Canal da Nicarágua promete revolucionar rotas marítimas

O Canal da Nicarágua apresenta-se como um projecto que tem tanto de ambicioso como de polémico. Envolto em questões de natureza ambiental mas também do seu potencial de rentabilidade, o projecto vai dando passos em frente. A concretizar-se, poderá trazer todo um redefinir das rotas marítimas globais.

A tão propalada construção magnânima do Canal da Nicarágua, que terá como príncipio fundamental a ligação entre o Oceano Pacífico e o Atlântico, tem sido tema central de debate dentro da comunidade marítima, mas, dado o relevo imponente da empreitada, a discussão da sua execução tem-se alastrado às mais variadas áreas adjacentes ao fenómeno comercial, logístico, portuário e ambiental, numa acesa troca de análises que tem levantado mais interrogações que indefectíveis certezas. 

A grandiosidade do projecto, que aposta no estreitamento geográfico entre o expansivo continente asiático e a costa Este do Norte da América, pretende dotar a configuração das rotas marítimas de uma capacidade inovadora capaz de suster a nova geração de navios Post-Panamax, New Panamax e Triple-E, que transcedem a comportabilidade do Canal do Panamá, um dos dois bastiões da ligação entre o Pacífico e o corredor Atlântico. 

Com os intuitos teoréticos de alimentar um paradigma de transporte de mercadorias baseado no aumento da tonelagem suportada, de agilizar o transit time dos navios e de redinamizar o quadro das rotas marítimas no contexto de um novo ciclo económico-competitivo, o projecto, já em execução, promete continuar a gerar controvérsia mundo afora.

Megalómano ou vanguardista, o mega-projecto teima em não convencer a comunidade internacional, quer sobre a sua integridade ambiental quer sobre o seu propósito económico – nem mesmos os portos do Este norte-americano mostram pressa em equipar-se para receber os imponentes navios que atravessarão o Canal. Será este um gigantesco passo rumo ao vazio?

06.08.2015
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