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O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A virtude de ganhar muito dinheiro
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A virtude de ganhar muito dinheiro
Há várias maneiras de detetar claramente se alguém que fala ou escreve pensa como um socialista, quer seja uma pessoa com formação intelectual quer seja alguém mais comum que demonstra, no entanto, ter o mesmo equilíbrio e moderação. Uma delas é quando diz que aceita o capitalismo como o melhor modo de vida possível, mas desde que seja um capitalismo responsável. Ouço coisas destas com frequência e, nestas férias, encontrei um amigo que as repetia sem cessar, como se tivesse algum peso na consciência. A ideia subjacente é a de que o capitalismo tem uma espécie de condição moral discutível, que se baseia na cobiça, como se o afã de ganhar dinheiro fosse um pecado.
Mas não é verdade. O sistema de livre mercado é amoral. Na minha opinião, é o modelo de organização económica e social mais conforme com a natureza humana, cujo instinto de sobrevivência e de progresso é genuíno e é também o modelo mais eficiente do ponto de vista dos resultados que obtém em prol do bem comum. Não pode nem deve ser julgado do ponto de vista da ética. Acho eu. Misturar o coração com a vontade de comer, que é o que o socialismo tenta torpemente, é perigoso.
Foi o nobel Milton Friedman quem disse que a única responsabilidade das empresas é obter lucro. Procurar o rendimento mais elevado possível. Ganhar dinheiro. Quando o fazem, quando têm êxito, é porque estão a prestar o maior serviço possível à sociedade, que é o de satisfazer a procura do consumidor com a melhor qualidade e ao melhor preço possível, proporcionando ao mesmo tempo os dividendos acertados aos acionistas. A chamada responsabilidade social ou capitalismo responsável é uma invenção dos socialistas que habitam o mundo empresarial, de todos os partidos, como diria Hayek. Os mais descarados só aceitam o sistema contra a sua vontade, porque não têm outro remédio - dada a comparação de resultados com os modelos coletivistas - mas tentam miná-lo constantemente. Há outros que, pelo seu lado, têm má consciência pelo simples facto de ganharem dinheiro licitamente num mercado aberto e competitivo. Estes últimos são o caldo de cultura desta nova área de negócio que se criou assente na base de persuadir os empresários de que para que sejam aceites socialmente têm de fazer obras de caridade. Mas isto é uma estupidez que não serve para mais nada do que para dar trabalho a estes novos parasitas e pregadores da suposta justiça social.
Que eu saiba, a filantropia existe desde o começo da história. As empresas desenvolvem-se numa determinada sociedade e são dirigidas por pessoas honestas que não se despreocupam com o destino dos seus próximos. É por essa razão que a maior parte dos melhores hospitais dos Estados Unidos ou do Reino Unido, assim como as principais universidades, são o resultado da beneficência e do apoio de grandes magnatas e empresários preocupados com o bem-estar comum. Alguns dirão que este tipo de instituições são inacessíveis para a maioria, mas isso também não é verdade. O fundamento do capitalismo é a igualdade de oportunidades; que ninguém fique fora do circuito por falta de oportunidades; que nenhum bom talento fique desaproveitado. Uma grande quantidade de empresas e de filantropos dedicam-se a isso de maneira voluntária: não precisam da coerção do Estado, que desvirtuaria o seu bom propósito. O que nós, que acreditamos no capitalismo, não queremos, ao contrário dos socialistas, é uma legião de desocupados que podendo viver pelos seus próprios meios desfrutem de um sistema que os convida a fazê-lo à custa dos demais. Bill Gates e a mulher têm uma fundação que dedica muito dinheiro a ajudar as pessoas mais necessitadas em África, mas a autêntica contribuição dos Gates para o progresso da humanidade foi inventar a Microsoft, tal como Steve Jobs fez com a Apple. Os dois, e muitos outros, multiplicaram a produtividade do sistema e tornaram possível a milhares de pessoas de países subdesenvolvidos terem uma comunicação global. Descobriram uma procura latente que acelerou vertiginosamente a inovação e a mudança intrínsecas ao modelo capitalista.
