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Um título e uma polémica sobre o crescimento do PIB
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Um título e uma polémica sobre o crescimento do PIB
As estatísticas e as referências a valores económicos não são imunes às diferentes leituras políticas e ideológicas.
O leitor José Nunes manifestou junto do jornalista Sérgio Aníbal a sua discordância relativamente ao título e subtítulo da notícia que dava conta do crescimento do PIB (PÚBLICO, edição digital de 13.05.15). Dizia o título: “Economia nacional confirma tendência de retoma no primeiro trimestre”. E o subtítulo: PIB cresceu 0,4% nos primeiros três meses do ano, o mesmo que tinha acontecido no final de 2014, o que colocou a variação homóloga no valor mais alto desde o último trimestre de 2013”.
O teor da controvérsia baseia-se nestas palavras do próprio leitor reclamante: “Não deixa de ser interessante que o PÚBLICO se refira ao crescimento nos primeiros três meses (0,4%), enquanto todos os outros jornais que considero de referência se refiram ao crescimento homólogo de 1,4%. A escolha do valor para a caixa do título é necessariamente deliberada. Será uma questão de posicionamento político a interferir com a notícia, ou a notícia a interferir com o posicionamento político?!”
Escreve o leitor José Nunes ao provedor: “Gostaria de lhe deixar as seguintes questões na sequência de uma notícia que o Publico colocou na sua versão on-line e respectivas iterações com o jornalista da mesma (Sérgio Aníbal):
1.Pode a escolha de um valor absoluto, no caso 0,4% ou 1,4% para o título de uma notícia, indicar uma visão política, sobre a mesma, num artigo factual e não de opinião?
2. Deve um jornalista, na iteração com o seu cliente, o leitor, tendo recolhido o seu feedback que se manifestou na alteração do título original de notícia, de seguida, "destratá-lo" e desvalorizá-lo devolvendo-lhe a "insinuação inicial" de uma visão política para a notícia?”
E dos dados que o leitor a seguir enumera vou salientar aqueles que me parecem mais pertinentes para aduzir o meu comentário:
“Reclamei diretamente (respeito a grafia do leitor) para o jornalista Sérgio Aníbal pelo facto de o PÚBLICO ter escolhido para título da notícia da variação do PIB, o valor de 0,4% (variação face ao trimestre precedente) e não o valor de 1,4% (variação face ao período homólogo). (…)
– Todos os jornais online de referência fizeram a referência no título da notícia a 1,4%, variação homóloga e não 0,4% variação face ao trimestre precedente. (…) O jornalista responde que não há nenhum posicionamento político; diz que utiliza preferencialmente a variação face ao trimestre precedente (nota minha: não validei historicamente este facto); justifica todos os outros jornais utilizarem 1,4 por ter sido o título do INE; manifesta-se contra o meu "processo de intenções"; manifesta disponibilidade para alguma crítica "com mais substância"
– Na resposta sugeri que utilizasse um gráfico de modo a que os leitores possam ter a visão temporal e não apenas estática, pois assim os textos/títulos não podem divergir da realidade melhor plasmada na imagem e sugeri um gráfico semelhante ao do Observador” (…)
Desculpem-me o leitor José Nunes, o jornalista Sérgio Aníbal, e aliás os leitores, mas vou omitir grande parte da controvérsia e seus remoques, entretanto, expressos na troca de correspondência, (o que excederia em muito esta página) para, quanto antes, me centrar nas questões levantadas ao provedor.
