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É DE ESQUERDA OU DIREITA? COMPASSO POLÍTICO
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É DE ESQUERDA OU DIREITA? COMPASSO POLÍTICO
Como medir o espectro político?
Como medir a quantidade de esquerdofilia ou direitofilia de um cidadão?
A estas perguntas se propõe responder um grupo de pessoas através de um algoritmo matemático que, atribuindo pontos a respostas a perguntas adequadas coloca, quantificadamente, um ponto num gráfico bidimensional, cartesiano.
Tudo isto, e mais, poderá ser lido em https://www.politicalcompass.org/.
O que se segue, fruto da livre tradução não-literal, muitas vezes interpretada, do autor desta crónica, deve ser entendido como um híbrido entre citação e paráfrase do texto exposto em https://www.politicalcompass.org/analysis2.
Neste texto começa-se por mostrar que a linha (gráfico unidimensional) que une, através de um só eixo matemático, os dois extremos políticos, é insuficiente para entender completamente a questão. Essa linha, comummente usada, separa esquerda de direita em termos meramente económicos. E, se se quisesse distinguir os dois polos políticos usando apenas as suas diferenças económicas, essa linha bastaria para a desejada colocação de um cidadão nalgum ponto dela.
Pode-se demonstrar, por exemplo, que Estaline, Mao Tse Tung e Pol Pot, que se comprometeram com uma economia completamente controlada pelo Estado, poderiam ser classificados na extrema-esquerda. Por outro lado, socialistas como o Mahatma Gandhi e o Robert Mugabe ocupariam uma posição mais afastada da estrema esquerda. A Margaret Thatcher ficaria numa direita intensa, mas ainda mais à direita ficaria o suprassumo dos defensores do livre mercado, o General Pinochet.
Esta linha, vulgarmente usada para distinguir esquerda de direita, é uma linha económica, mas a dimensão social é também importante em política. Para introduzi-la houve que usar um eixo vertical, que cruza o horizontal no ponto zero, e que faz variar a apreciação desde o extremamente autoritário, no topo do eixo, até ao extremamente libertário, na base do eixo.
Claro está que apenas com ambas as dimensões (económica e social) será possível realizar uma análise política adequada. Integrando a dimensão social é possível observar que o Estaline era um esquerdista autoritário (para ele o Estado era mais importante do que o indivíduo) e que o Gandhi, que acreditava no valor supremo do indivíduo, era um esquerdista liberal. Enquanto o primeiro caso implica um coletivismo arbitrário, imposto pelo Estado (extrema-esquerda de topo) na extrema-esquerda de base está o coletivismo voluntário, ao nível regional, sem envolver o Estado. Durante a guerra civil de Espanha um número estimado de centenas de comunidades, chamadas anarquistas, deste tipo, tiveram efeito.
O Pinochet, que estava preparado para executar uma matança em massa na defesa do livre-mercado, ficaria colocado na extrema-direita e no topo da escala, numa posição de autoritarismo muito duro. Neste lado, não-socialista, é possível distinguir Milton Friedman, que é anti-estado por razões fiscais (não sociais), do Hitler, que queria um Estado forte, mesmo que metade da humanidade fosse morta no processo.
O gráfico bi-dimensional proposto no referido sítio eletrónico torna claro que, apesar do senso-comum, o oposto do fascismo não é o comunismo mas sim o anarquismo (isto é o socialismo liberal), e que o oposto do comunismo (isto é, um Estado que planifica absolutamente a economia) é o neo-liberalismo (economia sem regulação externa aos mecanismos dela mesma).
O hábito de classificar o anarquismo como uma ideologia de esquerda não considera o anarquismo neo-liberal defendido pelo grupo de Ayn Rand, Milton Friedman e pelo Partido Libertário da América, que junta uma visão económica de direita (do darwinismo social) com posições liberais na maioria dos assuntos estritamente sociais. Estes pensamentos não avançam no sentido libertário porque preferem o sentido da lei e da ordem. São mais económicos, em substância (não querem impostos) e, por isso, são mais intensos na direita do que no impulso libertário. Por outro lado, o coletivismo libertário clássico dos anarco-sindicalistas (socialismo libertário) fica colocado no canto inferior esquerdo do gráfico.
