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Mensagem por Admin Ter maio 26, 2015 5:21 pm

Qual Acordo? 462068

Há dias li que o Acordo Ortográfico tinha passado a ser obrigatório. Assim, de um momento para o outro, passados anos de resistência de tantas pessoas na sociedade portuguesa. Escrevi bastante sobre este tema e a partir de uma certa altura deixei de escrever, não por ter mudado de ideias, mas porque passei a fazer exactamente aquilo que queria, indiferente aos acontecimentos. Em Portugal pratica-se pouco a desobediência silenciosa e há uma tendência para preferir a queixa activa e permanente, que dá muito mais trabalho. A partir de certa altura, como é aliás tão feminino, desliguei. Para mim, o Acordo Ortográfico não existe. Não o quero, não o compreendo e não o sigo. É uma teimosia imposta por quem quer impor à força regras de escrita inúteis, que ainda por cima só trazem confusão e mais erros de português. O que me acontece se continuar a escrever Setembro com maiúscula? Serei multada? Enviem a multa para casa com a referência Multibanco.

A polícia investigou o restaurante nigeriano e encontrou na cozinha sacos com cabeças humanas e partes de corpos
Ainda por cima cara   
 
Um jornalista da BBC Suaíli foi informado de que um restaurante na província de Anambra, no sul da Nigéria, servia carne humana aos seus clientes. A polícia investigou e encontrou na cozinha sacos com cabeças de pessoas, partes de corpos e, claro, armas. Uma vez feita esta descoberta macabra, apareceram umas testemunhas típicas, daquelas que existem em todos os sítios do mundo: «Já tinha visto pessoas com mau aspecto a entrar e a sair do hotel»; «Não me surpreende, porque sempre que lá ia encontrava gente mal encarada». O único comentário interessante veio de um clérigo que protestou por causa do preço que uma vez lhe cobraram por uma refeição: cerca de 3,5 euros, que são quatro vezes o que ganham diariamente os trabalhadores nigerianos. No restaurante disseram-lhe que o preço era elevado por causa da carne. O religioso respondeu: «Não sabia que era carne humana e ainda menos que era tão cara». Ainda bem que o canibalismo não é um bom negócio.

Haio que não

O governo grego suspendeu inesperadamente a acção judicial que tinha apresentado contra o Reino Unido por causa dos frisos ou mármores roubados no século XIX pelo embaixador britânico da altura junto do Império Otomano, Lord Elgin. Há décadas que a recuperação deste património artístico e histórico tem sido a prioridade dos ministros da Cultura da Grécia. A decisão do novo ministro da Cultura, Nikos Xydakis, de tratar o assunto pela via diplomática e política e não pelos tribunais, é uma mudança importante. Não digo isto por ter pena de Amal Clooney, que fica sem um trabalho que lhe valeria uma estátua ao lado dos ditos frisos no caso de ganhar o processo. Para um país em crise, uma vitória no Tribunal de Haia teria um valor prestigiante e justiça seria feita. Mas transferir este conflito para o campo político-diplomático pode ser um factor de peso noutro tipo de negociações. Enfim, algo me diz que os frisos não saem do Museu Britânico tão cedo.

O que importa

Um psiquiatra em Southampton foi levado a tribunal por ter aconselhado uma das suas pacientes a ter calma logo depois de ter descoberto as infidelidades do marido. O psiquiatra disse-lhe que não era razoável esperar fidelidade no casamento. O caso levantou de novo a polémica sobre a natureza sexual dos homens e das mulheres e os velhos mitos voltaram à baila. Os homens não foram feitos para a monogamia, as mulheres precisam menos e outras ideias do género. A nova onda diz que as mulheres são naturalmente tão promíscuas quanto os homens, que o sexo ocasional é tão desejado por umas como pelos outros, e assim sucessivamente. Para o caso que deu origem ao regresso desta conversa, todas as teorias são inúteis. Não imagino que ninguém seja tão estúpido ao ponto de encontrar um bom argumento desculpabilizador nas estatísticas. A pergunta certa é: importa-se com a infidelidade do seu par? Se não se importa, é consigo. Se se importa, faça as malas.

Abaixo o email

Um artigo na revista New York assinado por Annie Lowrey, com o título promissor 'Is Email Dying?', chamou a minha atenção. O que parecia ser um prenúncio do fim deste meio de comunicar deu-me alento. O texto não era tão optimista como pensava, mas levantava o problema essencial. As pessoas que sofrem da síndrome dos 'zero emails' na caixa de entrada podem ser mais organizadas, mas também sofrem para conseguir chegar ao nível que pretendem de mesa limpa e arrumada. O objectivo não evita as distracções que são intrínsecas ao meio de comunicar. O email é uma ferramenta de trabalho mas é também uma distracção. Há que reduzir a sua utilização ao máximo. A autora do artigo sugere outros meios de comunicação, como o WhatsApp ou um tal Slack que ainda não experimentei. Penso que mais do que passarmos o tempo a escrever mensagens, devemos voltar ao velhinho e simpático telefonema, breve, editado, sempre, mas que não distrai tanto. Não escreva: ligue.

Carla Hilário Quevedo | 26/05/2015 12:04:00
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