Para bem do Porto, demita-se!

Ressalvando a pessoa e o académico, que estimo e respeito, e que aqui não estão em causa, vamos à política porque, mal comparado, como diz o ditado, "quem anda na guerra dá e leva".

Parece-me absolutamente inadmissível que o sr. dr. Emídio Gomes, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Norte e responsável pela autoridade de gestão dos fundos europeus, que tanto atira contra aquilo que os outros escrevem nos jornais, venha ele próprio, nos mesmos jornais, mandar farpas e proferir declarações de laivos salazarentos contra alguns, mandando-os calar ou dizendo que perdem oportunidades de estar calados o que, na prática, vai dar ao mesmo.

Presumo sempre, até prova em contrário, que quem ocupa cargos públicos está neles de forma séria e honrada, mas é também por isso mesmo e porque em democracia ninguém está imune a críticas que não tenho paciência para quem se arvora em prima-dona ou virgem ofendida.

O sr. dr. Emídio Gomes não foi eleito e não é impunemente, não no Porto, que se manda calar quem os portuenses elegeram para gerir a cidade e defender os seus interesses, no caso o presidente da Câmara.

Não, não sou advogada de defesa do dr. Rui Moreira, nem ele precisa, sou deputada municipal independente, também eu eleita pelo povo do Porto e, por isso, entendo que sr. dr. Emídio Gomes se deve demitir.

E já agora não é apenas essa a única razão porque entendo que aquele pedido de demissão se impõe, é também e sobretudo porque julgo que não estão a ser defendidos convenientemente os interesses do Porto e nem da região.

Quem estiver atento já percebeu certamente que este meu entendimento não é solitário, atente-se o descontentamento e a contestação manifestos em várias críticas públicas, apesar de envergonhadas, de muitos autarcas da AMP e do presidente da CIM. E se assim é, estou certa, é porque o medo de virem a ser ainda mais prejudicados supera a capacidade de reivindicar.

Fui eleita para dizer sem medo o que penso, que é isto:São escassos os recursos que se pretendem alocar aos projetos do Porto, sim. São questionáveis e perversos os critérios de repartição que se pretendem aplicar, sim. São opacos, porque estão por explicar, os critérios a utilizar no processo de overbooking, sim.

E não, o Porto não aceita esmolas e nem quer um estatuto especial - apenas pretende e reclama aquilo a que tem direito.

*Deputada municipal independente
09.07.2015
ADRIANA AGUIAR BRANCO
Jornal de Notícias