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O que aí vem
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O que aí vem
A atitude dos ricos sempre foi o roubo e a exploração dos países pobres.
Setembro, suave mês. A luz calma, a temperatura amena, histórias de férias, livros escolares, o regresso à rotina do emprego. Não será bem assim. Lá fora os BRIC que cresciam tanto e que, pelo exemplo, a todos nos iam salvar, entraram numa vertiginosa turbulência que tudo baralha, que a todos cria aflição: o Brasil corrupto do mensalão e do lava-jacto, a Rússia afogada na baixa do petróleo, o estouro da bolha chinesa, esse gigantesco mercado que importará menos coisas caras e também exportará menos coisas baratas, tão necessárias à vida dos pobres.
Talvez se salve o I da Índia, o futuro império por volta de 2050 porque o sistema de castas é tão violento que a elite reinará por muitos anos. E ó Sr. Obama, a sua simpática ideia de despoluir o mundo por volta de 2030 também será mandada às urtigas, porque a ganância dos lobbies do petróleo e das armas continuará imparável. Imparáveis ainda as migrações, porque a atitude dos ricos foi sempre o roubo e a exploração dos países pobres e nunca o apoio ao seu desenvolvimento e independência. Por cá, neste mês onde reinará o barulho insuportável da campanha eleitoral o medo será o centro do discurso vazio e oco do actual poder. "Lembrem-se de...", "Sem nós será", "...sacrifícios necessários para...". E eu lembro-me do discurso bafiento da ideologia salazarista que transformou Portugal num dos países mais pobres e mais incultos do mundo, que defendia o sacrifício e a ignorância na terra para que, depois de mortos, todos alcançassem o paraíso e a sabedoria nos céus. Mas se não houver paraíso, onde e quando as pessoas serão felizes? Costa também resolveu prometer estimativas em vez de estimar promessas!
Pela primeira vez na minha vida zanguei-me com um pobre, velho e reformado, o que não é admissível. À porta de uma tabacaria, ele, que não tinha ainda recebido a sua reforma (não chegava a 300€) "por causa de um erro informático" resignava-se: "Pois é, também andamos todos a gastar demais!" Vi que era desdentado como são quase todos os portugueses velhos e pobres. Imaginei-o a amolecer o pão na sopa ou bolachas no leite. Ouvi-me dizer "deve ter comprado um pacote de bolachas Maria a mais". Milhares de trabalhadores a ganhar menos que o salário mínimo, 350 mil jovens que emigraram nos últimos quatro anos, mais 600 mil desempregados declarados, 400 mil com empregos precários.
E Soares continuará a visitar Salgado, condoído pela sua incompreensível desgraça.
27.08.2015 00:30
JOÃO BOTELHO
Cineasta
Correio da Manhã
Setembro, suave mês. A luz calma, a temperatura amena, histórias de férias, livros escolares, o regresso à rotina do emprego. Não será bem assim. Lá fora os BRIC que cresciam tanto e que, pelo exemplo, a todos nos iam salvar, entraram numa vertiginosa turbulência que tudo baralha, que a todos cria aflição: o Brasil corrupto do mensalão e do lava-jacto, a Rússia afogada na baixa do petróleo, o estouro da bolha chinesa, esse gigantesco mercado que importará menos coisas caras e também exportará menos coisas baratas, tão necessárias à vida dos pobres.
Talvez se salve o I da Índia, o futuro império por volta de 2050 porque o sistema de castas é tão violento que a elite reinará por muitos anos. E ó Sr. Obama, a sua simpática ideia de despoluir o mundo por volta de 2030 também será mandada às urtigas, porque a ganância dos lobbies do petróleo e das armas continuará imparável. Imparáveis ainda as migrações, porque a atitude dos ricos foi sempre o roubo e a exploração dos países pobres e nunca o apoio ao seu desenvolvimento e independência. Por cá, neste mês onde reinará o barulho insuportável da campanha eleitoral o medo será o centro do discurso vazio e oco do actual poder. "Lembrem-se de...", "Sem nós será", "...sacrifícios necessários para...". E eu lembro-me do discurso bafiento da ideologia salazarista que transformou Portugal num dos países mais pobres e mais incultos do mundo, que defendia o sacrifício e a ignorância na terra para que, depois de mortos, todos alcançassem o paraíso e a sabedoria nos céus. Mas se não houver paraíso, onde e quando as pessoas serão felizes? Costa também resolveu prometer estimativas em vez de estimar promessas!
Pela primeira vez na minha vida zanguei-me com um pobre, velho e reformado, o que não é admissível. À porta de uma tabacaria, ele, que não tinha ainda recebido a sua reforma (não chegava a 300€) "por causa de um erro informático" resignava-se: "Pois é, também andamos todos a gastar demais!" Vi que era desdentado como são quase todos os portugueses velhos e pobres. Imaginei-o a amolecer o pão na sopa ou bolachas no leite. Ouvi-me dizer "deve ter comprado um pacote de bolachas Maria a mais". Milhares de trabalhadores a ganhar menos que o salário mínimo, 350 mil jovens que emigraram nos últimos quatro anos, mais 600 mil desempregados declarados, 400 mil com empregos precários.
E Soares continuará a visitar Salgado, condoído pela sua incompreensível desgraça.
27.08.2015 00:30
JOÃO BOTELHO
Cineasta
Correio da Manhã
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