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Mensagem por Admin Ter Jul 28, 2015 1:50 pm

O euro nasceu de motivações muito diferentes: equilibrar os ganhos territoriais da Alemanha obtidos na sua unificação fazendo desaparecer o marco no euro, quando ainda não havia as dívidas "impagáveis" de alguns Estados europeus.


A FRASE...
 
"Ajudar a Alemanha a ultrapassar o seu momento unipolar é também encontrar parceiros que contrabalancem o seu peso, sendo que contrabalançar é no sentido de convergir."
 
António Vitorino, Público, 26 de Julho de 2015
 
A ANÁLISE...
 
A integração europeia não poderá seguir a trajectória do federalismo dos Estados Unidos da América. A configuração política de uma sociedade de colonos que se expandem abrindo novas fronteiras não se compara com o que está a ser o processo de partilha de soberanias nacionais entre Estados que foram constituídos em função da garantia mútua das suas fronteiras e da não ingerência nos assuntos internos, as duas condições que permitiram terminar um longo período de guerras religiosas. As diferenças monetárias também não permitem a comparação do dólar com o euro. O federalismo monetário americano resultou da guerra civil e das dívidas "impagáveis" dos derrotados: a moeda federal gerou o federalismo político para resolver a conflitualidade interna. O euro nasceu de motivações muito diferentes: equilibrar os ganhos territoriais da Alemanha obtidos na sua unificação fazendo desaparecer o marco no euro, quando ainda não havia as dívidas "impagáveis" de alguns Estados europeus.
 
A "densidade" histórica dos Estados europeus não favoreceu a integração federal e a "guerra civil europeia" (as duas guerras mundiais do século XX) teve como vencedores duas potências extra-europeias e o fim dos impérios europeus: os Estados da Europa enfraqueceram, mas ficaram as memórias das suas grandezas passadas a resistir à fusão federalista.
 
A integração europeia está a ser feita por instituições e entidades federais (as que acumulam e comandam os recursos na escala europeia) que coexistem com os Estados nacionais, ficando estes cada vez mais dependentes de recursos que não têm e que não poderão obter na sua tradicional escala nacional. É nestas forças federais que está o factor de equilíbrio dos poderes nacionais, incluindo o da Alemanha.
 
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

27 Julho 2015, 20:40 por Joaquim Aguiar
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