Outra maneira de desmascarar um socialista é quando aquele que nos interpela, como alguns dos meus amigos, diz que o sistema económico deve ser solidário e justo. E que a Europa não o é. Por exemplo, há quem reprove que a Alemanha tenha um grande superavit da balança corrente e lhe exija que ponha em marcha um plano para dinamizar a sua procura interna. Este é outro caso de um argumento insólito e pueril. O superavit corrente é, na sua maior parte, o resultado de umas exportações que superam as importações, o que reflete cabalmente a competitividade de um país. Vender para fora com êxito os produtos nacionais, dada a luta feroz pela conquista de mercado num mundo globalizado, é algo tremendamente complicado. Uma proeza. Sobretudo para um país desenvolvido como a Alemanha, onde os custos laborais são elevados. Em conclusão: como se pode penalizar um país que está a sair-se bem instigando-o a que se junto à mediocridade reinante?
Os socialistas também têm uma confiança cega nas políticas monetárias expansivas. Mas estão novamente equivocados. Estas podem surtir efeitos benéficos a curto prazo, mas implicam enormes contraindicações. Convidam a depreciar o cálculo do risco que deve acompanhar qualquer investimento, fomentam as bolhas de ativos e dissuadem os governos e os agentes privados de adotar as reformas oportunas para assegurar a sustentabilidade da economia e das empresas a médio e longo prazo. Muito dinheiro barato durante demasiado tempo é o caminho mais direto para empreender em investimentos errados e alimentar uma futura crise.
Os socialistas declarados, e alguns dos meus amigos que não o são mas que falam da mesma forma que eles no sentido de que o capitalismo deve ser justo, que deve ser solidário, que deve ser redistributivo e que, desde logo, há que manter e, inclusive, ampliar o Estado de bem-estar e conservar o modelo social europeu - que é precisamente o que nos está a levar a uma catástrofe financeira e à perversão da mentalidade dos nossos filhos, que se transformaram em viciados do apoio público -, só dizem disparates. No melhor dos casos, o dos meus amigos, têm má consciência pelo simples facto de serem bem-sucedidos. Mas não será isto simplesmente abominável? Nas sociedades normais, o êxito deveria ser considerado a consequência da virtude. Há já bastante tempo que o protestantismo nos ensinou isso. Será que faz sentido que alguém se considere culpado pelo mero facto de ganhar muito dinheiro?
por MIGUEL ANGEL BELLOSO
Diário de Notícias
Mas não é verdade. O sistema de livre mercado é amoral. Na minha opinião, é o modelo de organização económica e social mais conforme com a natureza humana, cujo instinto de sobrevivência e de progresso é genuíno e é também o modelo mais eficiente do ponto de vista dos resultados que obtém em prol do bem comum. Não pode nem deve ser julgado do ponto de vista da ética. Acho eu. Misturar o coração com a vontade de comer, que é o que o socialismo tenta torpemente, é perigoso.
Foi o nobel Milton Friedman quem disse que a única responsabilidade das empresas é obter lucro. Procurar o rendimento mais elevado possível. Ganhar dinheiro. Quando o fazem, quando têm êxito, é porque estão a prestar o maior serviço possível à sociedade, que é o de satisfazer a procura do consumidor com a melhor qualidade e ao melhor preço possível, proporcionando ao mesmo tempo os dividendos acertados aos acionistas. A chamada responsabilidade social ou capitalismo responsável é uma invenção dos socialistas que habitam o mundo empresarial, de todos os partidos, como diria Hayek. Os mais descarados só aceitam o sistema contra a sua vontade, porque não têm outro remédio - dada a comparação de resultados com os modelos coletivistas - mas tentam miná-lo constantemente. Há outros que, pelo seu lado, têm má consciência pelo simples facto de ganharem dinheiro licitamente num mercado aberto e competitivo. Estes últimos são o caldo de cultura desta nova área de negócio que se criou assente na base de persuadir os empresários de que para que sejam aceites socialmente têm de fazer obras de caridade. Mas isto é uma estupidez que não serve para mais nada do que para dar trabalho a estes novos parasitas e pregadores da suposta justiça social.