A visão preconizada no sítio eletrónico referido destrói, completamente, o mito de que o autoritarismo é necessariamente de direita, com os exemplos de Mugabe, Pol Pot e Estaline. De maneira semelhante, o Hitler, na escala económica, não pertenceria à extrema-direita. As suas políticas económicas eram amplamente Keynesianas, e à esquerda de alguns dos atuais partidos trabalhistas. Se o Hitler e o Estaline se sentassem e discutissem, sem falar de economia, encontrariam muito em comum nos seus pensamentos.
Os neo-conservadores e os neo-liberais, nos Estados Unidos da América, são um interessante caso particular. Os primeiros, comprometidos com o gasto militar e com os valores nacionalistas, tendem a ser mais autoritários do que a direita mais intensa. Por outro lado, os segundos, que se opõem a essa liderança moral, e são intensos na oposição às exigências aos contribuintes vindas dessa liderança, pertencem a uma direita menos autoritária. Paradoxalmente o livre-mercado, enquanto conversa de neo-conservadores, permite os subsídios de larga escala ao complexo industrial militar, permite um considerável grau de “bem-estar” às corporações, e protecionismo, quando justificado com o interesse nacional. Isto é visto pelos neo-liberais como um impedimento às irrestringíveis forças de mercado, que eles defendem.
Este sítio eletrónico pode muito bem conter o poder de saber quem se é no espectro político bi-dimensional (económico e social). Sem dúvida que se constitui como uma arma intelectualmente fortíssima. Fica, aqui, um cumprimento, muito especial, ao Luís Carapinha, porque a ele se deve o conhecimento do dito sítio pelo autor desta crónica. Porque o Homem é ele próprio e a sua circunstância, e porque é na relação com os outros que o Homem existe, numa permanente comparação gregária, socializante, é fundamental conhecer o papel desempenhado na sociedade por cada um. Para saber qual o papel político, para ter ação política real, o enquadramento dado pela ideias de esquerda e direita eram certíssimas, até que outras, mais certas ainda, surgiram (Esquerda Libertária, Esquerda Autoritária, Direita Libertária e Direita Autoritária). Eis o círculo do ciclo político moderno!
João Ponte e Sousa
Investigador
http://www.tribunaalentejo.pt/
Como medir a quantidade de esquerdofilia ou direitofilia de um cidadão?
A estas perguntas se propõe responder um grupo de pessoas através de um algoritmo matemático que, atribuindo pontos a respostas a perguntas adequadas coloca, quantificadamente, um ponto num gráfico bidimensional, cartesiano.
Tudo isto, e mais, poderá ser lido em https://www.politicalcompass.org/.
O que se segue, fruto da livre tradução não-literal, muitas vezes interpretada, do autor desta crónica, deve ser entendido como um híbrido entre citação e paráfrase do texto exposto em https://www.politicalcompass.org/analysis2.
Neste texto começa-se por mostrar que a linha (gráfico unidimensional) que une, através de um só eixo matemático, os dois extremos políticos, é insuficiente para entender completamente a questão. Essa linha, comummente usada, separa esquerda de direita em termos meramente económicos. E, se se quisesse distinguir os dois polos políticos usando apenas as suas diferenças económicas, essa linha bastaria para a desejada colocação de um cidadão nalgum ponto dela.
Pode-se demonstrar, por exemplo, que Estaline, Mao Tse Tung e Pol Pot, que se comprometeram com uma economia completamente controlada pelo Estado, poderiam ser classificados na extrema-esquerda. Por outro lado, socialistas como o Mahatma Gandhi e o Robert Mugabe ocupariam uma posição mais afastada da estrema esquerda. A Margaret Thatcher ficaria numa direita intensa, mas ainda mais à direita ficaria o suprassumo dos defensores do livre mercado, o General Pinochet.
Esta linha, vulgarmente usada para distinguir esquerda de direita, é uma linha económica, mas a dimensão social é também importante em política. Para introduzi-la houve que usar um eixo vertical, que cruza o horizontal no ponto zero, e que faz variar a apreciação desde o extremamente autoritário, no topo do eixo, até ao extremamente libertário, na base do eixo.
