A incontornável mesquinhez

Tinha tudo para correr bem, sala composta, empresários de sucesso, sóbria intervenção do presidente da agência, boa moderação e relatos de glória. Uma excelente iniciativa da AICEP denominada road-show Portugal Global. Basicamente percorrem-se as principais cidades do país buscando histórias de sucesso, partilhando experiências, orientando os que procuram a internacionalização e em poucas palavras trabalha-se em prol do sucesso da economia nacional. De louvar, apoiar e incentivar! Chapeaux!

Tinha tudo para correr bem – e corria – até aparecer a incontornável mesquinhez política de uma personagem que de altruísmo nada tinha e de agenda política pessoal transbordava ambição! Numa intervenção pobre e centrada na sua própria oratória, lá sacou do vernáculo político, dispensável numa iniciativa deste calibre. Diria mais, dispensável em toda a linha! Não me revejo nesta forma de fazer política! Em que tudo o que atrás e por outros foi feito está mal. Em que os protagonistas do momento advogam para si o dom da capacidade extrema de realização e da perfeição inabalável.

Pequenino, medíocre e mesquinho! Não servem a ninguém estes personagens que não a eles próprios! Apática! Assim ficou uma sala que minutos antes transbordava de confiança e optimismo! Murcha... Porventura como a mente do arauto da desgraça do interveniente!

De figura aprumada e estilizada de mestre da finança especulativa, mas com um estilo de outdated Yuppie – daqueles que “no meu tempo” se viam aos magotes à porta da Kapital –, em poucos minutos destruiu uma boa sessão de trabalho. Mas devo ser eu que percebo mal… às tantas sou eu que, como alguém já disse, devia estar acima das polémicas dos partidos neste ambiente em que “já cheira a campanha eleitoral”… Estamos rodeados de bons exemplos.

Escreve ao sábado

Por Filipe Baptista
publicado em 21 Mar 2015 - 08:00
Jornal i