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O Porto não é uma ilha
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O Porto não é uma ilha
O discurso de contestação ao centralismo voltou à atualidade política depois de bastante tempo arredado ou muito discretamente abordado na praça pública. Voltou a propósito do novo ciclo de fundos comunitários e da sua distribuição pelos municípios, como sequela deste tema na campanha de António Costa e ainda na boca de Rui Rio na sua recente entrevista à RTP. Sem que ninguém citasse a palavra maldita "Regionalização".
Deixemos para já a Regionalização, que a Constituição consagra mas que todos têm pudor em discutir seriamente.Rui Moreira e Rui Rio, cuja relação pessoal já conheceu melhores dias, têm uma conceção comum: o presidente da Câmara do Porto luta pelos direitos da cidade, pelo seu desenvolvimento e é dentro dos limites da Autarquia que desenvolve a sua ação. Ou seja, interesses que belisquem aquilo que possam considerar importante para a cidade são para combater. Do resto, pouco ou nada querem saber.
Esta abordagem do papel do Porto abdica da posição de liderança regional que devia assumir claramente. Não haverá processo de regionalização ou de descentralização efetiva se a "capital do Norte" não for o centro de pressão sobre o tal "principado" de que falou Rui Rio instalado no Terreiro do Paço. E esta pressão reivindicativa em favor da Região só é eficaz se for acompanhada e reconhecida pela maioria das outras autarquias.
Sei que a esta altura, o leitor de Braga, de Bragança ou de qualquer outra cidade do Norte já está a pensar: o Porto quer é substituir Lisboa. E, atentos às últimas polémicas, até têm argumentos para pensar assim. Quando se protesta contra o favorecimento do interior da Região face ao litoral na distribuição de fundos comunitários infraestruturais, quando se contesta o princípio da solidariedade intermunicipal na questão do preço da água ou quando se vê com maus olhos a realização do circuito de Vila Real ou o Rali de Portugal em Matosinhos, o sinal que se dá para a Região é o de que o Porto não cede nada e pouco lhe importa que à sua volta se instale o deserto.
A reação centralista é imediata: Estão a ver? E querem vocês a Regionalização? E de alguns autarcas nortenhos a confidência com os seus botões: mais vale estar bem com o Terreiro do Paço porque da Praça de Almeida Garret não podemos esperar nada...
Quando Viera de Carvalho, Fernando Gomes e Narciso Miranda se puseram de acordo -também cometeram erros -, além do metro e das obras de qualificação urbana associadas, conseguiram durante algum tempo pôr Lisboa em sentido; e quando a CCDRN, a Câmara do Porto, a então AIP e cidades como Braga e Vila Real, nos anos 90, "inventaram" o Eixo Atlântico, aproveitando a autonomia da Galiza como uma verdadeira alternativa de parceria, Lisboa e o Estado tiveram de vir às boas ceder na distribuição regionalizada dos fundos comunitários e ainda nos programas transfronteiriços ou de internacionalização de proximidade dentro do Noroeste Peninsular, conquistas que ainda hoje perduram.
O Porto não é uma ilha entre o Douro e a Circunvalação. Não pode pensar que é possível reivindicar isoladamente junto do Estado central, conseguir umas migalhas e ao mesmo tempo ter a simpatia dos seus vizinhos de Região sem que estes percebam vantagens neste posicionamento.
O Porto, além de orgulhosa cidade, é a marca reconhecia da Região, é assim que deve apresentar-se em todo o lado e fazer por o merecer.
As ligações ferroviárias, a gestão da APDL, o aeroporto de Sá Carneiro, a navegabilidade do Douro, a autoestrada do Marão até Espanha, o Turismo regional, etc. O Porto tem de encabeçar a luta, que é verdadeiramente política, pelo desenvolvimento e boa gestão destes e outros equipamentos essenciais para a Região. E as restantes autarquias, de Valença a Miranda do Douro, de Gaia a Foz Côa ou da Régua a Chaves, passando pela Área Metropolitana ou pelas CIM, mais tarde ou cedo perceberão que é também do seu interesse este caminho, o único que verdadeiramente levará à descentralização dos investimentos e apoios.
E, então, talvez comecem a olhar para o Porto como a cabeça de uma Região que lhes interessa apoiar e reforçar e não como mais um rival na corrida a fundos e apoios que o Terreiro do Paço vai distribuindo conforme lhe dá jeitinho.
CONSULTOR DE COMUNICAÇÃO
06.08.2015
ROGÉRIO GOMES
Jornal de Notícias
Deixemos para já a Regionalização, que a Constituição consagra mas que todos têm pudor em discutir seriamente.Rui Moreira e Rui Rio, cuja relação pessoal já conheceu melhores dias, têm uma conceção comum: o presidente da Câmara do Porto luta pelos direitos da cidade, pelo seu desenvolvimento e é dentro dos limites da Autarquia que desenvolve a sua ação. Ou seja, interesses que belisquem aquilo que possam considerar importante para a cidade são para combater. Do resto, pouco ou nada querem saber.
Esta abordagem do papel do Porto abdica da posição de liderança regional que devia assumir claramente. Não haverá processo de regionalização ou de descentralização efetiva se a "capital do Norte" não for o centro de pressão sobre o tal "principado" de que falou Rui Rio instalado no Terreiro do Paço. E esta pressão reivindicativa em favor da Região só é eficaz se for acompanhada e reconhecida pela maioria das outras autarquias.
Sei que a esta altura, o leitor de Braga, de Bragança ou de qualquer outra cidade do Norte já está a pensar: o Porto quer é substituir Lisboa. E, atentos às últimas polémicas, até têm argumentos para pensar assim. Quando se protesta contra o favorecimento do interior da Região face ao litoral na distribuição de fundos comunitários infraestruturais, quando se contesta o princípio da solidariedade intermunicipal na questão do preço da água ou quando se vê com maus olhos a realização do circuito de Vila Real ou o Rali de Portugal em Matosinhos, o sinal que se dá para a Região é o de que o Porto não cede nada e pouco lhe importa que à sua volta se instale o deserto.
A reação centralista é imediata: Estão a ver? E querem vocês a Regionalização? E de alguns autarcas nortenhos a confidência com os seus botões: mais vale estar bem com o Terreiro do Paço porque da Praça de Almeida Garret não podemos esperar nada...
Quando Viera de Carvalho, Fernando Gomes e Narciso Miranda se puseram de acordo -também cometeram erros -, além do metro e das obras de qualificação urbana associadas, conseguiram durante algum tempo pôr Lisboa em sentido; e quando a CCDRN, a Câmara do Porto, a então AIP e cidades como Braga e Vila Real, nos anos 90, "inventaram" o Eixo Atlântico, aproveitando a autonomia da Galiza como uma verdadeira alternativa de parceria, Lisboa e o Estado tiveram de vir às boas ceder na distribuição regionalizada dos fundos comunitários e ainda nos programas transfronteiriços ou de internacionalização de proximidade dentro do Noroeste Peninsular, conquistas que ainda hoje perduram.
O Porto não é uma ilha entre o Douro e a Circunvalação. Não pode pensar que é possível reivindicar isoladamente junto do Estado central, conseguir umas migalhas e ao mesmo tempo ter a simpatia dos seus vizinhos de Região sem que estes percebam vantagens neste posicionamento.
O Porto, além de orgulhosa cidade, é a marca reconhecia da Região, é assim que deve apresentar-se em todo o lado e fazer por o merecer.
As ligações ferroviárias, a gestão da APDL, o aeroporto de Sá Carneiro, a navegabilidade do Douro, a autoestrada do Marão até Espanha, o Turismo regional, etc. O Porto tem de encabeçar a luta, que é verdadeiramente política, pelo desenvolvimento e boa gestão destes e outros equipamentos essenciais para a Região. E as restantes autarquias, de Valença a Miranda do Douro, de Gaia a Foz Côa ou da Régua a Chaves, passando pela Área Metropolitana ou pelas CIM, mais tarde ou cedo perceberão que é também do seu interesse este caminho, o único que verdadeiramente levará à descentralização dos investimentos e apoios.
E, então, talvez comecem a olhar para o Porto como a cabeça de uma Região que lhes interessa apoiar e reforçar e não como mais um rival na corrida a fundos e apoios que o Terreiro do Paço vai distribuindo conforme lhe dá jeitinho.
CONSULTOR DE COMUNICAÇÃO
06.08.2015
ROGÉRIO GOMES
Jornal de Notícias
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