Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 389 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 389 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A língua portuguesa e o século XXI
Página 1 de 1
A língua portuguesa e o século XXI
Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa.
O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a nos exigir um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias.
Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos. Juntos, estamos entre as cinco maiores economias do planeta.
A nossa língua está a nos exigir uma afirmação global, a nos cobrar uma responsabilidade para com ela. Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?
Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado, “é a casa onde a gente mora”. Nela, se deposita know how, tecnologia. Língua também é economia.
Não subestimemos o assunto. Ele é sério. Estamos diante de uma questão de afirmação da qual não podemos nos furtar. Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma visão de mundo, um modo de vida, projetos de civilização fundados em estratégias generosas e abrangentes. Estou convencido de que podemos ser portadores de uma mensagem planetária singular.
No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa - nunca houve tanto conhecimento e reconhecimento mútuo.
O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.
É claro que precisamos de uma ortografia uniformizada. É insensato não crer na necessidade de um acordo ortográfico. Possíveis erros de condução não diminuem sua importância, e o que representa para o fortalecimento da língua no contexto global. A diversidade e a riqueza de um português que floresce em vários cantos do planeta, e que a enriquece, sem uma escrita comum podem vir a comprometer a sua unidade.
Precisamos dar novos passos para a consolidação de uma comunidade de língua portuguesa, compartilhar nosso universo cultural num grau e proporção ainda não experimentado. Precisamos fortalecer ações de colaboração e integração mútua rumo a uma maior projeção global.
Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa. Convoquemos aqueles que com ela criam, tendo-a como matéria prima, aqueles que a mantém viva, que a recriam diariamente e que expressam seus falares.
Convoquemos os poetas, os escritores, os artistas, os jornalistas, os cronistas, os tradutores, os editores, os professores, os filólogos, os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristras, os críticos literários e, também, os normatizadores. Precisamos de todos, inclusive dos estados nacionais.
Pensemos a língua em suas várias dimensões. Consolidemos um universo cultural comum, não apenas em suas expressões literárias e poéticas, mas também na música, no teatro, no cinema, no pensamento; e em suas inserções na internet, no rádio, no jornalismo, na TV, etc. etc. Pensemos globalmente.
Não podemos, enfim, simplificar o assunto, reduzindo-o a uma questão puramente técnica. Não podemos desconectar a uniformização da ortografia de um contexto cultural mais amplo que diga respeito toda a comunidade lusófona.
Sociólogo, ministro de estado da cultura do Brasil
JUCA FERREIRA
03/08/2015 - 05:06
Público
O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a nos exigir um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias.
Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos. Juntos, estamos entre as cinco maiores economias do planeta.
A nossa língua está a nos exigir uma afirmação global, a nos cobrar uma responsabilidade para com ela. Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?
Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado, “é a casa onde a gente mora”. Nela, se deposita know how, tecnologia. Língua também é economia.
Não subestimemos o assunto. Ele é sério. Estamos diante de uma questão de afirmação da qual não podemos nos furtar. Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma visão de mundo, um modo de vida, projetos de civilização fundados em estratégias generosas e abrangentes. Estou convencido de que podemos ser portadores de uma mensagem planetária singular.
No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa - nunca houve tanto conhecimento e reconhecimento mútuo.
O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.
É claro que precisamos de uma ortografia uniformizada. É insensato não crer na necessidade de um acordo ortográfico. Possíveis erros de condução não diminuem sua importância, e o que representa para o fortalecimento da língua no contexto global. A diversidade e a riqueza de um português que floresce em vários cantos do planeta, e que a enriquece, sem uma escrita comum podem vir a comprometer a sua unidade.
Precisamos dar novos passos para a consolidação de uma comunidade de língua portuguesa, compartilhar nosso universo cultural num grau e proporção ainda não experimentado. Precisamos fortalecer ações de colaboração e integração mútua rumo a uma maior projeção global.
Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa. Convoquemos aqueles que com ela criam, tendo-a como matéria prima, aqueles que a mantém viva, que a recriam diariamente e que expressam seus falares.
Convoquemos os poetas, os escritores, os artistas, os jornalistas, os cronistas, os tradutores, os editores, os professores, os filólogos, os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristras, os críticos literários e, também, os normatizadores. Precisamos de todos, inclusive dos estados nacionais.
Pensemos a língua em suas várias dimensões. Consolidemos um universo cultural comum, não apenas em suas expressões literárias e poéticas, mas também na música, no teatro, no cinema, no pensamento; e em suas inserções na internet, no rádio, no jornalismo, na TV, etc. etc. Pensemos globalmente.
Não podemos, enfim, simplificar o assunto, reduzindo-o a uma questão puramente técnica. Não podemos desconectar a uniformização da ortografia de um contexto cultural mais amplo que diga respeito toda a comunidade lusófona.
Sociólogo, ministro de estado da cultura do Brasil
JUCA FERREIRA
03/08/2015 - 05:06
Público
Tópicos semelhantes
» A língua portuguesa
» A língua portuguesa, ativo subaproveitado
» LÍNGUA PORTUGUESA: Já não se pode dizer “Boa!”
» A língua portuguesa, ativo subaproveitado
» LÍNGUA PORTUGUESA: Já não se pode dizer “Boa!”
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin