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Leste da Letónia inquieto com o cenário ucraniano

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Leste da Letónia inquieto com o cenário ucraniano Empty Leste da Letónia inquieto com o cenário ucraniano

Mensagem por Admin Sex Mar 06, 2015 8:58 pm


Desde o início dos confrontos na Ucrânia, o governo da Estónia reforçou a presença das forças da NATO na região leste. Este pequeno país está sob tensão. Todos se questionam se o Kremlin vai tentar destabilizar a situação no país e se a minoria russófona vai continuar leal ao governo de Tallinn.

""O que eles nos propunham era que lhes déssemos apoio e declarássemos que o governo ucraniano é corrupto e criminoso. Claro que esta carta vinha encabeçada com o timbre da República Popular de Donetsk..""
A parada militar do Dia da Independência este ano decorreu em Narva, a cidade mais próxima da fronteira com a Rússia.

Perguntámos ao tenente Nikolai Predbannikov, o que faz o exército do país para integrar os soldados de língua russa?
“Organizamos para os soldados que têm dificuldades com a língua um curso de língua estoniana e para além disso enquadramos com militares que falam as duas línguas – russo e estoniano – e eles traduzem todos os termos militares específicos, quando necessário”, explica.

À questão direta se os soldados de origem russa – que falam russo – estão dispostos a defender a Estónia contra uma potencial agressão vinda do Leste, responde na primeira pessoa:
“Eu falo por mim, o inimigo não tem nacionalidade ou etnia. Quem vive pela espada, pela espada morrerá”.

Poder-se-à descartar a hipótese de os “homenzinhos verdes” como aqui são chamados – os mercenários – atravessarem a fronteira da Estónia, como aconteceu na Crimeia?

 
  
A sociedade civil mostra-se preocupada, inclusivé os falantes da língua russa, cerca de um quarto da população. Ivan está na origem de uma carta aberta, assinada por numerosos cidadãos de expressão russa e estoniana e revela o objetivo:

“A ideia principal deste memorando é dizer que nós, os falantes de russo na Estónia, não gostaríamos de ver esses “homenzinhos verdes” aproximarem-se daqui, como aconteceu na Ucrânia e na Crimeia. As pessoas aqui querem viver na Estónia independente, não numa espécia de “Nova-Rússia”.

A Estónia prepara-se para reforçar a oferta dos média públicos em língua russa, segundo IImar Raag, um realizador que está a ajudar o governo estoniano a proteger-se da manipulação dos média estrangeiros, nomeadamente russos.

“Estamos preocupados com operações de informação hostil… Com a propaganda russa … Pensamos que o primeiro passo é despertar as consciências para o reconhecimento imediato de mentiras claras”, confirma.

Mais velhos atraídos pela Federação Russa

Um jovem casal, Oleg e Tatjana Rubannikov, ambos falantes de russo, convidaram-nos para um café em casa. Entre os seus amigos são poucos os que preferiam viver sob a alçada do Kremlin. Oleg diz-nos que aqui em Narva só algumas pessoas mais velhas se sentem atraídas pela ideia de voltarem a pertencer à Federação Russa.

“As pessoas que têm agora 50 anos ou mais, viveram a maior parte da vida na União Soviética e é por isso que estão mais familiarizadas do que eu com uma certa forma de vida. Eu sou provavelmente já metade estoniano, nasci aqui em Narva e tenho aqui a minha vida..”

O filho, David, já tem nacionalidade estoniana, mas os pais ainda têm os estranhos passaportes cinzentos. Ocupados com os filhos e o emprego, os Rubannikov nunca tiveram tempo de aprender a língua estoniana necessária para a obtenção da cidadania.

Tatjana considera que as autoridades letãs deveriam ser mais flexíveis:
“Se o governo quer que mais pessoas se tornem estonianas, se querem mais cidadãos estonianos têm que simplificar os exames de acesso à cidadania”.

David tem boas notas. Em Narva 90% das pessoas fala russo e há muitas escolas russas. 60% do ensino é em estoniano e 40% em russo. A classe política questiona-se se a língua estoniana não deveria ser introduzida na escola logo no jardim infantil. Os pais de David apoiam esta ideia e pedem um maior número de professores de estoniano em Narva. Querem que os filhos se tornem totalmente bilingues.

Na exposição de veículos militares, da festa da Independência David e os pais descobriram as forças estonianas, britânicas, dinamarquesas e americanas, todas juntas. Porque a Estónia é membro da NATO, a maioria dos russófonos excluem a repetição do cenário ucraniano, mas nem todos..


