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Quem Controla O Passado
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Quem Controla O Passado
Vou lançar um pequeno desafio ao leitor: responda a cinco perguntas sem consultar a Internet ou livros de História.
Seja honesto consigo mesmo e confira se tem presente no recanto da sua memória a resposta a pequenos factos da mais básica e elementar cultura geral portuguesa. Muitas vezes estou a conversar com alguém e julgo que as respostas a estas perguntas são óbvias. Mas, depois, a meio da conversa, descubro que não são. Eis, portanto, as perguntas:
1 – Que data assinala a fundação de Portugal? 2 – Em que data se deu a implantação da República? 3 – Quem foi o último rei de Portugal? 4 – Quando é que ele morreu? 5 – Quando é que Salazar se tornou ditador?
Depois de responderem a estas perguntas terei a certeza de que o meu interlocutor sabe que a revolta republicana de 5 de Outubro de 1910 teve lugar no mesmo dia em que se evocava a fundação da Nação, em 1143, e que o último rei de Portugal, D. Manuel II, morreu no mesmo ano em Salazar foi nomeado ditador, ou seja, 1932. Agora, sim, podemos começar a conversar sobre o futuro de Portugal. Perguntar-me-ão onde é que pretendo chegar com isto?
Pois bem, um dos problemas do futuro é caminharmos inexoravelmente na sua direção sem conhecermos o passado. Há uma frase de George Orwell no seu 1984 que resume bem as consequências dessa irresponsabilidade: “Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado”. Ainda há dias estive a falar com o professor Adelino Maltez. Ele sabe bem que Portugal viveu momentos de crise que eram consequências de outras crises. A primeira República foi a continuação do liberalismo da monarquia. A monarquia não morreu em 1908 com o assassinato de D. Carlos I e do príncipe Luís Filipe no Terreiro do Paço. A implantação da República, dois anos depois, não pode ignorar a Guerra Civil iniciada em 1832 entre os irmãos D. Pedro IV e D. Miguel. Não pode esquecer o 24 de Julho de 1833, Évoramonte e ainda o banimento da família de D. Miguel e toda a sua descendência do direito ao trono de Portugal. Não foram os republicanos de 1910 que acabaram com a monarquia. Foi Salazar, em 1932, quem a enterrou. A primeira decisão do novo ditador passou por autorizar o funeral em Portugal do rei D. Manuel II, exilado em Inglaterra desde 1910, e morto quando o ditador assumiu o poder absoluto. O corpo do último rei de Portugal chegou de barco, entrou no Tejo e foi desembarcado no Terreiro do Paço. O cortejo fúnebre a caminho do Panteão Nacional passou pelo mesmo local onde o pai e o irmão de D. Manuel II foram abatidos a tiro. O rei não deixou descendência e, mais tarde, nos anos 50, Salazar autorizou o regresso a Portugal da família de D. Miguel, o outro lado familiar, mas banidos do direito ao trono. Os derrotados da Guerra Civil de 32-34 regressaram a Portugal no silêncio da noite salazarenta.
Há uns anos, um deputado contou-me que, ao falar com a então líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, ficou com a impressão de que ela julgava que D. Duarte era descendente de D. Carlos I. Pois. Não é. Descende de D. Miguel. Sim, houve ali pelo meio um casamento com uma prima do Brasil, descendente de D. Pedro IV, mas isso reforça ainda mais a veia absolutista que protege a atual República. D. Duarte representa uma linhagem banida e ilegítima. Esquecida pelos livros de História. Os portugueses não têm isto presente nas suas decisões de todos os dias, mas sentem os efeitos de algo que desconfiam que não está bem. Não há ética na política, não há clareza nas decisões. Os nossos presentes líderes controlam o passado. É altura de assumirmos o controlo do futuro e, para isso, é preciso primeiro aprender História.
Frederico Duarte Carvalho
Jornalista e escritor
19 Março, 2015 00:05
OJE.pt
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