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Hoje são eles, amanhã poderemos ser nós
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Hoje são eles, amanhã poderemos ser nós
É muito simples acolher alguém quando tal não nos causa incómodo, despesa ou receio. Difícil mesmo é fazê-lo abdicando de algo, quanto mais não seja da nossa tranquilidade.
A vinda de centenas de milhar de refugiados dos conflitos do Norte de África e no Médio Oriente trouxe à luz do dia o melhor e o pior dos europeus. Se uns levantam muros, outros abrem as portas a quem precisa. E neste particular, os alemães estão a dar uma lição de Humanidade ao resto do mundo. Setenta anos depois, os comboios seguem para a Alemanha e não na direcção oposta.
E desta vez são comboios de salvação e não de morte.
Porém, mesmo na Alemanha há quem critique o acolhimento dos refugiados. Lá como aqui, muitos dos que se manifestam contra a vinda de refugiados para a Europa julgam-se os únicos a darem-se contra dos riscos, perigos e incómodos causados pela chegada de multidões de famintos às nossas fronteiras. E consideram tontos ou ingénuos aqueles que defendem uma política de portas abertas para quem nos pede santuário para escapar à guerra, à barbáriee à miséria.
Recuemos no tempo. Durante décadas, muitos europeus conviveram bem com a existência de ditaduras ferozes no Norte de África e no Médio Oriente, porque a manutenção desses regimes cruéis lhes garantia uma vidinha certa e sossegada.
Possibilitava-lhes, além disso, uma confortável posição de superioridade moral: durante longos anos, foi politicamente correcto apontar o dedo ao apoio das potências ocidentais a déspotas como Ben Ali, Al Assad, Mubarak ou Khadafi.
Mas eis que, quando finalmentea Europa e os Estados Unidos decidiram puxar o tapete a esses ditadores árabes, muitos dos que antes criticavam o apoio ocidental aos déspotas passaram a criticar a sua deposição forçada. Afinal, é muito fácil conviver com o sofrimento alheio, sobretudo quando não temos de o ver diariamente: aqueles povos eram oprimidos e massacrados, mas estavam lá longe, literalmente presos nas terras deles. E como reza o ditado, longe da vista, longe do coração.
Só que isto, além de injusto, não é solução. E o problema viria bater-nos à porta mais ano menos ano. Era inevitável, porque aqueles regimes não iriam durar para sempre.
Não sejamos ingénuos: a vinda de tantos milhares de refugiados coloca enormes desafios à Europa. Acolher estas pessoas vai custar muito dinheiro e deverá agravar as tensões sociais, culturais e religiosas que já existem em alguns países europeus.
Algunsdos refugiados serão mesmo lobos escondidos entre as ovelhas. Outros poderão vir um dia a engrossar as fileiras do Islão radical. Mas ao contrário de quem coloca a sua vidinha sossegada acima de tudo o resto, saibamos distinguiro que é realmente importante nesta altura: salvar vidas. Se um homem estáa afogar-se, vamos perguntar-lhe no que acredita antes de lhe estender o braço?
Ajudemos estas pessoas com regras e de forma ordeira, sim senhor. Mas façamos algo. E saibamos acolhê-las não porque a Europa tem (alegadamente) culpas no cartório,ou porque a sua vinda ajuda a resolver a crise demográfica e precisamos de mão-de-obra barata. Antes de quaisquer outras considerações, ajudemo-los porque são seres humanos. Hoje são eles, amanhã poderemos ser nós.
A "Europa" é isto. E como disse Angela Merkel, ser cristão também é isto. É fácil ser generoso partilhando apenas o que não nos faz falta. E é muito simples acolher alguém quando tal não nos causa incómodo, despesa ou receio. Difícil mesmo é fazê-lo abdicando de algo, quanto mais não seja da nossa tranquilidade.
Essa é a verdadeira medida da generosidade.
00:05 h
Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
Económico
A vinda de centenas de milhar de refugiados dos conflitos do Norte de África e no Médio Oriente trouxe à luz do dia o melhor e o pior dos europeus. Se uns levantam muros, outros abrem as portas a quem precisa. E neste particular, os alemães estão a dar uma lição de Humanidade ao resto do mundo. Setenta anos depois, os comboios seguem para a Alemanha e não na direcção oposta.
E desta vez são comboios de salvação e não de morte.
Porém, mesmo na Alemanha há quem critique o acolhimento dos refugiados. Lá como aqui, muitos dos que se manifestam contra a vinda de refugiados para a Europa julgam-se os únicos a darem-se contra dos riscos, perigos e incómodos causados pela chegada de multidões de famintos às nossas fronteiras. E consideram tontos ou ingénuos aqueles que defendem uma política de portas abertas para quem nos pede santuário para escapar à guerra, à barbáriee à miséria.
Recuemos no tempo. Durante décadas, muitos europeus conviveram bem com a existência de ditaduras ferozes no Norte de África e no Médio Oriente, porque a manutenção desses regimes cruéis lhes garantia uma vidinha certa e sossegada.
Possibilitava-lhes, além disso, uma confortável posição de superioridade moral: durante longos anos, foi politicamente correcto apontar o dedo ao apoio das potências ocidentais a déspotas como Ben Ali, Al Assad, Mubarak ou Khadafi.
Mas eis que, quando finalmentea Europa e os Estados Unidos decidiram puxar o tapete a esses ditadores árabes, muitos dos que antes criticavam o apoio ocidental aos déspotas passaram a criticar a sua deposição forçada. Afinal, é muito fácil conviver com o sofrimento alheio, sobretudo quando não temos de o ver diariamente: aqueles povos eram oprimidos e massacrados, mas estavam lá longe, literalmente presos nas terras deles. E como reza o ditado, longe da vista, longe do coração.
Só que isto, além de injusto, não é solução. E o problema viria bater-nos à porta mais ano menos ano. Era inevitável, porque aqueles regimes não iriam durar para sempre.
Não sejamos ingénuos: a vinda de tantos milhares de refugiados coloca enormes desafios à Europa. Acolher estas pessoas vai custar muito dinheiro e deverá agravar as tensões sociais, culturais e religiosas que já existem em alguns países europeus.
Algunsdos refugiados serão mesmo lobos escondidos entre as ovelhas. Outros poderão vir um dia a engrossar as fileiras do Islão radical. Mas ao contrário de quem coloca a sua vidinha sossegada acima de tudo o resto, saibamos distinguiro que é realmente importante nesta altura: salvar vidas. Se um homem estáa afogar-se, vamos perguntar-lhe no que acredita antes de lhe estender o braço?
Ajudemos estas pessoas com regras e de forma ordeira, sim senhor. Mas façamos algo. E saibamos acolhê-las não porque a Europa tem (alegadamente) culpas no cartório,ou porque a sua vinda ajuda a resolver a crise demográfica e precisamos de mão-de-obra barata. Antes de quaisquer outras considerações, ajudemo-los porque são seres humanos. Hoje são eles, amanhã poderemos ser nós.
A "Europa" é isto. E como disse Angela Merkel, ser cristão também é isto. É fácil ser generoso partilhando apenas o que não nos faz falta. E é muito simples acolher alguém quando tal não nos causa incómodo, despesa ou receio. Difícil mesmo é fazê-lo abdicando de algo, quanto mais não seja da nossa tranquilidade.
Essa é a verdadeira medida da generosidade.
00:05 h
Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
Económico
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