Relativamente à primeira questão, aceito que a enunciação no título do valor 1,4 % e não de 0,4 % dá mais força, maior efeito à notícia sobre o facto indesmentível da retoma da economia nacional. Não posso, porém, deixar de referir a explicação que o jornalista Sérgio Aníbal me dá, em relação à questão que lhe coloquei:
"Não há qualquer questão de posicionamento político. Aliás nem vejo como é que dizer que se cresceu 0,4% em cadeia é mais negativo (ou positivo) que dizer que se cresceu 1,4% em termos homólogos. Em todos os meus textos sobre a variação do PIB utilizo preferencialmente, a variação em cadeia. É a melhor forma de perceber a evolução mais recente da economia, até porque os dados já estão corrigidos de sazonalidade. Claro que no artigo (logo no lead e na entrada) também é dada a informação sobre a evolução em cadeia, que neste caso é fortemente afectada por um efeito base (tal como já tinha acontecido no trimestre anterior dessa vez em termos negativos). Penso que os outros jornais fazem todos da mesma maneira pelo facto de ser esse o título que o INE dá ao seu destaque. Agora, não é pelo facto de todos os outros jornais escreverem da mesma maneira, nem por muita gente estar obcecada em tirar conclusões políticas de tudo, nem sequer por, muito rapidamente, haver quem faça processos de intenções sobre pessoas que nem conhece, que penso alterar a minha forma de escrever os artigos.”
Como se verifica, há aqui, duas posições claras: uma, atinente à opção técnica sobre a variação do PIB, e que Sérgio Aníbal justifica porque é que a utiliza e declara que é aquela que segue em todos os seus textos; a outra, a dedução de um posicionamento político na utilização de uma fórmula pela outra. Obviamente, o impacto que se transmite para o grande público no relevo imediato dos números de 1,4% face a 0,4% é maior. E neste caso, invariavelmente, confrontam-se os posicionamentos políticos. Aqui, confrontam-se o do leitor e do autor da peça jornalística, a comprovar que as estatísticas e as suas referências a valores económicos não são imunes às diferentes leituras políticas e ideológicas.
Quanto à segunda questão que levanta o leitor – se deve um jornalista na troca de argumentação com o seu leitor, “destratá-lo e desvalorizá-lo com insinuações de visões políticas” –, parece-me que tal posicionamento acontece de parte a parte. Ou seja, o leitor José Nunes acusa o jornalista Sérgio Aníbal da distorção de efeitos políticos diminuídos pela opção dos valores indiciados em 1,4% e em 0,4% e este, seguro da interpretação técnica que faz, devolve ao leitor a mesma insinuação de diferente visão política. Faz parte do entreacto polemista. Eu não gostaria de sobrevalorizar o estilo da controvérsia. Prefiro valorizar o diálogo entre o leitor e o jornalista.
CORREIO LEITORES/PROVEDOR
Publicidade oculta?
O leitor Moritz Elbert lança esta pertinente questão: “Venho por este meio perguntar se o artigo "Easyjet com 30 mil bilhetes entre 16 e 41 euros" que vi hoje na Homepage do jornal PÚBLICO. pt, disfarçado de artigo redacional, não seja, na verdade, um anúncio publicitário oculto da dita companhia aérea, e o facto de não ser identificado como tal, não represente uma grosseira violação não só do código deontológico jornalístico, mas também uma violação das leis em matéria.”
Comentário do provedor: De facto o leitor tem razão. A forma redactorial do texto é facilitadora desta interpretação. Percebe-se a intenção, mas é preciso tomar atenção a informações deste tipo. Creio que não foi por acaso que houve o cuidado de não editar este texto na edição em papel. Como estabelece o Livro de Estilo do Público “todo o material publicitário vem sempre graficamente assinalado de forma clara e explícita que evite confusões ou associações ambíguas à mancha informativa”.
O suplemento Fugas é construído sob um conteúdo de informação a viagens, a lugares paradisíacos, hotéis, produtos, inclusive com a explicitação de preços. É um campo de informação muito útil. Aliás, o PÚBLICO não esconde o estatuto deste suplemento. Convinha, talvez, que essa referência viesse sempre inscrita de forma assumida no suplemento. A informação com conteúdos de carácter comercial comporta destas susceptíveis ambiguidades.
JOSÉ MANUEL PAQUETE DE OLIVEIRA 17/05/2015 - 05:48
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