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Mensagem por Admin Qua Jul 29, 2015 11:01 am

Um dia na redação de um jornal com o sol a brilhar lá fora não se recomenda a ninguém, pior ainda em pleno verão. Este ano há no entanto uma novidade que ajuda a preencher o tempo: há notícias e não apenas sobre a Grécia, não apenas sobre Schäuble e Varoufakis. Há informação com origem no governo que fala ao ouvido e à carteira dos eleitores. Ambulâncias novas em folha quando antes até a gasolina chegou a faltar. Três mil médicos com aumentos salariais que eram esperados há dez anos. Os juízes também estiveram a um passo de conseguir o seu quinhão. Até a amaldiçoada sobretaxa foi cozinhada de maneira a dar os primeiros sinais positivos agora, com promessas de devoluções reais que podem ser calculadas através de um simulador. O governo nunca se esteve nas tintas para as eleições deste ano - a credulidade tem limites. Aquela era apenas a história que na altura deu jeito contar. É tão simples como isto: Passos Coelho e Paulo Portas estão a colher alguns frutos dessa estratégia. Os economistas chamam-lhe efeito de base: qualquer ganho sobre um valor (expectativa) baixo transforma-se num salto percentual relevante. O país não se converteu num oásis, mas os indicadores económicos melhoraram, há crescimento, o desemprego continua nas nuvens, mas a confiança das empresas e dos consumidores é mais favorável. Os riscos são imensos, a recuperação económica tem um longo e sinuoso caminho a percorrer, mas até os piores números deixam espaço para que o copo pareça meio cheio. Passos arrumou aquele ar severo e a superioridade moral de outros tempos. É vê-lo em pré-campanha por estes dias e notar como se adocicou. Experimenta iguarias regionais. Passeia-se pelas ruas do país sem risco de grandoladas. Revela uma nova dose de energia. E o PS ? Depois da avalanche de estudos, os socialistas perderam gás. António Costa também tira selfies pelos caminhos de Portugal, mas - justa ou injustamente -, a mensagem deixou-se aprisionar pela retórica do governo: PS igual a risco; PSD-CDS igual a segurança. Até os cartazes eleitorais do PS traduzem esta anemia: não há ali nada de mobilizador, nem sequer os erros do governo são capitalizados. As campanhas eleitorais são feitas de comunicação - as palavras substituem a ação política. Nesta luta os socialistas estão a deixar-se ficar para trás.

por ANDRÉ MACEDO  
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