Que eu saiba, a filantropia existe desde o começo da história. As empresas desenvolvem-se numa determinada sociedade e são dirigidas por pessoas honestas que não se despreocupam com o destino dos seus próximos. É por essa razão que a maior parte dos melhores hospitais dos Estados Unidos ou do Reino Unido, assim como as principais universidades, são o resultado da beneficência e do apoio de grandes magnatas e empresários preocupados com o bem-estar comum. Alguns dirão que este tipo de instituições são inacessíveis para a maioria, mas isso também não é verdade. O fundamento do capitalismo é a igualdade de oportunidades; que ninguém fique fora do circuito por falta de oportunidades; que nenhum bom talento fique desaproveitado. Uma grande quantidade de empresas e de filantropos dedicam-se a isso de maneira voluntária: não precisam da coerção do Estado, que desvirtuaria o seu bom propósito. O que nós, que acreditamos no capitalismo, não queremos, ao contrário dos socialistas, é uma legião de desocupados que podendo viver pelos seus próprios meios desfrutem de um sistema que os convida a fazê-lo à custa dos demais. Bill Gates e a mulher têm uma fundação que dedica muito dinheiro a ajudar as pessoas mais necessitadas em África, mas a autêntica contribuição dos Gates para o progresso da humanidade foi inventar a Microsoft, tal como Steve Jobs fez com a Apple. Os dois, e muitos outros, multiplicaram a produtividade do sistema e tornaram possível a milhares de pessoas de países subdesenvolvidos terem uma comunicação global. Descobriram uma procura latente que acelerou vertiginosamente a inovação e a mudança intrínsecas ao modelo capitalista.
Outra maneira de desmascarar um socialista é quando aquele que nos interpela, como alguns dos meus amigos, diz que o sistema económico deve ser solidário e justo. E que a Europa não o é. Por exemplo, há quem reprove que a Alemanha tenha um grande superavit da balança corrente e lhe exija que ponha em marcha um plano para dinamizar a sua procura interna. Este é outro caso de um argumento insólito e pueril. O superavit corrente é, na sua maior parte, o resultado de umas exportações que superam as importações, o que reflete cabalmente a competitividade de um país. Vender para fora com êxito os produtos nacionais, dada a luta feroz pela conquista de mercado num mundo globalizado, é algo tremendamente complicado. Uma proeza. Sobretudo para um país desenvolvido como a Alemanha, onde os custos laborais são elevados. Em conclusão: como se pode penalizar um país que está a sair-se bem instigando-o a que se junto à mediocridade reinante?
Os socialistas também têm uma confiança cega nas políticas monetárias expansivas. Mas estão novamente equivocados. Estas podem surtir efeitos benéficos a curto prazo, mas implicam enormes contraindicações. Convidam a depreciar o cálculo do risco que deve acompanhar qualquer investimento, fomentam as bolhas de ativos e dissuadem os governos e os agentes privados de adotar as reformas oportunas para assegurar a sustentabilidade da economia e das empresas a médio e longo prazo. Muito dinheiro barato durante demasiado tempo é o caminho mais direto para empreender em investimentos errados e alimentar uma futura crise.
Os socialistas declarados, e alguns dos meus amigos que não o são mas que falam da mesma forma que eles no sentido de que o capitalismo deve ser justo, que deve ser solidário, que deve ser redistributivo e que, desde logo, há que manter e, inclusive, ampliar o Estado de bem-estar e conservar o modelo social europeu - que é precisamente o que nos está a levar a uma catástrofe financeira e à perversão da mentalidade dos nossos filhos, que se transformaram em viciados do apoio público -, só dizem disparates. No melhor dos casos, o dos meus amigos, têm má consciência pelo simples facto de serem bem-sucedidos. Mas não será isto simplesmente abominável? Nas sociedades normais, o êxito deveria ser considerado a consequência da virtude. Há já bastante tempo que o protestantismo nos ensinou isso. Será que faz sentido que alguém se considere culpado pelo mero facto de ganhar muito dinheiro?
por MIGUEL ANGEL BELLOSO
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