Sérgio Monteiro: “Não houve um único privado interessado em investir em Setúbal”

Foi animada a conferência que a Ordem dos Engenheiros promoveu, esta terça-feira, na sua sede em Lisboa, sobre a hipótese Barreiro como localização do novo terminal de contentores de Lisboa. 

A sessão contou com vários intervenientes, tanto intervenientes e especialistas portuários como engenheiros, e, grosso modo, a hipótese Barreiro foi apresentada como uma solução débil. E o porto de Setúbal, como alternativa a um investimento na margem sul do Tejo, foi defendida por vários oradores.

Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, valorizou a importância de “discutir este assunto antes de tomar a decisão, porque ainda não está tomada”, mas deixou algumas notas que considerou desfavoráveis a Setúbal. A começar pelo desinteresse privado. “Não houve até ao momento um único investidor privado interessado em investir em Setúbal”, assegurou o governante, salientando que “houve interessados para a Trafaria e há para o Barreiro”.

Outro ponto fraco apontado por Sérgio Monteiro à hipótese Barreiro esteve ligada aos fundos comunitários: “Lisboa está na rede principal [rede core da RTE-T], Setúbal não. A probabilidade de haver fundos comunitários é muito maior para um projeto na área de Lisboa do que na área de Setúbal”.

Apesar de apresentar ideias que, na sua opinião, enfraquecem a hipótese Setúbal, Sérgio Monteiro em momento algum deixou claro que esta é uma solução fora de hipótese. E até realçou que, mesmo que seja construído algo novo na margem sul do Tejo, esse novo terminal não terá de ser mau para Setúbal e para o mercado. “Se pudéssemos ter dois terminais, um no Barreiro e um em Setúbal, era mau? Era mau para a concorrência? Era mau para os custos?”, questionou.


“Teste ácido é feito pelo mercado”

Não foi só sobre um possível novo terminal no Barreiro ou a aposta no que já existe em Setúbal que Sérgio Monteiro falou. As hipóteses Mar da Palha e Algés também foram abordadas na sua intervenção, embora de forma depreciativa: “A solução Mar da Palha foi considerada inoportuna por vários motivos e Algés colocava a necessidade de negociar espaços privados quando há inúmeros espaços de jurisdição da APL”.

Já sobre a Trafaria, que chegou a ser dada como certa como localização futura do novo terminal, Sérgio Monteiro referiu que “estava de acordo aos instrumentos de ordenamento do território mas gerou-se a discussão pública que todos sabem”.

“Estamos há muito na fase do diagnóstico, algum dia precisamos de decidir senão ficaremos literalmente a ver passar navios”, realçou o secretário de Estado dos Transportes, acrescentando: “Colocámos para trás a hipótese Trafaria e se não acharmos oportuno colocaremos o Barreiro para trás também. Pode ser em Setúbal ou noutro sítio, certo é que não vamos escolher a localização por decreto”.

Na sua intervenção, Sérgio Monteiro lembrou uma ideia chave deste Governo, a de que que “no setor portuário devem ser os privados a investir”, algo que na sua opinião dá força ao Barreiro, por já ter conhecimento de “interesse privado”. E foi mais longe, referindo que “quanto mais operadores e terminais, melhor”.

“O teste ácido é feito pelo mercado e é a viabilidade que o mercado atribuir ao terminal que vai decidir”, concluiu.

A decisão oficial, recorde-se, está prevista para o início de 2015.

LEIA A PEÇA NA ÍNTEGRA NO PRÓXIMO NÚMERO DA REVISTA CARGO! 

05/11/2014
CARGO Edições,Lda © 2014