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Pita Ameixa: O Baixo Alentejo foi “historicamente mal tratado”
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Pita Ameixa: O Baixo Alentejo foi “historicamente mal tratado”
Luís Pita Ameixa, advogado natural de Ferreira do Alentejo, foi deputado por Beja nas últimas três legislaturas. Uma década que assinala a ascensão e queda dos governos de José Sócrates, o pedido de resgate e de assistência financeira, e o regresso da aliança governativa entre o PSD e o CDS-PP. Pita Ameixa, que encerra o ciclo parlamentar enquanto vice-presidente da bancada socialista, faz nesta entrevista ao “Diário do Alentejo” um balanço “altamente positivo” da sua atuação enquanto deputado, recorda o anúncio da antecipação do final das obras de Alqueva como momento alto da sua carreira e a comunicação do abandono das obras do IP2 e IP8 como uma das ocasiões mais negras. Pita Ameixa diz que vai “passar ao recato da vida privada”, mas não deixa de lançar farpas ao atual Governo e, de forma veemente, ao PCP.
Ficou surpreendido, ou até mesmo magoado, com a não inclusão do seu nome nas listas do PS às eleições de outubro próximo?
Sobre o processo de escolha da lista não devo fazer qualquer comentário ou observação, a não ser que foi para mim uma grande honra ter sido deputado por Beja, um enorme privilégio ter representado Beja e o Baixo Alentejo no Parlamento. O que sempre fiz com lealdade, trabalho e despido de interesses pessoais.
Pressentiu que o seu futuro político no PS estava comprometido após a derrota interna de António José Seguro, líder que apoiou desde a primeira hora?
Após esse processo fui eleito vice-presidente do grupo parlamentar e mantive a responsabilidade de coordenador da primeira comissão parlamentar. Portanto, tive altas e acrescidas responsabilidades.
O que quis dizer, em concreto, quando anunciou que ia deixar a vida política para voltar à vida civil. O que pretende fazer, de facto?
A minha vida não depende da política mas da minha profissão de advogado. Não pertenço a nenhum órgão político, não pertenço a nenhum órgão partidário, deixo totalmente a vida pública e passo ao recato da vida privada.
Bom, regressemos à política. Considera ganhadora a lista socialista que vai a eleições pelo círculo de Beja? Vai fazer campanha ao lado de Pedro do Carmo e de José Alberto Guerreiro?
O PS há muitos anos que ganha no distrito de Beja as eleições legislativas e não há nenhuma razão para não repetir essa vitória. Os resultados do PS têm evoluído segundo o momento político circunstancial que se vive no País. A atual conjuntura, com forte descontentamento popular face ao Governo da direita, a necessidade de mudança, e o apelo ao voto útil, é altamente favorável para o PS e, portanto, há todas as condições para o PS ganhar e, igual ao que aconteceu em conjunturas semelhantes, eleger dois deputados pelo distrito. Acredito nisso.
Considera que o envio por parte do PSD de uma figura externa à região pode abrir caminho à eleição de dois deputados do PS por Beja?
Sim, a escolha do PSD vem facilitar ainda mais a vida ao PS no distrito.
Sei que vai dizer que não gosta de meter a colher na vida dos outros partidos, mas não resisto a perguntar-lhe o seguinte: como analisa a não consideração do seu colega Mário Simões para cabeça-de-lista do PSD?
Penso que Mário Simões foi um dos mais operativos líderes na história do PSD no distrito e fez trabalho como deputado no círculo eleitoral para justificar a sua candidatura à reeleição. A meu ver só poderia ter sido ultrapassado por um membro do Governo como cabeça-de-lista e, mesmo assim, já seria uma menorização para Beja. A decisão tomada pela coligação PSD/CDS-PP, em termos de cabeça-de-lista, acaba por deslegitimar e descredibilizar a direção distrital do PSD e parece mostrar falta de aposta na região.
Já que falamos em deputados da última legislatura, a derradeira comunicação política de Pita Ameixa visou o deputado da bancada do PCP, João Ramos. O que se passou, afinal? Saiu melindrado com João Ramos, ou são coisas que ficam perdidas nos corredores da política?