Presença da NATO tranquiliza muita gente

Ilya, um idoso pensa que o perigo espreita: 
“Aqui na região de Ida-Viru a maioria fala russo. Se o governo legislar para limitar o uso da língua, tudo pode acontecer..

Já Lidia não acredita no pior cenário:
“Não, não, não! Isso não é possível. Não seria permitido. Somos todos pessoas pacíficas. Porque vivemos aqui todos juntos em paz”.

Tatjana também está otimista:
“As pessoas que estão aqui, agora são cidadãos leais que nasceram aqui e amam a Estónia tanto quanto qualquer estoniano, ainda que sejam etnicamente russos”.

Os cidadãos russófonos de Narva acorreram massivamente para assistirem à Parada Militar do Dia da Independência, muitos com bandeiras estonianas. Parece que os habitantes de Narva são leais à Estónia e não há tendências separatistas, atualmente. Apesar disso, Narva está num impasse. Devido à tensão geopolítica, os investidores estrangeiros suspenderam os planos de investimento.

A Pressão de Donetsk

Narva é geminada com Donetsk e recentemente as autoridades receberam uma carta dos separatistas pró-russos, revela o assessor para os assuntos internacionais da cidade, Vyacheslav Konovalov: 
“O que eles nos propunham era que lhes déssemos apoio e declarássemos que o governo ucraniano é corrupto e criminoso. Claro que esta carta vinha encabeçada com o timbre da República Popular de Donetsk… Nós simplesmente não respondemos”.

Mihhail Tverskoi distribui autocolantes “Falemos russo”. Este russófono deixou a Estónia há 14 anos para uma carreira internacional de controlo financeiro. Vive na Bélgica e visita a Estónia de dois em dois meses, não apenas para ver os amigos mas para verificar os rótulos dos produtos. Dirige um portal que recebe as queixas dos consumidores sobre a ausência de etiquetas em língua russa e tenta fazer pressão para a manutenção da língua russa em serviços como a justiça, os hospitais, as escolas, ou o comércio.

“Penso que o problema é que em alguns produtos há ingredientes de risco, por exemplo quando se sofre de alergias.. É importante que todos os consumidores tenham todas as informações na sua própria língua, ou seja, os russófonos têm que ter informações em russo”.

O Artur, que tem 16 anos e fala russo, fez alguns amigos que falam estoniano na comunidade dos jogos em linha. A família vive numa casa de habitação social. Mãe solteira de quatro filhos, Olga ganha algum dinheiro como empregada de limpeza. Conhece muita gente e sabe que muitos têm receio da situação.

“Há algum receio de que um dia os russos possam rebelar-se ou iniciar motins ou túmultos, ou algo assim. Cada um tem a sua opinião e eu, enquanto mãe, temo pela minha família. Diria que em Narva, cerca de 30% dos que falam russo gostariam de juntar-se à Rússia”.

Para Vladimir Cherdakov, dono do Club AvNue, “os políticos estonianos deveriam acalmar as tensões prestando mais atenção a Narva e não só em tempo de eleições”.

———————————————————————

BONUS 1:


Comunicação de guerra Este – Oeste

A Euronews conversou com Ilmar Raag, coordenador da comunicação do governo da Estónia e Assessor para a Psicologia de Defesa, encarregado da comunicação em tempo de crise.

Euronews: Considera que há uma comunicação de guerra entre a Federação Russa e o Ocidente?
Siga toda a entrevista, em inglês, neste link:
‘‘We are concerned about hostile information operations’‘ – Ilmar Raag, Communication Coordinator to the Estonian government

BONUS 2


Os russos da Estónia leais a Tallinn

Em Talin, a capital da Estónia, Ivan Lavrentjev, instigador do Memorandum14 explica à Euronews porque é que os cidadãos russófonos são leais à Estónia. A entrevista integral em russo pode ser vista usando este link:
Иван Лаврентьев, лидер инициативы ‘‘Меморандум 14’‘

BONUS 3:


Narva refém da tensão geopolítica

A cidade estoniana de Narva, na fronteira Leste com a Rússia, sofre com as tensões geopolíticas. Os investidores estrangeiros hesitam em avançar com os negócios. As explicações à Euronews, de Vyacheslav Konovalov, assessor para os assuntos internacionais na cidade. A entrevista, na íntegra, em inglês, pode ser vista usando este link:
Vyacheslav Konovalov, International adviser, Narva City Office

06/03 11:28 CET
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