economia. Esperemos é que as cerca de três centenas de Câmaras deste país continuem a suportar os inúmeros movimentos e acções culturais que estão a emergir de Norte a Sul de Portugal. Têm uma lógica ilógica e simples: a paixão pelo seu "cantinho" e a consciência do muito ainda a fazer pela Cultura.
Luísa Monteiro
00.05 h
Económico
Alguém pode levar, assim só para mostrar um exemplo, o nosso Executivo a visitar os museus dos homens e mulheres de Bloomsbury, ali ao país vizinho? Assim como fizeram os espíritos de Dickens ao velho Scrooge, para verem a elevada receita de verbas que Inglaterra gera por ano, provenientes das edições, entradas nos museus, aquisição de ‘souvenirs', incremento turístico e afins, à custa da Cultura? Seria só para perceberem que em tempos de paz, a mais lucrativa actividade económica é, numa atitude de vistas largas, a actividade cultural e o pensamento a partir daí gerado, numa aposta clara não só nos organismos e pessoas ligadas às artes e à cultura, assim como nas instituições de ensino, públicas e privadas, enfim, nisso que podemos designar como "a instituição humana". Claro que o grupo de Bloomsbury teve Keynes, um homem sábio da Economia (e nós não temos), a orientar governantes e a financiar o grupo (ou caso contrário, talvez quase nada se publicasse dos Woolf e amigos próximos, nem exposições haveria, ou teatros, etc., e Inglaterra não teria o sucesso turístico que tem hoje), um homem apaixonado pela cultura e pelo seu país, que defendeu até à última instância de que é pela arte e pela cultura que se compreende o comportamento humano, para bom funcionamento e incremento das instituições e, deste modo, solidificar fontes de lucro no futuro que é sempre próximo.
O ‘marketing', afilhado de um capitalismo cego (e a cegueira sempre acaba por levar ao esbarramento contra muros inultrapassáveis e ao barramento da esperança e da possibilidade) é uma ferramenta para a imediatez, o morteiro das romarias, o simpático e retorcido diabinho da mão furada de que nos fala o Judeu e que acaba por conduzir à miséria quem nele acredita; porém, parece ter sido uma espécie de bíblia para os governantes da actualidade, que mais uma vez abdicam de sentir e amar o país, a favor de cálculos feitos por pessoas alheias à nossa cultura, aos nossos artistas, às nossas universidades (sim, sim, há pensamento, nomeadamente económico, que está a ser gerado nas nossas universidades!) e que ainda têm a ousadia de sequer concordarem com o mísero aumento do nosso mísero salário mínimo nacional. Esses senhores não sabem quem foi Amadeo de Souza Cardoso, nem Leonardo Coimbra, nem António Sérgio, nem Josefa d'Óbidos e nem nos amam!
Por isso, novamente o estreitar da sempre magra fatia (e já com umas poucas de bocas famintas escancaradas, já buracos no nosso rosto) destinada à Cultura no OE para o próximo ano. Dos 219 milhões de euros, 170 irão para o Património (pouco, muito pouco!), outra fatia para as três OPART em Lisboa, e por fim, um "chupa-chupa" para o Fundo de Fomento Cultural: e isto obriga-me a dizer que em Portugal a cultura é vista como um lollypop, um doce de fim de festa que se dá a lamber aos que tiveram direito a entrar na mesma (com um mar de artistas e investigadores a reclamar fora do portão, o que parece, também, não importar muito aos convivas). Um lollypop não deixa história. Sem paixão não há Economia. Esperemos é que as cerca de três centenas de Câmaras deste país continuem a suportar os inúmeros movimentos e acções culturais que estão a emergir de Norte a Sul de Portugal. Têm uma lógica ilógica e simples: a paixão pelo seu "cantinho" e a consciência do muito ainda a fazer pela Cultura.
Luísa Monteiro
00.05 h
Económico
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