No PCP não há personalidade. João Ramos é apenas, no momento, o serventuário em cumprimento. No caso vertente o que se passou foi o seguinte, o PCP apresentou projetos de resolução, consistindo em meras recomendações de atuação do Governo quanto ao desenvolvimento do Alentejo, às estradas e ao aeroporto de Beja. O que o PCP propunha tinha uma importância relativa pois era repetir, em geral, reivindicações do que sempre se tem defendido, como estradas e aeroporto, usou uma figura sem força mandatória para o Governo, uma recomendação que, em fim de mandato, mais parece creditar a continuação do Governo da direita.
Como assim?
O proposto pelo PCP comporta virtudes, mas também coisas com que discordamos. Por exemplo: impedir os agricultores na gestão dos perímetros de rega. E não reconhece o que o PS fez de obras concretas nalguns desses projetos. Mesmo com algumas discordâncias, a nossa posição foi ainda assim de viabilizar os projetos de resolução do PCP, com abstenção em dois casos e mesmo voto a favor no caso do aeroporto. Não foi por nós que chumbaram. É repugnante que o PCP não tenha reconhecido isso no quadro da relação democrática interpartidária.
Ainda não percebi o que se passou…
Ao invés, o PCP veio atacar o deputado do PS sobre a presença na reunião de discussão na comissão de especialidade, quando foi o PCP, aos ziguezagues, que requereu e depois retirou a discussão do plenário, tirando importância às suas propostas e impedindo o debate com todos os deputados. O PCP é um desastre. Prisioneiro histórico da uma mitologia soviética sem sentido nos dias de hoje, acantonado numa dízima de votos protestantes, é o maior bloqueador de soluções à esquerda no contexto do nosso regime democrático pluralista e, como se viu agora com esta atitude, mesmo em termos regionais.
Não acha que levou o caso muito a peito?
Eu, já em tempos, propus que todos os deputados por Beja tomassem em conjunto na Assembleia da República uma ação em defesa do aeroporto de Beja. Escrevi nesse sentido a Mário Simões e a João Ramos, mas nem um nem outro aceitaram. Agora que tomámos no PS uma posição de viabilização das iniciativas do PCP, com as declarações de voto que de viva voz anunciei no plenário da Assembleia da República, o deputado do PCP responde com ataques ao PS, o que é lamentável.
Em termos de balanço, que avaliação faz dos 10 anos que passou no Parlamento?
Altamente positivo, pois recordo que reabriu a conquista do PS de Beja de uma escolha local e não nacional, depois porque julgo que representámos com dignidade e com resultados concretos Beja e o Baixo Alentejo. Nós, o PS de Beja, conseguimos que, talvez pela primeira vez na história, fossem atendidos pelo poder central todos os grandes projetos de desenvolvimento e ambições queridos pela região, com destaque para o Alqueva, para o aeroporto de Beja e para a autoestrada, para citar três grandes. Isso ocorreu essencialmente no ciclo de 2005 a 2011, em que tive o privilégio de representar o Baixo Alentejo na Assembleia da República e presidir ao PS no distrito.
Qual o momento que melhores recordações lhe traz? Aquele momento em que sente que algo de muito importante pode estar a acontecer?
A ideia política de que a conclusão do Alqueva tinha de ser mais rápida foi lançada, a partir de Beja, por nós, pois não se compreendia que uma alavanca tão forte para o desenvolvimento regional fosse sendo feita pouco a pouco durante 20 anos. Quando o Governo do PS, em 17 de março de 2006, anuncia que concentrava o investimento e que, em vez de 2025, o Alqueva seria concluído em 2015 e, depois reviu para 2013, sentimos obviamente que algo muito importante tinha sido conseguido.
E o pior momento da sua carreira de deputado qual foi?