Claro está que apenas com ambas as dimensões (económica e social) será possível realizar uma análise política adequada. Integrando a dimensão social é possível observar que o Estaline era um esquerdista autoritário (para ele o Estado era mais importante do que o indivíduo) e que o Gandhi, que acreditava no valor supremo do indivíduo, era um esquerdista liberal. Enquanto o primeiro caso implica um coletivismo arbitrário, imposto pelo Estado (extrema-esquerda de topo) na extrema-esquerda de base está o coletivismo voluntário, ao nível regional, sem envolver o Estado. Durante a guerra civil de Espanha um número estimado de centenas de comunidades, chamadas anarquistas, deste tipo, tiveram efeito.
O Pinochet, que estava preparado para executar uma matança em massa na defesa do livre-mercado, ficaria colocado na extrema-direita e no topo da escala, numa posição de autoritarismo muito duro. Neste lado, não-socialista, é possível distinguir Milton Friedman, que é anti-estado por razões fiscais (não sociais), do Hitler, que queria um Estado forte, mesmo que metade da humanidade fosse morta no processo.
O gráfico bi-dimensional proposto no referido sítio eletrónico torna claro que, apesar do senso-comum, o oposto do fascismo não é o comunismo mas sim o anarquismo (isto é o socialismo liberal), e que o oposto do comunismo (isto é, um Estado que planifica absolutamente a economia) é o neo-liberalismo (economia sem regulação externa aos mecanismos dela mesma).
O hábito de classificar o anarquismo como uma ideologia de esquerda não considera o anarquismo neo-liberal defendido pelo grupo de Ayn Rand, Milton Friedman e pelo Partido Libertário da América, que junta uma visão económica de direita (do darwinismo social) com posições liberais na maioria dos assuntos estritamente sociais. Estes pensamentos não avançam no sentido libertário porque preferem o sentido da lei e da ordem. São mais económicos, em substância (não querem impostos) e, por isso, são mais intensos na direita do que no impulso libertário. Por outro lado, o coletivismo libertário clássico dos anarco-sindicalistas (socialismo libertário) fica colocado no canto inferior esquerdo do gráfico.
A visão preconizada no sítio eletrónico referido destrói, completamente, o mito de que o autoritarismo é necessariamente de direita, com os exemplos de Mugabe, Pol Pot e Estaline. De maneira semelhante, o Hitler, na escala económica, não pertenceria à extrema-direita. As suas políticas económicas eram amplamente Keynesianas, e à esquerda de alguns dos atuais partidos trabalhistas. Se o Hitler e o Estaline se sentassem e discutissem, sem falar de economia, encontrariam muito em comum nos seus pensamentos.
Os neo-conservadores e os neo-liberais, nos Estados Unidos da América, são um interessante caso particular. Os primeiros, comprometidos com o gasto militar e com os valores nacionalistas, tendem a ser mais autoritários do que a direita mais intensa. Por outro lado, os segundos, que se opõem a essa liderança moral, e são intensos na oposição às exigências aos contribuintes vindas dessa liderança, pertencem a uma direita menos autoritária. Paradoxalmente o livre-mercado, enquanto conversa de neo-conservadores, permite os subsídios de larga escala ao complexo industrial militar, permite um considerável grau de “bem-estar” às corporações, e protecionismo, quando justificado com o interesse nacional. Isto é visto pelos neo-liberais como um impedimento às irrestringíveis forças de mercado, que eles defendem.
Este sítio eletrónico pode muito bem conter o poder de saber quem se é no espectro político bi-dimensional (económico e social). Sem dúvida que se constitui como uma arma intelectualmente fortíssima. Fica, aqui, um cumprimento, muito especial, ao Luís Carapinha, porque a ele se deve o conhecimento do dito sítio pelo autor desta crónica. Porque o Homem é ele próprio e a sua circunstância, e porque é na relação com os outros que o Homem existe, numa permanente comparação gregária, socializante, é fundamental conhecer o papel desempenhado na sociedade por cada um. Para saber qual o papel político, para ter ação política real, o enquadramento dado pela ideias de esquerda e direita eram certíssimas, até que outras, mais certas ainda, surgiram (Esquerda Libertária, Esquerda Autoritária, Direita Libertária e Direita Autoritária). Eis o círculo do ciclo político moderno!
João Ponte e Sousa
Investigador
http://www.tribunaalentejo.pt/
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