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Choque Inovação
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Choque Inovação
Na Europa volta-se a discutir a importância estratégica da inovação. Em tempo de crise, importa também em Portugal seguir o exemplo. Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira SOCIEDADE DA INOVAÇÃO é de forma clara antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante.
Há quinze anos, a Suécia e a Finlândia, cada qual na sua identidade operacional, colhiam os primeiros resultados duma “Aposta Estratégica Transversal da Sociedade” para os paradigmas da educação, inovação e conhecimento. Não basta – e nem é, aliás, a opção mais adequada – reiterar estes exemplos, e fazer dum exercício administrativo de benchmarketização do sucesso destes casos a mais natural matriz de opção estratégica para o nosso país. Realidades diferentes, com atores e envolventes diferentes, implicam naturalmente lógicas de atuação diferentes e no nosso caso isso é mais do que óbvio. O exercício, mais complexo, passa naturalmente, por uma “leitura” mais completa das variáveis em jogo e por uma verdadeira “estratégia intelectual” para o país.
Os “Centros de competência” do país (empresas, universidades, centros de I&D) têm que ser “orientados” para o valor.
O seu objetivo tem que ser o de induzir de forma efetiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com “valor” acrescentado suscetíveis de endogeneizar “massa crítica” no país. Só assim a lição de Porter entra em ação. A “internalização” e adopção por parte dos “atores do conhecimento” de práticas sustentadas de racionalização económica, aposta na criatividade produtiva e sustentação duma “plataforma de valor” com elevados graus de permanência é decisiva.
A “cooperação” estratégica entre setores, regiões, áreas de conhecimento, campos de tecnologia, não pode parar.
Vivemos a era da cooperação em competição e os alicerces da “vantagem competitiva” passam por este caminho. Sob pena de se alienar o “capital intelectual” de construção social de valor de que tanto nos fala Anthony Giddens neste tempo de (re)construção. Na economia global das nações, os “atores do conhecimento” têm que internalizar e desenvolver de forma efetiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efetiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projetos de cariz estratégico estruturante.
Importa fazer da inovação o “driver” da mudança no território. A desertificação do interior, a incapacidade das cidades médias de protagonizarem uma atitude de catalisação de mudança, de fixação de competências, de atração de investimento empresarial, são realidades marcantes que confirmam a ausência duma lógica estratégica consistente. Não se pode conceber uma aposta na competitividade estratégica do país sem entender e atender à coesão territorial, sendo por isso decisivo o sentido das efetivas apostas de desenvolvimento regional de consolidação de “clusters de conhecimento” sustentados.
Jaime Quesado
Presidente da ESPAP – Entidade dos Serviços Partilhados da Administração Pública
25 Fevereiro, 2015 00:05
OJE.pt
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