Um testemunho a escutar com atenção

Teodora Cardoso, cuja entrevista preenche o destaque de hoje do Diário Económico, é uma das vozes mais respeitadas em Portugal no que toca a Economia e Finanças Públicas.

Tal deve-se à sua experiência e longa carreira mas, acima de tudo, à independência partidária que sempre a caracterizou. As suas opiniões e conclusões, com natural substrato político, partem sempre de uma base técnica e académica. Ainda assim, ouvindo-a falar sobre a situação do país e o que precisamos para os próximos anos, é inevitável sentir que está mais próxima da estratégia seguida pelo actual Governo do que da mudança prometida pelo PS de António Costa. Alerta para o perigo de reverter abruptamente as medidas extraordinárias contando apenas com o incerto crescimento económico para o contrabalançar; avisa que a descida do IVA não é, para já, o melhor caminho; e explica por que razão o equilíbrio orçamental é essencial para restabelecer a confiança e relançar a economia. Por outro lado, lembra que, apesar do caminho percorrido, há uma nova fase, dedicada ao foco no crescimento, que tem de desenhar-se com mais pujança; e é clara quando defende que os impostos têm de deixar de ser tratados apenas como uma forma de ter receita, e passarem a desempenhar um papel no modelo económico que queremos implementar. Numa leitura partidária simplista, temos aqui reparos e conselhos que devem ser aproveitados por quem quer que venha a ocupar São Bento. Mas não é isso que é mais importante. O importante é perceber que não podemos desperdiçar o que foi feito e que, com cautela, é preciso dar o passo seguinte. É simples de dizer e difícil de fazer, é certo. Mas é esse o caminho que temos de tentar seguir.

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Económico