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Marxistas errantes, ziguezagueantes e diletantes
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Marxistas errantes, ziguezagueantes e diletantes
Atente-se no caso da dívida grega, uns astronómicos 315 mil milhões de euros, 175% do PIB. Primeiro era cortar a direito, agora Varoufakis vem substituir a dívida por obrigações indexadas ao crescimento nominal da economia
Há um velho panfleto comunista que se chama "Esquerdismo, doença infantil do comunismo". O texto, escrito pela mão de Vladimir Ilitch Ulianov, Lenine esse mesmo, criticava os esquerdistas que desdenhavam a realidade concreta.
Escreveu Lenine: "rejeitar os compromissos por princípio, negar a legitimidade de qualquer compromisso, em geral, constituiu uma infantilidade que é inclusivamente difícil de levar a sério." Noutro excerto, que Álvaro Cunhal citaria nas suas obras, Lenine admitia que "a fase revolucionária é a repetição das palavras de ordem revolucionárias (..) palavras de ordem excelentes, que estimulam e embriagam, mas desprovidas de base sólida, tal a essência da fase revolucionária." Isto explica muita coisa. Desde logo, a sugestiva moderação do PCP na ressaca da vitória do Syriza.
Certamente uma moderação alicerçada na ortodoxia da experiência, e que contrasta com a euforia infantil dos esquerdismos nacionais protagonizados pelo PS e pelo Bloco. Lenine percebeu que precisava de aliados para que a revolução fosse bem-sucedida - e teve Brest-Litovski. Tsipras e o Syriza só agora começam a perceber que o combate aos oligarcas ou à redução da dívida não se faz contra os aliados. Talvez por isso, e continuando a pedir emprestada a retórica de inspiração comunista, é que depois do grande salto em frente do povo grego, o governo se esteja a preparar para oferecer uma grande marcha atrás. Atente-se no caso da dívida grega, uns astronómicos 315 mil milhões de euros, 175% do PIB. Primeiro era para cortar a direito, e foi essa promessa que foi inscrita no programa do Syriza.
Mas agora, a conversa é outra. Yanis Varoufakis, o ministro das finanças também conhecido como "marxista errático" (palavras dele), tirou esteroides ao discurso político e pretende substituir a divida por obrigações indexadas ao crescimento nominal da economia. Veremos como reagem aos credores a esta proposta.
Certo é que tal como na economia familiar, só há três formas de acabar com as dívidas. Ou se prolongam as maturidades (o que na Grécia já aconteceu exaustivamente e de certa forma volta a ser pedido); ou se vendem ativos para abater passivos (plano de privatizações esteve em marcha); ou não se pede mais emprestado e fazem-se mais uns quantos furos no cinto. O problema deste governo grego, resumido no tweet do ex-primeiro-ministro sueco, é que foi eleito com base em promessas que só podem ser pagas com o dinheiro dos outros. Os outros são os europeus. E os europeus também somos nós, portugueses, a quem os gregos devem 1,1 mil milhões de euros. É que esta narrativa da solidariedade para com o povo grego é atraente - e todos somos solidários com os esforços dos gregos (embora o governo de Atenas tenha dado uma amostra da sua magnânima solidariedade na questão russa). O ponto é que a solidariedade é uma estrada com dois sentidos, e a chantagem de que os gregos se dizem vítimas por parte dos credores é tão maligna como a chantagem do "não pagamos!" que o governo radical fez sobre os povos europeus.
Repito: não sobre a Alemanha ou sobre os ricos, mas sobre todos os membros do euro, onde se encontram povos, como o português, que passaram por enormes dificuldades para honrar os seus compromissos. Tal como a Grécia, as restantes nações do euro também têm governos legítimos para defender os interesses dos cidadãos. Isto conduz-nos diretamente ao que está verdadeiramente em causa na resposta europeia à Grécia: a confrontação dos governos moderados face aos governos dos extremos.
Pedro Passos Coelho, como muitos líderes socialistas ou sociais-democratas por essa europa fora, mostrou bem de que lado da barricada deve estar um governo moderado, de um país tolerante e democrático. Já o ziguezagueante António Costa foi do Syriza, para não ser do Pasok. E talvez daqui a uns meses venha a ser do Podemos para não ser do PSOE.
Isto é mais do que oportunismo, é uma forma de fazer política. Costa quer aproveitar sempre a boleia dos vencedores do momento, mesmo que sejam eles os coveiros do futuro.
Escreve à quarta-feira
Por Carlos Carreiras
publicado em 4 Fev 2015 - 08:00
Jornal i
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