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A demografia (também) vai a votos…
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A demografia (também) vai a votos…
Os desequilibrios demográficos e o envelhecimento acentuado da população portuguesa estão a problematizar as estratégias dos especialistas em campanhas eleitorais, em fase de aquecimento dos motores. Os partidos da coligação e o PS usam artifícios para disfarçar o embaraço.
O tema é, invariavelmente, tratado com pinças. E ninguém quer assumir a realidade de que as gerações futuras terão de contar menos com o Estado na sua velhice, enquanto as actuais não escapam também à incerteza.
Relendo as propostas da coligação ou as do PS, percebe-se que o jargão dos economistas - à mistura com malabarismos de linguagem - procura escamotear, à sombra da TSU ou de outra sigla qualquer, aquilo que se tornou cristalino, ou seja, a insustentabilidade a prazo, nem sequer longo, da Segurança Social, como escreveu já Sarsfield Cabral neste jornal.
Um antigo governante socialista, especialista na matéria, Fernando Ribeiro Mendes, entrevistado no JN, dizia peremptório que «estamos numa situação de pré-rutura entre gerações». E explicava que «em 2013 cada beneficiário activo contribuiu, em média, com 3.581 euros. E cada pensionista da SS, com origem no trabalho por conta de outrem, recebeu, em média, 4.950 euros. Por que é que ainda não criou uma ruptura total? Porque há 2,3 beneficiários ativos por pensionista». Por poucos anos, acrescente-se.
A demografia obedece a leis próprias. Fazem-se previsões certeiras, mas 'empurra-se com a barriga', adiando as alternativas.
Os reformados e pensionistas constituem hoje uma legião que vale 3,6 milhões de votos. Se adicionarmos os funcionários públicos e os empregados das empresas estatais, a soma impressiona.
Qual é o partido que arrisca desafiar esta imensa força de voto? As promessas mascaram, por isso, a verdade, ao encobrirem a crueza dos números.
As questões demográficas chegaram, tardiamente, ao debate público em Portugal. Os media ignoraram-nas olimpicamente, não obstante serem um fenómeno deveras preocupante.
As taxas de natalidade, em acentuado declínio, já não compensam, sequer, o número de óbitos, comprometendo a substituição geracional.
O recuo dos indicadores da população residente, agravado pela emigração dos mais jovens, legitima o pessimismo.
De acordo com dados do Eurostat, Portugal registou, em 2013, a taxa de natalidade mais baixa da União Europeia: 7,9 crianças por mil habitantes, inferior à de mortalidade (10,2). No mesmo período, a Europa caminhou no sentido oposto.
O suficiente para Portugal 'perder' 60 mil habitantes entre Janeiro de 2013 e Janeiro de 2014. Somos hoje menos de 10,5 milhões.
Em 2013, o conjunto de reformados e de pensionistas totalizava um terço da população total, enquanto em 1960 pouco passava dos 10% (120 mil). E em 1970, quando Marcello Caetano lançou as bases do Estado Social, os pensionistas eram 260.807 (fonte: Este País Não é Para Jovens).
Esta formidável realidade assusta as máquinas partidárias. O voto sénior adquiriu um poder que não é negligenciável.
Por isso surgiram formações inorgânicas a disputar o terreno partidário, cujo pretexto e razão de ser, supostamente, são os reformados e pensionistas.
Em certos casos, não passam de extensões de partidos existentes, com vantagem para a esquerda, como acontece com o MURPI, fundado em 1979, sob a égide do PCP.
O projecto mais recente a dar entrada no TC responde pela sigla PURP. Junta-se ao APRE - com ligações ao PS - e a outros movimentos sem expressão.
Habituámo-nos ao impossível. Fala-se do Estado como se este fosse uma entidade mítica, abstracta, titular de um saco sem fundo, com recursos inesgotáveis para alimentar a Saúde, a Educação, a Justiça, a Cultura, a Segurança Social, além dos défices do sector empresarial público.
Nos transportes, os prejuízos e as greves multiplicam-se, a uma cadência alucinante, mas as oposições gritam contra qualquer concessão aos privados.
A privatização da TAP promoveu o sururu que se sabe, com personagens de opereta a reclamarem que se tape os olhos aos prejuízos da 'companhia de bandeira'.
Não falta, também, quem exija ser aumentado, desde juízes a militares, a médicos, a técnicos do INEM, a polícias ou a guardas prisionais. Barafusta-se por todo o lado, no aconchego de ser servidor ou beneficiário do Estado.
E é neste ponto que estamos. Os estudos não mentem. Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa sabem perfeitamente que o Estado Social, tal como ainda se perfila, tem os dias contados.
Não é ideologia, são factos.
Mas evitam dizê-lo. A máquina do Estado é tentacular, e as corporações influentes. Não convém assustá-las. Vamos assistir à repetição de um jogo de sombras. Um dia, o jogo pára de repente. E a culpa morre solteira...
