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Zero vírgula nove
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Zero vírgula nove
Dados publicados há dias pelo Instituto Nacional de Estatística revelaram que em 2014 o PIB português cresceu 0,9%, em resultado - nas palavras dos técnicos do INE - da recuperação da procura interna.
Trata-se de uma variação idêntica à variação média do PIB no espaço da zona euro em 2014 (+0,9%), porém, trata-se também de um crescimento inferior ao crescimento médio registado no conjunto da União Europeia (+1,4%). Regresso, assim, à pergunta que aqui já havia deixado na semana passada: está o copo meio cheio ou meio vazio? Ora, sabemos que a economia portuguesa está inserida numa união económica e monetária muito exigente. E neste domínio, é de notar que a taxa de crescimento homólogo do PIB português no quarto trimestre de 2014 foi superior ao de França, Itália, Áustria e Finlândia. Desta forma, à nossa escala, fizemos melhor que muitos outros, e no balanço do ano fizemos igual à média dos restantes membros deste exigente clube. Registe-se ainda que 2014 marcou o regresso de Portugal ao crescimento económico - após a recessão de 2011, 2012 e 2013 -, e tal aconteceu em equilíbrio externo. Mas será este crescimento suficiente?
Voltemos então ao copo meio cheio ou meio vazio. Ora, a resposta, de um ponto de vista estrutural, é o meio vazio. Desde a introdução física do euro em 2002, o comportamento da economia portuguesa tem sido caracterizado pela estagnação. Na realidade, a soma das taxas de variação do PIB (em volume) desde então, contemplando já o crescimento de 0,9% em 2014, dá zero. A mesma soma relativamente à zona euro dá +11%. É esta a diferença média desde 2002, entre o que nós não crescemos e o que os outros na zona euro em média cresceram. E atenção, apenas a Grécia e a Itália obtiveram registos piores do que o nosso, sendo que partiram de bases superiores à nossa. Para que o copo estivesse (meio) cheio, Portugal deveria estar a crescer a 2% ou mais, a fim de reduzir a diferença acumulada que nos separa da zona euro. Evidentemente, tudo isto é mais fácil dito do que feito, e por isso, há que atingir as condições que permitam um crescimento dessa magnitude. A variável chave da equação chama-se investimento.
Em 2002, por altura da introdução física do euro, o investimento total (formação bruta de capital fixo) na economia portuguesa era equivalente a 26% do PIB (dados do Eurostat) contra 20% no espaço da zona euro. Em 2012, estávamos em 16% e 19%, respectivamente. É precisamente esta divergência que tem de ser endereçada: enquanto o investimento total na zona euro permaneceu relativamente inalterado em redor de 20% do PIB, em Portugal o decréscimo foi acentuado. Enfim, é com mais e melhor investimento que a produtividade média da economia portuguesa melhorará, e consequentemente melhorando também o potencial do seu crescimento económico. Como pequena economia muito aberta ao exterior, a procura externa será essencial. Porém, atendendo a que o PIB nacional resulta essencialmente da procura interna, o sector exportador, apenas e só, não será suficiente. Encontrando-se a despesa pública fortemente restringida nos próximos anos - e não existindo evidência em Portugal (bem pelo contrário) de que o consumo público seja bem aplicado - a compensação terá de ser proporcionada pelo aumento do investimento, e preferencialmente investimento privado.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
Trata-se de uma variação idêntica à variação média do PIB no espaço da zona euro em 2014 (+0,9%), porém, trata-se também de um crescimento inferior ao crescimento médio registado no conjunto da União Europeia (+1,4%). Regresso, assim, à pergunta que aqui já havia deixado na semana passada: está o copo meio cheio ou meio vazio? Ora, sabemos que a economia portuguesa está inserida numa união económica e monetária muito exigente. E neste domínio, é de notar que a taxa de crescimento homólogo do PIB português no quarto trimestre de 2014 foi superior ao de França, Itália, Áustria e Finlândia. Desta forma, à nossa escala, fizemos melhor que muitos outros, e no balanço do ano fizemos igual à média dos restantes membros deste exigente clube. Registe-se ainda que 2014 marcou o regresso de Portugal ao crescimento económico - após a recessão de 2011, 2012 e 2013 -, e tal aconteceu em equilíbrio externo. Mas será este crescimento suficiente?
Voltemos então ao copo meio cheio ou meio vazio. Ora, a resposta, de um ponto de vista estrutural, é o meio vazio. Desde a introdução física do euro em 2002, o comportamento da economia portuguesa tem sido caracterizado pela estagnação. Na realidade, a soma das taxas de variação do PIB (em volume) desde então, contemplando já o crescimento de 0,9% em 2014, dá zero. A mesma soma relativamente à zona euro dá +11%. É esta a diferença média desde 2002, entre o que nós não crescemos e o que os outros na zona euro em média cresceram. E atenção, apenas a Grécia e a Itália obtiveram registos piores do que o nosso, sendo que partiram de bases superiores à nossa. Para que o copo estivesse (meio) cheio, Portugal deveria estar a crescer a 2% ou mais, a fim de reduzir a diferença acumulada que nos separa da zona euro. Evidentemente, tudo isto é mais fácil dito do que feito, e por isso, há que atingir as condições que permitam um crescimento dessa magnitude. A variável chave da equação chama-se investimento.
Em 2002, por altura da introdução física do euro, o investimento total (formação bruta de capital fixo) na economia portuguesa era equivalente a 26% do PIB (dados do Eurostat) contra 20% no espaço da zona euro. Em 2012, estávamos em 16% e 19%, respectivamente. É precisamente esta divergência que tem de ser endereçada: enquanto o investimento total na zona euro permaneceu relativamente inalterado em redor de 20% do PIB, em Portugal o decréscimo foi acentuado. Enfim, é com mais e melhor investimento que a produtividade média da economia portuguesa melhorará, e consequentemente melhorando também o potencial do seu crescimento económico. Como pequena economia muito aberta ao exterior, a procura externa será essencial. Porém, atendendo a que o PIB nacional resulta essencialmente da procura interna, o sector exportador, apenas e só, não será suficiente. Encontrando-se a despesa pública fortemente restringida nos próximos anos - e não existindo evidência em Portugal (bem pelo contrário) de que o consumo público seja bem aplicado - a compensação terá de ser proporcionada pelo aumento do investimento, e preferencialmente investimento privado.
Ricardo Arroja
00.05 h
Económico
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