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Gas Station
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Gas Station
Entre as auspiciosas notícias sobre as recentes decisões do BCE, os funestos obituários originados na violência doméstica ou as ondas de choque do massacre de Paris, parece que Portugal tudo faz para esquecer a humilhação, até hoje sem resposta, que os EUA, ou um seu alto funcionário, lhe pretendeu fazer passar.
É que, se a base das Lajes passa a “estação de serviço”, os portugueses, cada um de nós, podem até passar a ser, honradamente, lavadores de aviões. Agora, os que elegemos, e ruidosamente se mantêm silenciosos, quando, ao final do dia, “ fizerem a caixa das lavagens “ talvez se perguntem se estiveram à altura das circunstâncias. E, sobretudo, se honraram o seu mandato!
Muitos de nós, entre os quais me incluo, são do tempo em que o mundo era mais simples. Um mundo bipolar, primeiro, e um mundo unipolar a seguir. O mundo, e com ele as relações de poder, mudou e a realidade hoje é, como a caracteriza António Guterres, outra, e cito:”… hoje não vivemos num mundo bipolar, não vivemos num mundo unipolar, mas também não vivemos num mundo multipolar. Vivemos num mundo relativamente caótico em que, continuando a não haver um sistema de governação a nível mundial, as relações de poder deixaram de ser claras e, quando isso acontece, criamos uma situação de imprevisibilidade e de impunidade”.
Ora, diria eu, é nestas situações que é exigível mais lucidez, maior independência e, sobretudo, coragem política.
Infelizmente múltiplos atores do nosso quotidiano têm procurado fazer crer, de formas múltiplas, que o que está em causa é uma questão que diz respeito à Ilha Terceira e, quando muito, aos Açores. Questão que, na sua substância, se reconduziria às questões do emprego e do rendimento das famílias.
Nada mais falso!
O que está em causa é os nossos decisores perceberem, ainda que tarde e a más horas (triste sina a nossa), que a “Guerra Fria” acabou e, por outro lado, e mais importante, fixarmos qual o nosso posicionamento estratégico, geoestratégico, no “mundo caótico” a que se aludiu antes.
Esta questão é puramente política e do mais nobre que a política pode encerrar, até porque estruturante da nossa posição no e perante o mundo para as próximas décadas.
Da mesma forma que foi uma decisão estruturante da nossa política externa e, nalguns casos, infelizmente da nossa política interna, a decisão de instalar a Base das Lajes, tomada nos anos quarenta do século XX.
A cedência feita por Portugal relativamente à Base das Lajes foi determinante para que Portugal, apesar de viver em ditadura, integrasse a NATO desde a sua fundação, como foi essencial para assegurar o êxito dos EUA em muitos conflitos regionais do último quartel do século XX, e terá sido até relevante para a concretização de algumas missões de que ninguém se orgulhará especialmente.
A questão é saber se, enquanto país, sabemos o que queremos. Acontece que as notícias motivadas por esta questão parecem evidenciar que não saberemos.
Notícias não desmentidas dão conta que o risco de uma decisão deste tipo ser tomada é conhecido há pelo menos três anos e que, durante esse período, Portugal terá feito pouco para influenciar as decisões, ou seja, para defender os seus interesses enquanto país.
Não estão em causa as relações com os EUA, nem um qualquer disparatado conflito sem sentido.
O que está em causa é sabermos o que queremos, dizê-lo com clareza, em público e em privado, e negociar para a obtenção dos melhores resultados de acordo com os nossos interesses. O que parece resultar de tudo o que temos lido é que nada disto terá acontecido, com as consequências que se conhecem.
Da soberania e da afirmação geoestratégica do país parece que ninguém trata.
Das pessoas, do seu emprego e sobrevivência, da sua capacidade para acreditar no futuro, parece ser preocupação e tarefa exclusiva das autoridades locais e regionais.
Confesso que, nestas circunstâncias, só me ocorrem as antigas imagens do ministerial corrupio a caminho do martirizado Vale do Ave.
Portugal sempre foi o seu território e a sua capacidade de ir além dele. E, no seu território, Portugal, na sua pluralidade territorial, sempre foi, e será cada vez mais, o Atlântico que nos forjou na dureza das suas vagas, mas também no cosmopolitismo que nos proporciona há mais de cinco séculos, fazendo de nós um povo que faz do mundo a sua casa ou, citando Miguel Torga
Ter destino é não caber no berço
Onde o corpo nasceu
É transpor as fronteiras uma a uma
E morrer sem nenhuma,
Às lançadas à bruma
A cuidar que a ilusão é que venceu
Luís Parreirão
Gestor
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