Investir em bons casamentos

O investimento estrangeiro é fruto do fortalecimento da confiança internacional na capacidade competitiva do tecido económico português.

No último "Global Competitiveness Report", publicado a 03.09.2014 pelo Fórum Económico Mundial, Portugal conseguiu subir 15 posições, surgindo no 36º lugar de uma lista de 144 países analisados. Tal deveu-se à melhoria da competitividade das suas empresas e da melhor alocação dos recursos de produção. Diversos fatores determinam os critérios da escolha privada no investimento, desde a segurança jurídica, à qualidade da administração pública, passando naturalmente pela qualidade do capital humano e das infraestruturas. 

Interessante é abordar a questão como uma melhoria do clima de investimento se traduz no aumento das efectivas decisões empresariais em investir nesse território. O investimento estrangeiro é fruto do fortalecimento da confiança internacional na capacidade competitiva do tecido económico português. Quando a envolvente empresarial é sólida, conduzindo ao aumento do investimento estrangeiro, esse é o melhor indicador da melhoria económica de um país. 

Um exemplo bem atua foi a recente apresentação do novo investimento da empresa alemã Bosch em Braga. Trata-se de tecnologia de ponta "made in Germany and Portugal". A Bosch Car Multimedia e a Universidade do Minho juntaram-se para o desenvolvimento da nova geração de equipamento de navegação, unindo a dupla inovação dos engenheiros da empresa e dos investigadores universitários. O investimento perfaz 48 milhões de euros e abre a porta da empresa à contratação de aproximadamente 200 pessoas altamente qualificadas. A Bosch encontra-se no grupo das empresas mais inovadoras do mundo - existem poucas empresas com um maior número de patentes que a Bosch. 

Este exemplo é o mais recente a figurar na longa lista de investimentos alemães em Portugal. Na verdade, em 2014 as empresas alemãs investiram 449 milhões de euros em Portugal. Não só a presença empresarial alemã é valorizada em Portugal, como também a capacidade dos trabalhadores e o potencial económico geral de Portugal é tido em alta consideração pelos agentes económicos na Alemanha. As cerca de 300 empresas alemãs em Portugal - das quais duas/três estão activas na área da indústria - dão emprego a quase 60,000 portugueses. 

Numa altura em que as parcerias entre Estados-membros da UE são entusiasticamente debatidas, é conveniente ter em conta que, mesmo nos anos de maior crise, as empresas alemãs em Portugal continuaram a apostar nesta economia. Tanto em 2012 (+252 milhões de euros) como em 2013 (+288 milhões de euros) a presença empresarial alemã foi reforçada. Assim investe-se em bons casamentos.

Ulrich Brandenburg 
00.05 h
Económico