Vazios

Nestes dez anos de exercício de mandato, Cavaco Silva  não deixa um único traço transformador que lhe possa ser apontado como positivo para o país.


Lugares comuns. Depois de dez anos a debitar lugares comuns, porque carga de água haveria de surpreender a intervenção do Presidente da República em que define qual entende ser um dos traços fundamentais de perfil de quem visa concorrer ao lugar? O que surpreende verdadeiramente não é que ele diga o básico, ou seja que o mais alto representante externo da Nação deverá possuir conhecimentos de... política externa! Afirmação banal, como habitual, numa pessoa datada e que nestes dez anos de exercício de mandato não deixa um único traço transformador que lhe possa ser apontado como relevante no desenvolvimento, para melhor, do país. 

Já verdadeiramente surpreendente foi ver a rapidez com que se formou uma fila de supostos candidatos a darem crédito a esta intervenção ao posicionarem-se como cumpridores do perfil que o actual Presidente da República considera decisivo para o desempenho do cargo. 

Casos. Há uns dias, quanto ao primeiro-ministro, as contribuições para a Segurança Social. Agora, quanto ao líder da oposição, que viveu dois anos num dúplex feito contra parecer da Câmara. 

Ontem como hoje, continuamos a ter a política dominada por casos quando deveria ser determinada por causas. Se a seis meses da realização das eleições legislativas as coisas já estão a este (des)nível, então aquilo que até lá poderemos esperar é que o centro da disputa se situe em casos e se afaste do debate sobre as propostas para a governação de Portugal. Coisa a que, infelizmente, já estamos todos habituados.

Essenciais. É na manutenção dos essenciais das suas características que Lisboa e Porto têm ganho fortíssima quota no mercado turístico.

São cada vez mais procuradas porque cidades onde se expressa uma fortíssima marca identitária, com o incremento, entre outras, da qualidade de uma oferta cultural muito própria e de uma gastronomia que surpreende pela positiva quem a experimenta, factores distintivos e, por isso, captadores de quem procura encontrar-se com a autenticidade em vez de ser permanentemente confrontado com a plasticidade. 


Onde, nessa Europa turística de primeira linha podemos encontrar a vivência local do Bairro da Sé, no Porto, ou mesmo de Alfama em Lisboa? E é precisamente neste aspecto que se deve acentuar o polo catalisador da oferta turística destas duas cidades, determinando, desde logo, uma maior pressão sobre a necessidade de contínua reabilitação dos bairros históricos de ambas.


Rita Marques Guedes 
00.05 h
Económico