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Pôr do Sol em Lisboa com Benjamin Clementine
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Pôr do Sol em Lisboa com Benjamin Clementine
As mãos esguias tocam piano no ar aberto, o belíssimo rosto anguloso de olhos fechados. No momento seguinte, escreve numa máquina antiga, as folhas espalham-se pelo ar. Sobe a uma cúpula pintada a ouro, solta a última página: música e imagem terminam nesse instante. É o londrino Benjamin Clementine nos céus de Paris, a cidade onde se refugiou e se reconstruiu.
Vai estar em Lisboa no dia 17, num palco sob a cobertura do Pavilhão de Portugal, com o piano e a voz, a voz quente e grave que de repente sobe às alturas e aos anjos. Ele tem 26 anos e é como se a vida tivesse avançado com tudo para desfazê-lo. Vagabundo, sem nada de nada, sempre a cantar, a ler, a compor, a escrever. Sem truques, faz com a voz o que quer e está dentro do que canta, genuíno e inteiro, com a história toda, amores, amigos, família, tristeza em estado puro. "I am lonely alone in a box of my own/ And this is the place I now belong, it"s my home".
Tenho a sorte de ter quem me anuncia nomes extraordinários. Tudo começou no tempo dos Beatles mais o que veio a seguir, porque ter irmãos mais velhos tem pelo menos essa vantagem: ouvimos o que eles levam para casa (naquele tempo não usávamos phones, era mesmo para partir a cabeça aos pais, pobres dos pais que tiveram filhos adolescentes naqueles anos). Assisti a um concerto inesquecível de José González, o sueco filho de argentinos, graças a uma amiga atenta e jovem. Vi ótimo teatro pela mão de Joaquim Benite ("não há justificação para não ir ao teatro", disse-me um dia). Agora foi de novo com a ajuda de um irmão que conheci Clementine: vem ver isto, nunca ouviste nada assim. Estou no computador a antecipar o concerto de Lisboa, no Super Bock Super Rock, abro sucessivos vídeos, entrevistas, o que aparece. E aparece-me uma versão do Voodoo Child de Jimi Hendrix, nada menos.
Outro vídeo em Paris, agora na Biblioteca Sainte-Geneviève. Passeia-se no meio das estantes, repete o que fez na adolescência: descobrir livros em bibliotecas. Também aprendeu música sozinho, não tem formação clássica, não sabe ler uma pauta, e foi a ouvir Eric Satie, ópera, Anthony and the Johnsons que o formidável talento o levou a ser o artista que é. Sempre de sobretudo, sempre descalço, pelo prazer do contacto com os pedais do piano, explicou ao The Independent. Perguntou ao jornalista: "Nunca conduziste descalço? Não te sentiste um super-homem?"
De Paris trouxe admiração por Charles Aznavour, que lhe retribuiu com um dueto no álbum Encore, pronto para lançar. "É preciso saber esconder a dor/ Sob a máscara do dia-a-dia", cantam os dois em inglês. Il faut savoir.
You"ve got to learn.
por ANA SOUSA DIAS
Diário de Notícias
Vai estar em Lisboa no dia 17, num palco sob a cobertura do Pavilhão de Portugal, com o piano e a voz, a voz quente e grave que de repente sobe às alturas e aos anjos. Ele tem 26 anos e é como se a vida tivesse avançado com tudo para desfazê-lo. Vagabundo, sem nada de nada, sempre a cantar, a ler, a compor, a escrever. Sem truques, faz com a voz o que quer e está dentro do que canta, genuíno e inteiro, com a história toda, amores, amigos, família, tristeza em estado puro. "I am lonely alone in a box of my own/ And this is the place I now belong, it"s my home".
Tenho a sorte de ter quem me anuncia nomes extraordinários. Tudo começou no tempo dos Beatles mais o que veio a seguir, porque ter irmãos mais velhos tem pelo menos essa vantagem: ouvimos o que eles levam para casa (naquele tempo não usávamos phones, era mesmo para partir a cabeça aos pais, pobres dos pais que tiveram filhos adolescentes naqueles anos). Assisti a um concerto inesquecível de José González, o sueco filho de argentinos, graças a uma amiga atenta e jovem. Vi ótimo teatro pela mão de Joaquim Benite ("não há justificação para não ir ao teatro", disse-me um dia). Agora foi de novo com a ajuda de um irmão que conheci Clementine: vem ver isto, nunca ouviste nada assim. Estou no computador a antecipar o concerto de Lisboa, no Super Bock Super Rock, abro sucessivos vídeos, entrevistas, o que aparece. E aparece-me uma versão do Voodoo Child de Jimi Hendrix, nada menos.
Outro vídeo em Paris, agora na Biblioteca Sainte-Geneviève. Passeia-se no meio das estantes, repete o que fez na adolescência: descobrir livros em bibliotecas. Também aprendeu música sozinho, não tem formação clássica, não sabe ler uma pauta, e foi a ouvir Eric Satie, ópera, Anthony and the Johnsons que o formidável talento o levou a ser o artista que é. Sempre de sobretudo, sempre descalço, pelo prazer do contacto com os pedais do piano, explicou ao The Independent. Perguntou ao jornalista: "Nunca conduziste descalço? Não te sentiste um super-homem?"
De Paris trouxe admiração por Charles Aznavour, que lhe retribuiu com um dueto no álbum Encore, pronto para lançar. "É preciso saber esconder a dor/ Sob a máscara do dia-a-dia", cantam os dois em inglês. Il faut savoir.
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