Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 342 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 342 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Ignorar o futuro
Página 1 de 1
Ignorar o futuro
Em Portugal existe a tendência para ignorar deliberadamente o futuro. Há muitas coisas - a maior parte - que não se podem prever com um razoável grau de probabilidade; outras são praticamente certas, mas esforçamo-nos por não as ver. Se a provável realidade futura nos desagrada, não a encaramos.
Empresas muito endividadas facilmente vão parar a mãos estrangeiras
Embora só em 1997 se tenha confirmado que estaríamos entre os países fundadores do euro, sabíamos muito antes disso que deixar de desvalorizar o escudo para concorrer impunha concretizar outros e mais sólidos meios de ganhar competitividade. Poderá dizer-se que foi demasiado elevado o câmbio na troca do escudo pelo euro. Mas essa seria uma razão adicional para Estado, sindicatos e empresas se empenharem em cumprir as exigências da moeda única.
Mas nada disto aconteceu. Não conseguindo competir no mercado externo sem desvalorização, muitas empresas voltaram-se para o mercado interno, dos chamados bens não transaccionáveis (como a distribuição alimentar).
Sem surpresa, em 2001 a China entrou para a Organização Mundial do Comércio (OMC). Como era de esperar, a concorrência chinesa, baseada na altura em salários baixíssimos, pôs fora de combate inúmeras empresas em Portugal, cujas exportações assentavam na mão-de-obra barata. O problema foi particularmente sentido nos têxteis e no vestuário, até porque acabou em 2005 (como se sabia desde há muito) o acordo no quadro da OMC que permitia algum proteccionismo nesse sector.
Também sem qualquer surpresa desde a queda do muro de Berlim 15 anos antes, em 2004 entraram na União Europeia oito países da antiga órbita soviética. Com salários mais baixos mas com melhores índices de produtividade, vários desses países eram mais competitivos do que Portugal e estavam mais perto dos grandes mercados compradores. O investimento estrangeiro esqueceu então o nosso país, voltando-se para o Leste europeu.
É certo, e positivo, que algumas empresas nacionais de calçado e têxteis tenham conseguido vingar. Mas são uma minoria. As outras sabiam da concorrência que aí vinha, mas não se prepararam para ela. Tiveram de fechar ou de se deslocalizar para fora do país. Enquanto a mão-de-obra barata deu dinheiro, deixaram andar.
Temos agora um novo drama: empresas nacionais compradas, total ou parcialmente, por estrangeiros. Percebe-se a tristeza que tal suscita, mas qual é o espanto?
As empresas portuguesas são as mais endividadas da UE, superando em conjunto a dívida do Estado. Quando o crédito deixou de ser fácil e barato, muitas dívidas tornaram-se incomportáveis. Se não se consegue pagar as dívidas, então resta vender activos - no limite, a própria empresa.
Também aí não existe nada de surpreendente. Surpresa seria as nossas empresas não serem vendidas. Quem hoje se mostra incomodado por alguns dos nossos "campeões nacionais" irem para a mão de estrangeiros deveria ter-se preocupado, na altura própria, com o excesso de dívida empresarial. Não se quis encarar o futuro. Agora é tarde.
Francisco Sarsfield Cabral | 18/11/2014 23:31:26
SOL
Tópicos semelhantes
» IGNORAR O PRESENTE, COMPROMETER O FUTURO!
» Portugal não pode “ignorar” possibilidade de corte no rating da DBRS
» No futuro
» Portugal não pode “ignorar” possibilidade de corte no rating da DBRS
» No futuro
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin