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O tempero
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O tempero
Portugal é um país de raro tempero. Isso resultará certamente da soma de cada bocadinho seu com cada coisa que nos foi acontecendo ao longo da História. E não é só o clima, é mesmo a idiossincrasia.
Temos os chamados “brandos costumes”, tão discutidos pela elite e pelos intelectuais. O Santo Ofício, o comércio negreiro, a PIDE ou qualquer outra vergonha não são indiciadores de brandos costumes. Mas a resignação do isolamento secular, a temerosa fé com algo misturado com paganismo, a crendice, um peculiar comprazimento da ausência, o fado, tudo isto indicia brandura. Enfim, o tempero acaba sempre por se impor ao conflito e, normalmente, ninguém ousa contra o tempero.
Passou mais de um ano desde o desaparecimento de um homem que nos povoou tantos e tantos dias de alegria e fervor futebolístico. Eusébio não foi só o herói dos pré-adolescentes como eu, foi o herói da nação inteira, surda em tempos de guerra, mas unânime quando se arrebatava toda com os seus golos antológicos.
No próprio dia em que Eusébio faleceu já se reivindicava a sua ida para o Panteão Nacional, enquanto símbolo maior das virtudes pátrias. Ainda houve um ou outro atrevidote que rosnasse alguma coisinha, mas os meses passaram, um ano, e eis que, de repente, por unanimidade, no consentido silêncio da elite e dos intelectuais, o parlamento decide trasladar Eusébio para Santa Engrácia. Catarina, Jerónimo, Apolónia, Costa, Passos Coelho e Portas, um só Portugal com Eusébio dentro de si. Coisa bonita. Garanto-vos que, perante isto, mesmo a minha mais ténue perplexidade se dissipou de vez por via deste milagre… republicano. Eusébio no Panteão, pois claro que sim. É raro o tempero de Portugal.
Historiador. Escreve ao sábado
Por Elísio Summavielle
publicado em 14 Mar 2015 - 08:00
Jornal i
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