Dinis de Abreu | 23/06/2015 13:21
SOL
Passos, Portas e Costa sabem que o Estado Social tem os dias contados, mas evitam dizê-lo
O tema é, invariavelmente, tratado com pinças. E ninguém quer assumir a realidade de que as gerações futuras terão de contar menos com o Estado na sua velhice, enquanto as actuais não escapam também à incerteza.
Relendo as propostas da coligação ou as do PS, percebe-se que o jargão dos economistas - à mistura com malabarismos de linguagem - procura escamotear, à sombra da TSU ou de outra sigla qualquer, aquilo que se tornou cristalino, ou seja, a insustentabilidade a prazo, nem sequer longo, da Segurança Social, como escreveu já Sarsfield Cabral neste jornal.
Um antigo governante socialista, especialista na matéria, Fernando Ribeiro Mendes, entrevistado no JN, dizia peremptório que «estamos numa situação de pré-rutura entre gerações». E explicava que «em 2013 cada beneficiário activo contribuiu, em média, com 3.581 euros. E cada pensionista da SS, com origem no trabalho por conta de outrem, recebeu, em média, 4.950 euros. Por que é que ainda não criou uma ruptura total? Porque há 2,3 beneficiários ativos por pensionista». Por poucos anos, acrescente-se.
A demografia obedece a leis próprias. Fazem-se previsões certeiras, mas 'empurra-se com a barriga', adiando as alternativas.
Os reformados e pensionistas constituem hoje uma legião que vale 3,6 milhões de votos. Se adicionarmos os funcionários públicos e os empregados das empresas estatais, a soma impressiona.
Qual é o partido que arrisca desafiar esta imensa força de voto? As promessas mascaram, por isso, a verdade, ao encobrirem a crueza dos números.
As questões demográficas chegaram, tardiamente, ao debate público em Portugal. Os media ignoraram-nas olimpicamente, não obstante serem um fenómeno deveras preocupante.
As taxas de natalidade, em acentuado declínio, já não compensam, sequer, o número de óbitos, comprometendo a substituição geracional.
O recuo dos indicadores da população residente, agravado pela emigração dos mais jovens, legitima o pessimismo.
De acordo com dados do Eurostat, Portugal registou, em 2013, a taxa de natalidade mais baixa da União Europeia: 7,9 crianças por mil habitantes, inferior à de mortalidade (10,2). No mesmo período, a Europa caminhou no sentido oposto.
O suficiente para Portugal 'perder' 60 mil habitantes entre Janeiro de 2013 e Janeiro de 2014. Somos hoje menos de 10,5 milhões.
Em 2013, o conjunto de reformados e de pensionistas totalizava um terço da população total, enquanto em 1960 pouco passava dos 10% (120 mil). E em 1970, quando Marcello Caetano lançou as bases do Estado Social, os pensionistas eram 260.807 (fonte: Este País Não é Para Jovens).
Esta formidável realidade assusta as máquinas partidárias. O voto sénior adquiriu um poder que não é negligenciável.
Por isso surgiram formações inorgânicas a disputar o terreno partidário, cujo pretexto e razão de ser, supostamente, são os reformados e pensionistas.
Em certos casos, não passam de extensões de partidos existentes, com vantagem para a esquerda, como acontece com o MURPI, fundado em 1979, sob a égide do PCP.
O projecto mais recente a dar entrada no TC responde pela sigla PURP. Junta-se ao APRE - com ligações ao PS - e a outros movimentos sem expressão.
Habituámo-nos ao impossível. Fala-se do Estado como se este fosse uma entidade mítica, abstracta, titular de um saco sem fundo, com recursos inesgotáveis para alimentar a Saúde, a Educação, a Justiça, a Cultura, a Segurança Social, além dos défices do sector empresarial público.
Nos transportes, os prejuízos e as greves multiplicam-se, a uma cadência alucinante, mas as oposições gritam contra qualquer concessão aos privados.
A privatização da TAP promoveu o sururu que se sabe, com personagens de opereta a reclamarem que se tape os olhos aos prejuízos da 'companhia de bandeira'.
Não falta, também, quem exija ser aumentado, desde juízes a militares, a médicos, a técnicos do INEM, a polícias ou a guardas prisionais. Barafusta-se por todo o lado, no aconchego de ser servidor ou beneficiário do Estado.
E é neste ponto que estamos. Os estudos não mentem. Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa sabem perfeitamente que o Estado Social, tal como ainda se perfila, tem os dias contados.
Não é ideologia, são factos.
Mas evitam dizê-lo. A máquina do Estado é tentacular, e as corporações influentes. Não convém assustá-las. Vamos assistir à repetição de um jogo de sombras. Um dia, o jogo pára de repente. E a culpa morre solteira...
Dinis de Abreu | 23/06/2015 13:21
SOL
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