Talvez a reunião com o secretário de Estado dos Transportes do Governo PSD/CDS-PP, Sérgio Monteiro, que decorreu nas instalações do antigo Governo Civil de Beja, em 19 de dezembro de 2011, na qual me alterquei com o mesmo, pois veio aqui anunciar o fim das obras em curso para o desenvolvimento de Beja e do Baixo Alentejo, o qual, perante a minha defesa do aeroporto como polo de desenvolvimento, respondeu que o via como “um polo de retração” e, depois, veio ainda a afirmar “para mim, o aeroporto de Beja não teria sido construído”. Foi uma grande frustração!
Das rotinas parlamentares, o que mais lhe vai fazer falta?
Certamente os debates políticos, sobretudo na primeira comissão, onde se abordam questões de Estado com elevado alcance e aprofundamento teórico e ideológico.
É correto afirmar que o parlamentar Luís Pita Ameixa perdeu gás, ou pelo menos entusiasmo, com a derrota de António José Seguro? Pelo menos, depois dessa altura, notou-se um abrandamento da sua atividade na região…
É certo que passei a exercer funções mais relevantes e absorventes como vice-presidente do grupo parlamentar, mas nunca deixei de desempenhar um mandato de proximidade com o distrito de Beja e com a mesma entrega pessoal. Ultimamente, relembro, por exemplo, a iniciativa para resolver a situação dos rendeiros da Herdade dos Machados, ou sobre a cooperação do Estado com as instituições de apoio aos deficientes, ou sobre a saúde no distrito incluindo o atendimento no Hospital de Beja e do Litoral Alentejano e, nomeadamente, com atenção em Vila Nova de Milfontes, ou a luta pelo medronho do Baixo Alentejo, indevidamente apropriado pela marca medronho do Algarve, ou os acidentes nas minas de Aljustrel, ou as perspetivas e compromissos do Governo sobre o preço da água de Alqueva… Assim, não acho correta a afirmação contida na pergunta.
Como revê a evolução do Baixo Alentejo ao logo deste período em que foi deputado da República?
Como já disse, o Baixo Alentejo tem razões de queixa da forma como foi historicamente mal tratado. O programa eleitoral com que nos candidatámos tinha uma ambição enorme: inverter essa realidade. Conseguimo-lo. Numa parte do período em que fui deputado, enquanto o PS teve maioria e Governo, pudemos contribuir para o lançamento de uma estratégia de investimento sem precedentes: Alqueva em metade do tempo, autoestrada de Beja a Sines e 340 quilómetros de melhoramentos nas estradas, aeroporto civil de Beja, desenvolvimento mineiro em Neves-Corvo e reabertura da mina de Aljustrel depois de 10 anos encerrada, instalação das unidades locais de saúde, conseguindo-se modernizar as instalações do hospital de Beja…
Mas nem todas essas propostas foram levadas até ao fim.
Tudo foi lançado, mas nem tudo isto foi até ao fim, pois a mudança para a maioria e Governo PSD/CDS-PP levou ao regresso ao fado triste do nosso passado histórico: uma região posta em segundo lugar e onde autoestradas, aeroportos, investimentos fortes, não são justificáveis, só se justificam noutras partes do País. Esta segunda fase do período em que fui deputado foi, em grande medida, frustrante para o Baixo Alentejo. A luta que então desenvolvemos foi para criar condições para um novo advento estratégico de desenvolvimento, que, esperemos, venha aí no futuro próximo e se faça o que falta fazer.
Uma última questão: não pergunto sobre o resultado que gostaria que o PS obtivesse a nível nacional, mas apelo à sua capacidade de análise política, agora mais descomprometida, para tecer uma antecipação do que julga poder vir a ser o resultado eleitoral.
O País precisa e julgo que estão cridas as condições para o PS vencer as eleições e formar Governo, de preferência um Governo maioritário do PS. Desse novo Governo devemos esperar uma estratégia de saída da crise, que melhore a vida das pessoas e promova o desenvolvimento do País com atenção especial a regiões como a nossa, que têm o direito a não serem ultrapassadas e esquecidas como Beja e o Baixo Alentejo têm sido.
Por Paulo Barriga
07-08-2015 10:26:24
Diário do Alentejo
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