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Mensagem por Admin Ter Fev 24, 2015 11:27 pm

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1.  Grexit. Aproxima-se o fim do mês de Fevereiro e com ele o fim da permanência da Grécia no euro. O Eurogrupo revelou-se inflexível: só aceita discutir medidas alívio da dívida grega no quadro do programa já acordado; e não existirá alívio sem contrapartidas. É como não podia deixar de ser! Outra qualquer solução seria o fim do euro.

Ser revolucionário é incompatível com estar no euro, a não ser que a revolução ocorra em toda a área da moeda única
2. Democracia. Ouvi o líder do partido Livre dizer qualquer coisa com este sentido (peço desde já desculpa se distorço as suas palavras): um partido ganha as eleições e implementa dadas políticas; vêm outras eleições e outro partido é vencedor que, com toda a legitimidade, deve poder prosseguir outras políticas diametralmente opostas. É a democracia em acção, dir-se-á.

Este é o tema mais interessante com que a crise grega nos confronta: a pertença ao euro limita o âmbito das escolhas admissíveis aos diferentes eleitorados; é como se existisse uma soberania partilhada e, portanto, limitada. Mas a situação não é muito diferente daquela que nos defrontamos sendo solteiros ou casados: a coabitação implica compromisso e portanto cerceamento da liberdade de cada um. Podemos sempre não casar ou, então, separarmo-nos.

3. Revolução e o euro. O PCP quer declaradamente sair do euro. Suspeito que o BE também o quer, embora tacticamente o negue. O Syriza sempre o quis até à véspera das eleições. Ser revolucionário é incompatível com estar no euro, a não ser que a revolução ocorra em toda a área da moeda única.

4. Antropomorfismos. O Dr. Bruto da Costa, pessoa que muito respeito, acusou em entrevista recente o Governo de absoluta falta de personalidade política. Atribuir características de pessoas a grupos , organizações ou países é tentador mas perigoso e redutor: o Brasil é corrupto, a Alemanha é trabalhadora etc, etc. Mais difícil se torna ainda antropomorfizar ideias ou políticas. O que revela mais personalidade: rejeitar ou aceitar? Obviamente depende: há rejeições que, ainda que magníficas e tonitruantes, apenas revelam recusa da realidade e conduzem ao abismo, e há aceitações que, apesar de submissas e até humilhantes, apenas traduzem a necessidade de sobreviver para poder lutar um outro dia.

Este artigo foi originalmente publicado na edição impressa de 20 de Fevereiro do SOL

 José Ferreira Machado | 24/02/2015 23:01:11
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