Procurar
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 419 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 419 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Salazares
Página 1 de 1
Salazares
“O país tem os cofres cheios”, mas tem também demasiada gente desempregada, cuidados de saúde e ensino público em degradação, reformados na miséria, uma vaga emigratória com a dimensão da da década de 1960, gente infeliz e sem futuro. Finanças públicas saudáveis são condição imprescindível para um crescimento económico sustentado, mas são um meio e não um fim em si.
Salazar deixou o Banco de Portugal cheio de ouro, mas a sua herança inclui ainda um país fechado sobre si mesmo, repleto de analfabetos, uma guerra colonial sem sentido e uma sociedade atávica. Pode agora parecer uma coisa da história, mas os nossos pais ainda viveram no tempo em que só eram possíveis duas posições – ou apoiar o regime ou não gostar de falar publicamente de política. Que é, mais ou menos, ainda o comportamento da generalidade dos portugueses: irem resmungando nos cafés e nos facebooks, mas continuarem a aceitar placidamente que a gestão da coisa pública é algo que está nas mãos dos “eles”, excluindo-se de qualquer participação consequente. E talvez esteja tudo interligado. A cultura do desinteresse cidadão resulta da ideia de que exprimir opiniões políticas contrárias às de quem manda provoca chatices, mais dificuldade em conseguir o emprego ou o contrato público e até perseguições policiais. Cinquenta anos de ditadura deixam marcas que vão para lá do óbvio.
Mas uma sociedade que não é exigente com os seus governantes, que se deixa levar como se não houvesse alternativas, é mais propícia a acreditar em tudo o que lhe dizem e é mais submissa aos soundbytes que compõem as agendas mediáticas. Só quando as pessoas transformarem indolência em acção é que utilizarão o seu voto como verdadeira arma popular – a capacidade de escolher aberta e livremente os melhores programas e dirigentes para gerirem as suas autarquias, os melhores deputados para os representar e os melhores políticos para os governar. O regime ditatorial durou 46 anos e caiu porque estava exangue. A democracia poucochinho do vira o disco e toca o mesmo que temos há 40 anos cairá também porque está esgotada. De que servem os cofres cheios se os portugueses estão novamente condenados à triste ambição de fazer os seus filhos emigrarem?
Escreve à sexta-feira
Por José Diogo Madeira
publicado em 20 Mar 2015 - 09:36
Jornal i
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin