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Endoscopias institucionais
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Endoscopias institucionais
Só o jogo de tronos no principal banco do país permitiu pôr luz sobre umas práticas que, não por serem em alguns casos já imaginadas, continuam hoje a surpreender quando são descritas ao pormenor.
Os processos do BES e do antigo primeiro-ministro mostram as tripas de um país que, num tempo ainda recente, parecia rumar ao Paraíso, mas que acabou por ser um paraíso fiscal reservado só para alguns.
Só o jogo de tronos no principal banco do país permitiu pôr luz sobre umas práticas que, não por serem em alguns casos já imaginadas, continuam hoje a surpreender quando são descritas ao pormenor. Esse sentimento de surpresa mistura-se com uma certa indignação retroativa quando a audiência confronta os discursos e as promessas do passado com a sua triste realidade e acaba por amplificar-se perante os depoimentos dos protagonistas, autênticas pérolas do cinismo ilustrado, feitos a partir de lugares tão improváveis como são o Parlamento e a cadeia. Como dizia o meu compatriota e artista Santiago Rusiñol, quando um homem pede justiça o que na verdade quer é que lhe dêem a razão.
As sessões da Comissão Parlamentar e os depoimentos dos processados, que num mundo ideal deveriam constituir a memória da história, acabam por ser mais uma estória da memória, uma reconstrução da história, perante tantas lacunas, contradições e desmentidos. Não invejo minimamente o trabalho dos membros das Comissões ou dos tribunais, que perante uns processos com tão poucas luzes e tantas sombras, têm perante si um desafio colossal para separar os verdadeiros factos históricos das interpretações histéricas ou histriónicas com que permanentemente nos regalam os seus protagonistas.
Mas a parte intelectualmente mais desafiante é a interpretação dos motivos que nos levaram a esta situação, além das componentes mais óbvias ligadas aos interesses pessoais e à ganância intrínseca da condição humana. Do ponto de vista institucional, parece-me que estes casos são consequência da rigidez acumulada ao longo dos anos pelos instrumentos de supervisão, acompanhada de alguma fragilidade na capacidade de execução normativa. Do ponto de vista da personalidade dos protagonistas, a parte para mim mais fascinante é comprovar como o peso da sua identidade acaba por se sobrepor à racionalidade, privilegiando o caráter tático das suas decisões, construindo barreiras para defender os seus privilégios e confiando que os castelos de naipes não acabarão por se derrubar.
A teoria das maçãs podres é cada vez mais insustentável e, como referia há dias um jornal espanhol, o problema não são as maçãs; é o cesto.
Xavier Rodríguez Martín
00.05 h
Económico
Os processos do BES e do antigo primeiro-ministro mostram as tripas de um país que, num tempo ainda recente, parecia rumar ao Paraíso, mas que acabou por ser um paraíso fiscal reservado só para alguns.
Só o jogo de tronos no principal banco do país permitiu pôr luz sobre umas práticas que, não por serem em alguns casos já imaginadas, continuam hoje a surpreender quando são descritas ao pormenor. Esse sentimento de surpresa mistura-se com uma certa indignação retroativa quando a audiência confronta os discursos e as promessas do passado com a sua triste realidade e acaba por amplificar-se perante os depoimentos dos protagonistas, autênticas pérolas do cinismo ilustrado, feitos a partir de lugares tão improváveis como são o Parlamento e a cadeia. Como dizia o meu compatriota e artista Santiago Rusiñol, quando um homem pede justiça o que na verdade quer é que lhe dêem a razão.
As sessões da Comissão Parlamentar e os depoimentos dos processados, que num mundo ideal deveriam constituir a memória da história, acabam por ser mais uma estória da memória, uma reconstrução da história, perante tantas lacunas, contradições e desmentidos. Não invejo minimamente o trabalho dos membros das Comissões ou dos tribunais, que perante uns processos com tão poucas luzes e tantas sombras, têm perante si um desafio colossal para separar os verdadeiros factos históricos das interpretações histéricas ou histriónicas com que permanentemente nos regalam os seus protagonistas.
Mas a parte intelectualmente mais desafiante é a interpretação dos motivos que nos levaram a esta situação, além das componentes mais óbvias ligadas aos interesses pessoais e à ganância intrínseca da condição humana. Do ponto de vista institucional, parece-me que estes casos são consequência da rigidez acumulada ao longo dos anos pelos instrumentos de supervisão, acompanhada de alguma fragilidade na capacidade de execução normativa. Do ponto de vista da personalidade dos protagonistas, a parte para mim mais fascinante é comprovar como o peso da sua identidade acaba por se sobrepor à racionalidade, privilegiando o caráter tático das suas decisões, construindo barreiras para defender os seus privilégios e confiando que os castelos de naipes não acabarão por se derrubar.
A teoria das maçãs podres é cada vez mais insustentável e, como referia há dias um jornal espanhol, o problema não são as maçãs; é o cesto.
Xavier Rodríguez Martín
00.05 h
Económico
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