Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 173 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 173 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Miguel Cadilhe e os sacanas
Página 1 de 1
Miguel Cadilhe e os sacanas
Há muitos séculos, um filósofo natural da antiga Macedónia escreveu que a verdadeira democracia implicaria a escolha pelo sorteio de quantos viessem a ocupar cargos públicos. Ainda de acordo com o seu pensamento, a eleição continha elementos de natureza oligárquica precisamente pela hierarquização dos escolhidos em relação aos preteridos. A escolha pelo voto implicaria assim uma selecção e a selecção evidenciaria a desigualdade entre os possíveis candidatos, aproximando-se desse modo de um sistema mais conforme com a lógica oligárquica, a mesma que a democracia se propunha contrariar.
Nestes termos, a eleição conduziria à constituição de um novo tipo de oligarquia, uma oligarquia que no limite poderia ser representativa apenas do grupo maioritário ou até do grupo menos qualificado da sociedade. Querendo combater o que lhe parecia errado, a democracia corria o risco de se transformar ela própria num novo e mais nefasto modelo oligárquico.
Daqui resultava que só poderia existir plena democracia quando à igualdade na decisão de escolher se associasse idêntica igualdade de todos os que poderiam ser escolhidos. Mas será isso possível?
O filósofo considerava que não, e o tempo, mesmo que isso não seja admitido, provou que estava certo. A democracia envolve efectivamente muitos riscos. Tanto pode aclamar os melhores como escolher os piores, mas esses riscos são ao mesmo tempo o seu grande e estimulante desafio. Um desafio que deve sempre partir de um pressuposto realista, indicando que os homens são diferentes, que há pessoas boas e más, que há cidadãos honestos e desonestos, que há sacanas e gente de boa índole, que há quem governe a pensar no bem comum e quem pense no seu exclusivo benefício. Que fazer então diante desta imensa diversidade?
Talvez recuperar as lições que os antigos nos legaram e seguir os seus avisados conselhos, percebendo que a educação e os princípios que através dela devem ser transmitidos não se esgota no ensino obrigatório ou na obtenção de diplomas, percebendo que o governo dos homens deve sempre obedecer ao primado da lei, percebendo que o limite de mandatos é um dos melhores remédios para evitar a corrosão das consciências.
Professor da Universidade Lusíada
Escreve quinzenalmente à quarta-feira
Por Manuel Monteiro
publicado em 18 Mar 2015 - 08:00
Jornal i
Tópicos semelhantes
» MIGUEL ALBUQUERQUE - Uma “Nova Madeira”?
» Al-Baghdadi adere à CGTP… ou a Miguel Tiago
» Miguel Frasquilho: “Portugal continua claramente no 'radar' dos investidores”
» Al-Baghdadi adere à CGTP… ou a Miguel Tiago
» Miguel Frasquilho: “Portugal continua claramente no 'radar' dos investidores”
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin