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Singularidades
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Singularidades
São extemporâneos os depressivos que entraram em euforia por aparente possibilidade de reverter a derrota e não são compreensíveis as depressões que afligem os que já contavam com a vitória
Não se trata das “Singularidades de uma rapariga loura”, do conto de Eça de Queirós ou da adaptação a filme de Manoel de Oliveira, mas das singularidades da vida política portuguesa.
Na Madeira há eleições regionais a 29 de Março. Pela primeira vez, nos últimos 37 anos, Alberto João Jardim não é candidato, mas a campanha tem contornos singulares. O CDS finge que não tem nada a ver com o governo de Passos e de Portas, mas lá vai deixando cair que está disponível para reeditar na Madeira a coligação do governo da República. O PSD desespera em demarcar-se da gestão de Alberto João Jardim e alimenta a ideia de que não tem sintonias com Pedro Passos Coelho. Este último nem vai à campanha para não perturbar. A verdade é que cada voto no PSD e no CDS na Madeira é um alívio para Passos e Portas. O descaramento é tanto que até a renovação da coligação de governo foi adiada à espera da Madeira. Mudança só com o líder do PS, Victor Freitas, tal como aconteceu no Funchal e na Região.
Depois de, em 2011, ter apontado a porta de saída do país a mais de 350 mil portugueses, o governo acaba de lançar o programa VEM para fomentar o regresso de alguns ao território nacional a troco de um prato de lentilhas. Entre o apelo a saírem da “zona de conforto” e o actual registo do “se o arrependimento matasse”, para a maioria PSD/CDS de pouco interessam as famílias divididas ou as qualificações perdidas pelo país; o importante é dar um ar de preocupação pré-eleitoral com os estragos da estratégia de empobrecimento. E isto num momento em que se sabe que no último trimestre de 2014 Portugal teve a maior quebra do número de pessoas empregadas da União Europeia e que durante todo o ano 54% das colocações de desempregados pelo IEFP foram apoiadas por fundos públicos.
Em matéria de singularidades, o governo é um potentado. No caso da lista de contribuintes VIP, numa manhã o secretário de Estado Paulo Núncio diz que não há nada a esclarecer, mas, à tarde, a ministra das Finanças anuncia a abertura de uma investigação.
Depois de ter passado quatro anos a diabolizar as parcerias público-privadas (PPP), o governo PSD/CDS acaba de submeter à apreciação de Bruxelas 113 projectos, no valor de 31,9 mil milhões de euros, dos quais 24 são PPP. As PPP têm um valor de 13,6 mil milhões de euros e correspondem a 43% do total dos investimentos. De uma penada, a maioria PSD/CDS recorre a um instrumento que abominou e a um programa de investimento europeu que nunca fez nada para ter.
Na economia, cá dentro e lá fora multiplicam-se os sinais de risco. Em Janeiro de 2015 as exportações caíram 1,8%, no pior início de ano desde 2009; a dívida pública aumentou 6600 milhões de euros e o crédito malparado das famílias e das empresas aumentou. No entanto, governo e Presidente propagandeiam crescimento.
Únicos também são os estados de alma, entre o desejo de despejar quem está no poder e uma certa desesperança no futuro. O ruído começa a ser cada vez maior, com menor espaço para o debate sério das opções e para a apresentação das propostas. São extemporâneos os depressivos que entraram em euforia por aparente possibilidade de reverter a derrota e não são compreensíveis as depressões que afligem os que já contavam com a vitória. O principal partido na oposição em Portugal não é o Syriza, o Podemos ou outra excentricidade partidária. É o Partido Socialista. É que, apesar do Memorando com a troika, o perfil da liderança de António José Seguro conseguiu, com uma oposição construtiva, com propostas alternativas (algumas adoptadas pela União Europeia, outras recicladas em Portugal) e com iniciativas de proximidade às pessoas e ao território nacional, impedir as derivas de implosão do PASOK e de perda do peso eleitoral do PSOE, projectando o PS para 38% das intenções de voto nas legislativas em Maio de 2014. Mais 9,9% que em 2011 e em excelentes condições para a obtenção de uma maioria absoluta em 2015. Por muito que custe a alguns, no quadro de um sistema eleitoral de representação proporcional, nenhum partido da família do PS conseguiu superar a crise ou uma ajuda internacional em melhores condições. Agora é o momento de trabalhar para concretizar as expectativas.
Membro da comissão política nacional do PS
Escreve à quinta-feira
Por António Galamba
publicado em 19 Mar 2015 - 09:08
Jornal i
Não se trata das “Singularidades de uma rapariga loura”, do conto de Eça de Queirós ou da adaptação a filme de Manoel de Oliveira, mas das singularidades da vida política portuguesa.
Na Madeira há eleições regionais a 29 de Março. Pela primeira vez, nos últimos 37 anos, Alberto João Jardim não é candidato, mas a campanha tem contornos singulares. O CDS finge que não tem nada a ver com o governo de Passos e de Portas, mas lá vai deixando cair que está disponível para reeditar na Madeira a coligação do governo da República. O PSD desespera em demarcar-se da gestão de Alberto João Jardim e alimenta a ideia de que não tem sintonias com Pedro Passos Coelho. Este último nem vai à campanha para não perturbar. A verdade é que cada voto no PSD e no CDS na Madeira é um alívio para Passos e Portas. O descaramento é tanto que até a renovação da coligação de governo foi adiada à espera da Madeira. Mudança só com o líder do PS, Victor Freitas, tal como aconteceu no Funchal e na Região.
Depois de, em 2011, ter apontado a porta de saída do país a mais de 350 mil portugueses, o governo acaba de lançar o programa VEM para fomentar o regresso de alguns ao território nacional a troco de um prato de lentilhas. Entre o apelo a saírem da “zona de conforto” e o actual registo do “se o arrependimento matasse”, para a maioria PSD/CDS de pouco interessam as famílias divididas ou as qualificações perdidas pelo país; o importante é dar um ar de preocupação pré-eleitoral com os estragos da estratégia de empobrecimento. E isto num momento em que se sabe que no último trimestre de 2014 Portugal teve a maior quebra do número de pessoas empregadas da União Europeia e que durante todo o ano 54% das colocações de desempregados pelo IEFP foram apoiadas por fundos públicos.
Em matéria de singularidades, o governo é um potentado. No caso da lista de contribuintes VIP, numa manhã o secretário de Estado Paulo Núncio diz que não há nada a esclarecer, mas, à tarde, a ministra das Finanças anuncia a abertura de uma investigação.
Depois de ter passado quatro anos a diabolizar as parcerias público-privadas (PPP), o governo PSD/CDS acaba de submeter à apreciação de Bruxelas 113 projectos, no valor de 31,9 mil milhões de euros, dos quais 24 são PPP. As PPP têm um valor de 13,6 mil milhões de euros e correspondem a 43% do total dos investimentos. De uma penada, a maioria PSD/CDS recorre a um instrumento que abominou e a um programa de investimento europeu que nunca fez nada para ter.
Na economia, cá dentro e lá fora multiplicam-se os sinais de risco. Em Janeiro de 2015 as exportações caíram 1,8%, no pior início de ano desde 2009; a dívida pública aumentou 6600 milhões de euros e o crédito malparado das famílias e das empresas aumentou. No entanto, governo e Presidente propagandeiam crescimento.
Únicos também são os estados de alma, entre o desejo de despejar quem está no poder e uma certa desesperança no futuro. O ruído começa a ser cada vez maior, com menor espaço para o debate sério das opções e para a apresentação das propostas. São extemporâneos os depressivos que entraram em euforia por aparente possibilidade de reverter a derrota e não são compreensíveis as depressões que afligem os que já contavam com a vitória. O principal partido na oposição em Portugal não é o Syriza, o Podemos ou outra excentricidade partidária. É o Partido Socialista. É que, apesar do Memorando com a troika, o perfil da liderança de António José Seguro conseguiu, com uma oposição construtiva, com propostas alternativas (algumas adoptadas pela União Europeia, outras recicladas em Portugal) e com iniciativas de proximidade às pessoas e ao território nacional, impedir as derivas de implosão do PASOK e de perda do peso eleitoral do PSOE, projectando o PS para 38% das intenções de voto nas legislativas em Maio de 2014. Mais 9,9% que em 2011 e em excelentes condições para a obtenção de uma maioria absoluta em 2015. Por muito que custe a alguns, no quadro de um sistema eleitoral de representação proporcional, nenhum partido da família do PS conseguiu superar a crise ou uma ajuda internacional em melhores condições. Agora é o momento de trabalhar para concretizar as expectativas.
Membro da comissão política nacional do PS
Escreve à quinta-feira
Por António Galamba
publicado em 19 Mar 2015 - 09:08
Jornal i
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