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A miopia
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A miopia
Tradicionalmente, os executivos das empresas que tiveram formação numa Escola de Gestão foram alertados para a necessidade de estas terem planos de longo prazo.
O argumento clássico é conhecido: se estamos a gerir um empreendimento que se pretende que tenha uma longa vida temos que procurar antecipar cenários possíveis que possam vir a acontecer, as finalidades que se pretendem atingir e definir planos que orientem as decisões que se deverão tomar rumo ao futuro desejado. No entanto, desde o início da década de noventa do século passado que os argumentos contra o planeamento de longo prazo proliferaram. Em muitos casos misturando-se indiscriminadamente e de forma errada o planeamento estratégico, a visão estratégica e a estratégia. Mas com uma consequência prática: muitas empresas deixaram de ter uma gestão orientada por uma visão de longo prazo.
Mais recentemente, a crise financeira e económica de 2008 acentuou a visão de curto prazo. Nas empresas de maior e de menor dimensão, cotadas e não cotadas, a pressão para resolver os problemas urgentes, para garantir a sobrevivência no curto prazo reforçaram a "miopia estratégica".
No caso das empresas cotadas, normalmente os dirigentes acreditam que a utilização de um horizonte de longo prazo para a tomada de decisões afectaria positivamente o desempenho das empresas. Mas a pressão dos mercados, para apresentar resultados financeiros no curto prazo, tem aumentado nos últimos anos, o que favorece a miopia.
A tirania da visão de curto prazo foi bem evidenciada por D. Barton quando refere que "quando os especialistas analisam as expectativas de valor embutidas nos preços das acções, normalmente encontram que 70% a 90% do valor da empresa depende dos ‘cash-flows' esperados a três anos ou mais". E constata a contradição: se na grande maioria das empresas o seu valor depende dos resultados a três anos mas os gestores preocupam-se principalmente com o que se vai reportar ao mercado nos meses mais próximos, então há um problema!
Para contrariar o ‘short-termism' impõe-se uma actuação diferente dos fornecedores de capital, como sejam os fundos de investimento, os fundos de pensões, os fundos soberanos, as companhias de seguros. Estes fundos representam quase 40% dos activos financeiros a nível mundial. Mas o impacto destas forças externas na explicação da miopia é apenas uma parte, muito importante, da história. Como refere N. Nohria da Harvard Business School há um outro conjunto de forças internas e de natureza psicológica que contribuem para a miopia e que são: a assimetria cognitiva entre a incerteza das acções de longo prazo e a certeza das acções no curto prazo; e a necessidade de manter uma credibilidade crescente para poder continuar a liderar a empresa. Isto é, os líderes empresariais parece necessitarem da certeza que é mais fácil de obter no curto prazo.
Tanto as forças externas como as internas que favorecem a visão de curto prazo, são difíceis de contrariar. Mas o crescimento sustentado das empresas exige que a miopia seja curada ou pelo menos tratada.
Vítor da Conceição Gonçalves
00.05 h
Económico
O argumento clássico é conhecido: se estamos a gerir um empreendimento que se pretende que tenha uma longa vida temos que procurar antecipar cenários possíveis que possam vir a acontecer, as finalidades que se pretendem atingir e definir planos que orientem as decisões que se deverão tomar rumo ao futuro desejado. No entanto, desde o início da década de noventa do século passado que os argumentos contra o planeamento de longo prazo proliferaram. Em muitos casos misturando-se indiscriminadamente e de forma errada o planeamento estratégico, a visão estratégica e a estratégia. Mas com uma consequência prática: muitas empresas deixaram de ter uma gestão orientada por uma visão de longo prazo.
Mais recentemente, a crise financeira e económica de 2008 acentuou a visão de curto prazo. Nas empresas de maior e de menor dimensão, cotadas e não cotadas, a pressão para resolver os problemas urgentes, para garantir a sobrevivência no curto prazo reforçaram a "miopia estratégica".
No caso das empresas cotadas, normalmente os dirigentes acreditam que a utilização de um horizonte de longo prazo para a tomada de decisões afectaria positivamente o desempenho das empresas. Mas a pressão dos mercados, para apresentar resultados financeiros no curto prazo, tem aumentado nos últimos anos, o que favorece a miopia.
A tirania da visão de curto prazo foi bem evidenciada por D. Barton quando refere que "quando os especialistas analisam as expectativas de valor embutidas nos preços das acções, normalmente encontram que 70% a 90% do valor da empresa depende dos ‘cash-flows' esperados a três anos ou mais". E constata a contradição: se na grande maioria das empresas o seu valor depende dos resultados a três anos mas os gestores preocupam-se principalmente com o que se vai reportar ao mercado nos meses mais próximos, então há um problema!
Para contrariar o ‘short-termism' impõe-se uma actuação diferente dos fornecedores de capital, como sejam os fundos de investimento, os fundos de pensões, os fundos soberanos, as companhias de seguros. Estes fundos representam quase 40% dos activos financeiros a nível mundial. Mas o impacto destas forças externas na explicação da miopia é apenas uma parte, muito importante, da história. Como refere N. Nohria da Harvard Business School há um outro conjunto de forças internas e de natureza psicológica que contribuem para a miopia e que são: a assimetria cognitiva entre a incerteza das acções de longo prazo e a certeza das acções no curto prazo; e a necessidade de manter uma credibilidade crescente para poder continuar a liderar a empresa. Isto é, os líderes empresariais parece necessitarem da certeza que é mais fácil de obter no curto prazo.
Tanto as forças externas como as internas que favorecem a visão de curto prazo, são difíceis de contrariar. Mas o crescimento sustentado das empresas exige que a miopia seja curada ou pelo menos tratada.
Vítor da Conceição Gonçalves
00.05 h
Económico
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