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O ano de todos os medos
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O ano de todos os medos
O que a justiça fizer bem (ou mal) pode ser uma das maiores revoluções no país. E não por encher o peito e fazer frente a poderosos: simplesmente porque pode provar (ou não) que merece o respeito e a confiança do país.
O ano que se avizinha tem tudo para ser um ano em grande: de grandes rupturas, de grandes oportunidades, grandes evoluções, mas é também um ano de grandes riscos e, com eles, também podem vir grandes falhanços e ainda maiores desilusões.
Na governação, na justiça, na política, na economia, nas empresas - tudo o que tem de correr bem está sob demasiada pressão para que tudo corra mal. E não faltam motivos para receios. Depois de um ano em que os olhos da justiça parecem ter perdido a venda e descobriram as vias para chegar a centros de poder até então intocáveis, o país viu banqueiros destituídos e privados dos seus cadeirões, gestores de empresas cotadas em bolsa condenados a prisão efectiva, um ex-primeiro-ministro cercado por suspeitas e suspeitos, juízes e inspectores a assumirem protagonismos que o país estava mais habituado a testemunhar em séries de televisão. Todos eles vão entrar em 2015 com os seus destinos em aberto, algemados a presunções de inocência até que os investigadores provem as suas culpas.
O próximo ano será, por isso, o ano em que a justiça terá de provar que não foi apenas espalhafatosa: tem de provar que está a agir com competência, rigor, que não deu espaço a abusos ou injustiças. Pior que ter um país a descobrir que todas acusações a Salgado ou Sócrates ou outras figuras mediáticas são verdadeiras, é esse mesmo país descobrir que a justiça na qual confia (ou deve confiar) errou, cometeu abusos, aniquilou reputações, foi injusta. O que a justiça fizer bem (ou mal) pode ser uma das maiores revoluções de poder no país. E não é por encher o peito e fazer frente a poderosos: é simplesmente porque pode provar (ou não) que o seu verdadeiro poder merece o respeito e confiança do país.
A política prepara-se para ser outro campo minado este ano. E as legislativas vão ser um teste decisivo: à nova liderança socialista e aos planos de António Costa, à resistência do Governo, à solidez da coligação de Passos e Portas, à sobrevivência dos novos fenómenos partidários com posições mais ou menos extremistas, à própria coesão da Europa e das suas diferentes forças. Duelos que irão usar todas as armas disponíveis, a começar pela economia e pelas finanças públicas. É ingénuo acreditar que os partidos não vão cair na tentação populista de prometer aos portugueses aquilo que o país ainda não pode dar. O que não é mais do que mais uma armadilha. Com o ajustamento financeiro ainda por concluir, uma execução orçamental ainda arriscada e muitos indicadores ainda com pulsação fraca, há espaço para muitas imprudências que podem atirar o país de novo ao charco.
Quem formar Governo no próximo ano tem, por isso, muitos desafios pela frente. A começar por um compromisso difícil de atingir: garantir que os portugueses já podem recuperar parte do que perderam nos últimos anos, ao mesmo que se cumpre o esforço leonino de pagar uma dívida colossal e se honram os acordos com credores. E isto, claro, sem saber ainda se, a partir do próximo ano, os novos partidos e movimentos não vão romper com a habitual disposição das bancadas no Parlamento. Os portugueses preparam-se assim para fechar as portas a 2014 com muitas questões em aberto. Há muito a recear, muito a temer, mas também muito para fazer e criar. Resta uma boa notícia: seja qual for esse desfecho, está nas mãos dos portugueses decidi-lo. Não apenas de quem governa, de quem financia ou de quem julga, mas sobretudo de quem elege, de quem cumpre e de quem escrutina.
Helena Cristina Coelho
00.05 h
Económico
O ano que se avizinha tem tudo para ser um ano em grande: de grandes rupturas, de grandes oportunidades, grandes evoluções, mas é também um ano de grandes riscos e, com eles, também podem vir grandes falhanços e ainda maiores desilusões.
Na governação, na justiça, na política, na economia, nas empresas - tudo o que tem de correr bem está sob demasiada pressão para que tudo corra mal. E não faltam motivos para receios. Depois de um ano em que os olhos da justiça parecem ter perdido a venda e descobriram as vias para chegar a centros de poder até então intocáveis, o país viu banqueiros destituídos e privados dos seus cadeirões, gestores de empresas cotadas em bolsa condenados a prisão efectiva, um ex-primeiro-ministro cercado por suspeitas e suspeitos, juízes e inspectores a assumirem protagonismos que o país estava mais habituado a testemunhar em séries de televisão. Todos eles vão entrar em 2015 com os seus destinos em aberto, algemados a presunções de inocência até que os investigadores provem as suas culpas.
O próximo ano será, por isso, o ano em que a justiça terá de provar que não foi apenas espalhafatosa: tem de provar que está a agir com competência, rigor, que não deu espaço a abusos ou injustiças. Pior que ter um país a descobrir que todas acusações a Salgado ou Sócrates ou outras figuras mediáticas são verdadeiras, é esse mesmo país descobrir que a justiça na qual confia (ou deve confiar) errou, cometeu abusos, aniquilou reputações, foi injusta. O que a justiça fizer bem (ou mal) pode ser uma das maiores revoluções de poder no país. E não é por encher o peito e fazer frente a poderosos: é simplesmente porque pode provar (ou não) que o seu verdadeiro poder merece o respeito e confiança do país.
A política prepara-se para ser outro campo minado este ano. E as legislativas vão ser um teste decisivo: à nova liderança socialista e aos planos de António Costa, à resistência do Governo, à solidez da coligação de Passos e Portas, à sobrevivência dos novos fenómenos partidários com posições mais ou menos extremistas, à própria coesão da Europa e das suas diferentes forças. Duelos que irão usar todas as armas disponíveis, a começar pela economia e pelas finanças públicas. É ingénuo acreditar que os partidos não vão cair na tentação populista de prometer aos portugueses aquilo que o país ainda não pode dar. O que não é mais do que mais uma armadilha. Com o ajustamento financeiro ainda por concluir, uma execução orçamental ainda arriscada e muitos indicadores ainda com pulsação fraca, há espaço para muitas imprudências que podem atirar o país de novo ao charco.
Quem formar Governo no próximo ano tem, por isso, muitos desafios pela frente. A começar por um compromisso difícil de atingir: garantir que os portugueses já podem recuperar parte do que perderam nos últimos anos, ao mesmo que se cumpre o esforço leonino de pagar uma dívida colossal e se honram os acordos com credores. E isto, claro, sem saber ainda se, a partir do próximo ano, os novos partidos e movimentos não vão romper com a habitual disposição das bancadas no Parlamento. Os portugueses preparam-se assim para fechar as portas a 2014 com muitas questões em aberto. Há muito a recear, muito a temer, mas também muito para fazer e criar. Resta uma boa notícia: seja qual for esse desfecho, está nas mãos dos portugueses decidi-lo. Não apenas de quem governa, de quem financia ou de quem julga, mas sobretudo de quem elege, de quem cumpre e de quem escrutina.
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00.05 h
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